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É presidente da ONG Instituto Oportunidade Brasil

Letramento racial é ferramenta de inclusão e de combate ao preconceito

Esse processo de desconstrução envolve uma análise crítica das estruturas e sistemas que perpetuam a desigualdade racial, bem como uma reflexão sobre como essas ideias influenciam nossas próprias percepções e ações

  • Verônica Lopes de Jesus É presidente da ONG Instituto Oportunidade Brasil
Publicado em 19/02/2024 às 12h23

Você já deve ter ouvido falar em letramento racial. Nos últimos tempos, muito tem sido discutido sobre a sua importância. Mas você sabe o que isso significa? Ou compreende por que deveria saber?

O conceito de letramento racial foi criado pela socióloga americana France Winddance Twine em 2003, sendo a primeira tradução para o português atribuída à psicóloga Lia Vainer Schuman.

Lia Schuman, também pesquisadora, afirma que o letramento racial está intrinsecamente ligado à necessidade de desfazer padrões de pensamentos e comportamentos internalizados como normais, especialmente aqueles que reforçam preconceitos e estereótipos raciais.

Assim como o letramento tradicional envolve habilidades de leitura e escrita, o letramento racial implica compreender as complexas dinâmicas sociais, históricas e culturais que influenciam as experiências raciais das pessoas e comunidades.

Quando discutimos questões raciais é essencial apoiar nossos argumentos com informações. Por exemplo, no Brasil, de acordo com o IBGE, cerca de 56% da população se autodeclara negra (pretos e pardos). Nesse contexto, é difícil explicar a sub-representação de negros em profissões de prestígio, tais como: engenharia, medicina e direito (juízes/desembargadores). A população negra é uma maioria que é minoria em vários segmentos.

Precisamos questionar e desfazer padrões de pensamentos e comportamentos que são internalizados como normais ou inevitáveis. Isso inclui examinar e desafiar as noções preconcebidas, estereótipos e preconceitos que foram socialmente construídos ao longo dos tempos.

Esse processo de desconstrução envolve uma análise crítica das estruturas e sistemas que perpetuam a desigualdade racial, bem como uma reflexão sobre como essas ideias influenciam nossas próprias percepções e ações.

A ausência de letramento racial pode acarretar diversos desafios e implicações nas interações sociais e na vida cotidiana. Entre essas implicações estão a perpetuação de estereótipos e preconceitos, dificuldade em reconhecer manifestações de racismo, falta de empatia para compreender perspectivas raciais diversas e obstáculos na promoção da justiça social.

Racismo/Agência Brasil
Crédito: Marcello Casal/Agência Brasil

Além disso, a falta de conhecimento pode ter impactos tanto pessoais quanto profissionais, incluindo dificuldade em lidar com a diversidade no ambiente de trabalho e conflitos inter-raciais. A falta de letramento pode ser um limitador na habilidade de compreender, identificar e enfrentar questões étnico-raciais, contribuindo para um ambiente social menos justo e inclusivo.

Para aprender sobre letramento racial, as pessoas podem consultar livros e artigos de especialistas no assunto, participar de palestras, assistir a documentários e filmes, juntar-se a grupos de discussão, colaborar com organizações dedicadas ao tema, refletir sobre suas próprias experiências e buscar informações online de fontes confiáveis.

Ao se comprometer com estratégias de forma consistente e contínua, você poderá expandir seu entendimento sobre letramento racial e contribuir para um diálogo mais inclusivo sobre questões raciais.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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