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É jornalista e editor-chefe da TV Gazeta, do G1-ES e do GloboEsporte.com

Hoje é dia de festa para a democracia, mas não podemos baixar a guarda!

No dia 7 de junho celebra-se o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa. Sem imprensa livre, nossas instituições viram feudos de interesses privados ou corporativos. O desafio da vigilância é enorme, mas vale a pena

  • Bruno Dalvi É jornalista e editor-chefe da TV Gazeta, do G1-ES e do GloboEsporte.com
Publicado em 07/06/2021 às 14h57
Imprensa livre e liberdade de expressão são pilares democráticos
Imprensa livre e liberdade de expressão são pilares democráticos. Crédito: Freepik

Num momento em que uma minoria ruidosa flerta com atos que desestabilizam a democracia brasileira, hoje é um dia importante para o nosso país. Celebramos o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa. Liberdade que permite a todo cidadão ser informado, sem censura, e fazer suas escolhas livremente. Liberdade que permite a veículos profissionais de imprensa noticiar fatos que muitos querem esconder, e que precisam de luz.

Desde a redemocratização do país, a imprensa deu visibilidade ao trabalho de autoridades investigativas e colaborou com a construção da democracia. Quem não se lembra dos Anões do Orçamento, do escândalo do Banestado, do Mensalão em muitos partidos, do Petrolão, de Carlinhos Cachoeira, do cartel do metrô de São Paulo, da Máfia dos Sanguessugas, da Lava Jato, das rachadinhas em Legislativos, de dois presidentes da República depostos por crime de responsabilidade? 

E na maior crise sanitária do século, a imprensa precisou se unir num consórcio para contar as vítimas da Covid que o governo federal queria esconder, ao mesmo tempo em que denunciava irresponsabilidades e incompetências no combate à pandemia que já matou quase 500 mil pessoas. Muitas delas poderiam estar vivas se a vacina fosse tratada como prioridade e não como mercadoria política, como também revelou a imprensa.

No Espírito Santo, a imprensa lançou luz sobre o crime organizado infiltrado nas instituições, revelou os escândalos da Era Gratz, a queda de um governo tomado pela corrupção, a venda de sentenças no Tribunal de Justiça, os privilégios recebidos por servidores públicos, os desvios de dinheiro que deveria ser destinado a melhorar a vida do povo.

Este 7 de junho nos lembra de que a imprensa tem o direito e o dever de manter os cidadãos informados. Mas ser livre não quer dizer desrespeitar a liberdade dos outros. Por isso a imprensa tem o direito de liberdade, e também uma obrigação com a ética, a apuração correta, o amplo direito ao contraditório.

Podemos errar, e erramos. E devemos ter sempre a obrigação e a humildade de reconhecer nossos erros e nos desculpar. Nossas publicações nem sempre agradam a todos. Da mesma forma que a sua opinião pode desagradar alguém. É justamente aí que reside o maior benefício da vida numa democracia: o direito à livre opinião.

O Dia Nacional da Liberdade de Imprensa foi criado em 7 de junho de 1977, depois que um grupo de jornalistas assinou um manifesto. Eles pediam o fim da censura e exigiam uma imprensa livre no Brasil, sem que a prisão, a tortura e a morte fizessem parte da vida de repórteres.

O manifesto saiu um ano e meio depois que o diretor da TV Cultura, Vladimir Herzog, foi assassinado nos porões da ditadura por agentes do governo. Hoje, 44 anos depois do manifesto que deu origem ao Dia da Liberdade de Imprensa, devemos lembrar que democracia e imprensa livre andam juntas. Uma não vive sem a outra.

Já diz o lema do Washington Post: A democracia morre quando há escuridão! Dito isso, é dever de todo cidadão lutar pela liberdade de imprensa, porque é o próprio cidadão o maior beneficiado de viver num ambiente livre de censura. Sem imprensa livre, as nossas instituições viram feudos de interesses privados ou corporativos. O desafio da vigilância é enorme. A nossa responsabilidade, também. Mas vale a pena.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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