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É médica e vice-presidente da MedSênior

O papel do médico em um país que envelhece

Em uma sociedade que envelhece rapidamente, o papel do médico vai além do tratamento: é promover saúde, prevenir doenças e garantir qualidade de vida em todas as idades

  • Priscila Valentim É médica e vice-presidente da MedSênior
Publicado em 18/10/2025 às 05h00

Vivemos um importante momento de transformação da sociedade brasileira. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), já somos a sexta nação com o maior número de idosos no mundo. Em um prazo de 45 anos, esse número será ainda mais expressivo: estima-se que os brasileiros com mais de 60 anos representem 38% da população do País.

A velocidade da mudança em nossa pirâmide etária é uma realidade e um convite a pensar sobre se – e como – temos nos preparado para receber este novo mundo, cheio de riquezas, mas também de desafios. A pergunta vale para governos, mas também para empresas, entidades, famílias, cidadãos em geral e, para nós, médicos, gerando uma reflexão importante neste 18 de outubro, dia que nos é dedicado.

Cuidado paliativo, paciente, tratamento médico, apoio emocional
Médico cuidando do paciente. Crédito: Shutterstock

Temos um papel crucial neste novo contexto, levando em conta que não queremos que nossos pacientes apenas vivam mais, mas também que vivam melhor. Isso implica mudanças de paradigmas, onde os profissionais e os serviços de saúde deixam de ser apenas responsáveis pelo tratamento de doenças, para cada vez mais atuarem proativamente em prol da cultura da prevenção e da promoção da saúde.

Um trabalho em que são imprescindíveis geriatras e gerontologistas, mas que não se restringe a eles, envolvendo todos os profissionais que escolhem a Medicina como carreira e missão.

Afinal, a chance de viver mais e melhor é diretamente proporcional à antecipação dos cuidados com a saúde, que devem começar ainda na infância, lugar propício para estimular a adoção de hábitos saudáveis que perdurem ao longo de toda uma vida, como a alimentação adequada, a prática de atividade físicas, a sociabilidade e o equilíbrio nas escolhas do dia a dia.

Assim, ao chegar ao geriatra – especialista fundamental na coordenação de cuidados, avaliação e acompanhamento do idoso -, o paciente terá, de fato, mais condições de viver o envelhecimento de forma digna e feliz, com o suporte a que tem direito e que vier a precisar.

E, nesse sentido, outro ponto importante, que vale para além de qualquer especialidade, é agir cada vez mais em prol de um olhar ampliado sobre o indivíduo, que é único quando entendido em sua história, especificidades, limitações e potencialidades. Isso nos diferencia como profissionais e faz valer o Juramento de Hipócrates que proferimos, colocando a saúde e bem-estar do nosso paciente em primeiro lugar.

Não se trata aqui de colocar o médico em um lugar de cobrança e de inferir mais responsabilidades e desafios do que ele já tem em seu dia a dia profissional. Mas, sim, de trazer à pauta um tema que nos afeta a todos, individual e coletivamente. Afinal, é sempre no presente que se faz o futuro e, como médica e gestora de saúde, tenho a convicção de que é esse o melhor caminho para garantir o bem envelhecer, a efetividade de nossa profissão e a sustentabilidade dos negócios na área de saúde.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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