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Publicado em 22 de janeiro de 2024 às 15:46
A jovem Cassiana Isa Breda, de 19 anos, e duas adolescentes vão responder na Justiça por crime e ato infracional de preconceito de raça ou de cor. As três foram autoras de um vídeo com comentários racistas que circula nas redes sociais – e cuja repercussão se tornou nacional.>
A denúncia do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da 2ª Promotoria de Justiça Criminal Linhares, contra Cassiana já foi aceita pela Justiça estadual. No documento é apontado que houve crimes de racismo e corrupção de menores, por ela ter feito, ao lado de duas adolescentes, afirmações preconceituosas em relação à raça e cor de outra pessoa, em um aplicativo de celular. >
Também foi oferecida, pela 2ª Promotoria de Justiça da Infância e Juventude de Linhares, representação, que ainda está sendo avaliada pela Justiça estadual, contra as duas adolescentes de 16 e 17 anos, por praticarem ato infracional análogo ao crime de racismo. >
Além da prática do crime de racismo, é dito na denúncia contra Cassiana que ela corrompeu/facilitou as adolescentes de 16 e 17 anos. O MPES pediu que ela seja condenada pelos crimes descritos e que seja fixada uma multa para reparação dos danos materiais e morais. >
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Já as adolescentes, segundo a representação apresentada pelo MPES, junto com Cassiana, no vídeo, faziam chacota da situação, com destaque para os momentos em que diziam, em tom pejorativo, a palavra “preto”.>
Desta forma, é apontado que elas desclassificavam não apenas a pessoa a qual elas se referiam, o que já é um fato considerado gravíssimo, mas todas as pessoas pretas.>
Os crimes apontados na denúncia foram praticados no início do mês de janeiro deste ano, no município de Linhares, Norte do Estado. A jovem e as adolescentes publicaram em uma rede social um vídeo no contexto de uma “trend”, parecida com uma brincadeira praticada pelos usuários da rede social.>
Foi apontado que as três jovens “a todo momento riam e faziam chacota da situação, quando diziam, de forma pejorativa, a palavra ‘preto’, desclassificando não apenas a pessoa a qual elas se referiam, mas todas as pessoas pretas, desmerecendo em específico a raça, inserindo pessoas de cor preta em posição de inferioridade em decorrência da cor”, conforme destaca nota do MPES.>
A brincadeira feita pelas três era parecida com o "eu nunca?", mas "atacando" umas as outras com histórias pessoais, que envolviam relacionamentos, amizades, entre outros temas. Quando era "atacada", a pessoa precisaria se defender. E foi nesse contexto que as supostas ofensas surgiram. No vídeo acima os rostos das jovens foram borrados e as vozes distorcidas porque há duas menores e o processo tramita em sigilo.>
X.
É dito por uma das jovensElas tecem comentários como: "Pelo menos eu não sou 'best' (termo para melhor amiga em inglês) de um desquerido que ainda é preto, e que na primeira oportunidade não me deu carona, para dar para uma feia"; "Pelo menos eu não tenho que dar satisfação para um menino preto"; "Essa amizade com preto não vale nada, não".>
O advogado Antonio José de Mendonça Júnior, que faz a defesa de Cassiana e de uma das adolescentes, informou que, como foi decretado segredo de Justiça ao processo, não poderá se manifestar. “Vamos aguardar a citação para apresentar a resposta da acusação, no prazo legal”, acrescentou.>
A Gazeta ainda tenta contato com o advogado de defesa da terceira adolescente, e quando isto ocorrer, este texto será atualizado.>
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