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É médico e diretor do MIL, Laboratório de Inovação da MedSênior

Não somos mais tão jovens e não temos todo o tempo do mundo

Se todos querem viver mais e melhor, o que precisamos fazer enquanto indivíduos, famílias, sociedade, empresas e governos, de forma a garantir que os anos a mais venham acompanhados de bem-estar e qualidade?

  • Thiago Maia É médico e diretor do MIL, Laboratório de Inovação da MedSênior
Publicado em 29/12/2023 às 14h00

Na década de 80, Renato Russo e a banda Legião Urbana lançavam uma de suas icônicas canções, batizada de "Tempo Perdido", para falar sobre a forma como utilizamos – ou desperdiçamos - nosso tempo, sobre o valor e a brevidade da vida, sobre a ilusão da “eterna juventude” e sobre o que importa realmente.

Frases da canção ecoaram e ainda ecoam, à revelia da passagem do tempo, em mentes, corações e vozes de gente de diferentes gerações, levando a obra a eternizar a vida, infelizmente, tão breve de seu criador.

Mas, para além de questões existenciais, a música também nos permite uma reflexão igualmente atual sobre uma mudança significativa que experimentamos enquanto sociedade. Não somos mais tão jovens, como na década de 80.

Nossa população hoje passa por um processo de envelhecimento, que muda nossa pirâmide etária, exige novas reflexões e traz desafios de diversas ordens, alguns deles bem práticos.

Não somos mais tão jovens e ser uma sociedade mais longeva exige de nós repensar, com seriedade e urgência, questões como aposentadoria, finanças, acessibilidade, mobilidade, qualidade de vida, assistência e saúde.

Afinal, queremos apenas viver mais ou queremos também viver melhor? Se a resposta é óbvia – todos querem viver mais e melhor -, o que precisamos fazer enquanto indivíduos, famílias, sociedade, empresas e governos, de forma a garantir que os anos a mais venham acompanhados de bem-estar e qualidade?

Um dos principais pontos é olhar a saúde e a assistência por outro ângulo, a partir da prevenção e não apenas do tratamento de uma doença já instalada.

É a aplicação prática do velho ditado que diz que prevenir é sempre melhor do que remediar como único caminho possível para o envelhecimento saudável. O caminho que conseguirá permitir que o aumento da longevidade não seja sinônimo de uma sobrevida repleta de limitações e, ao mesmo tempo, capaz de viabilizar a sustentabilidade de serviços de saúde a curto, médio e longo prazo nas áreas privada e pública.

Não somos mais tão jovens e isso também exige de nós usar a inovação e o potencial da tecnologia para melhorar a cultura do cuidado, da assistência, da usabilidade das ferramentas disponíveis e da acessibilidade, fortalecendo e viabilizando a saúde preventiva na prática, no dia a dia do idoso. Monitorar e controlar a glicemia, por exemplo, de forma mais prática, rápida e indolor permitirá uma vida mais saudável, longe dos efeitos tão danosos da diabetes na saúde ocular, renal e cardiovascular.

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Maturidade e juventude. Crédito: Shutterstock

Não somos mais tão jovens e isso exige de nós repensar questões relacionadas à mobilidade – será que todos os deslocamentos são realmente necessários ou é possível ampliar a oferta de serviços em domicílio, inclusive na área de saúde? Fazer um exame de sangue, quando solicitado pelo médico, sem precisar sair de casa torna mais confortável, tranquilo e eficaz o acompanhamento de importantes indicadores de saúde.

Não somos mais tão jovens e isso exige de nós pensar nas dimensões econômicas do envelhecimento, das finanças pessoais ao empreendedorismo necessário para atender as demandas dessa população que envelhece. Que serviços temos hoje sendo oferecidos para esse público? O que falta oferecer? Mapear e discutir caminhos e oportunidades é um compromisso com o bem envelhecer, que é o nosso propósito enquanto empresa que tem como foco a assistência à pessoa idosa.

Enfim, se sabemos que não somos mais tão jovens, se não temos todo o tempo do mundo, cabe a nós, como indivíduos e organizações, criar formas de utilizar esse tempo que se amplia em número de anos para viver melhor. É nesse sentido que temos caminhado, é nesse sentido que acreditamos que cada um de nós, individual e principalmente coletivamente, deve seguir. Não temos tempo a perder. Mãos à obra.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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