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É advogado eleitoral

Eleições 2024: o que muda após resoluções aprovadas pelo TSE

Elas refletem um compromisso renovado com a equidade de gênero na política. Há também foco incisivo no combate à desinformação e às fake news, impulsionado pelo uso ilegal da inteligência artificial

  • Rafael Teixeira É advogado eleitoral
Publicado em 06/03/2024 às 13h26

As recentes deliberações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), realizadas em sua última sessão, prometem redefinir o cenário das eleições municipais de 2024. Aprovadas no último dia 27, as 12 resoluções representam um marco significativo rumo ao avanço tecnológico e à promoção da equidade de gênero no processo eleitoral brasileiro.

Essas mudanças, em breve disponíveis no Portal do TSE e publicadas no Diário de Justiça Eletrônico, não apenas fornecerão diretrizes claras para candidatos, partidos políticos, eleitores e eleitoras, mas também sinalizam uma nova era nas práticas democráticas do país.

Um dos destaques mais significativos é o foco incisivo no combate à desinformação e às fake news, impulsionado pelo uso ilegal da inteligência artificial. O TSE, reconhecendo o impacto devastador que a disseminação de informações falsas pode ter na legitimidade das eleições, adotou medidas proativas para mitigar esse problema. Ao regulamentar o uso responsável da tecnologia, o TSE não só protege a integridade do processo eleitoral, mas também fortalece a confiança dos eleitores na democracia.

Além disso, as resoluções aprovadas refletem um compromisso renovado com a equidade de gênero na política. Ao exigir que as listas apresentadas por federações e partidos políticos contenham ao menos uma pessoa de cada gênero, o TSE promove maior inclusão e diversidade na esfera política. Essa medida não apenas reconhece a importância da representatividade, mas também cria oportunidades para que mulheres e outras pessoas sub-representadas participem ativamente do processo político.

Outro aspecto inovador das medidas do TSE é a regulamentação da propaganda eleitoral no ambiente digital. Permitir que artistas e influenciadores divulguem posicionamentos políticos voluntários em suas atividades, desde que de forma transparente e sem o uso de deepfakes e chatbots, representa uma adaptação às novas dinâmicas de comunicação e engajamento político. Isso não apenas amplia o alcance da mensagem política, mas também fortalece os laços entre os eleitores e os candidatos.

Além disso, as novas medidas visam aumentar a transparência e a segurança no processo eleitoral. A realização do teste de integridade com biometria em todas as capitais é um exemplo claro desse compromisso, demonstrando o uso eficaz da tecnologia para fortalecer a confiabilidade do sistema de votação eletrônico.

Além disso, as resoluções do TSE também promovem uma maior accountability e controle social sobre o financiamento das eleições. A abertura de contas específicas para o financiamento de candidaturas femininas e negras, juntamente com a divulgação detalhada dos gastos de campanha, são passos importantes na direção de um processo eleitoral mais transparente e responsável.

Outra novidade é a resolução que trata de ilícitos eleitorais de forma permanente, extensível a outras eleições. Entre os ilícitos estão: fraude à cota de gênero, uso abusivo de aplicativos de mensagens, limites para o uso de prédios públicos para lives eleitorais e assédio eleitoral no trabalho.

Alexandre de Moraes, presidente do TSE
Alexandre de Moraes, presidente do TSE. Crédito: Alejandro Zambrana/TSE

Por fim, é importante ressaltar que as “lives eleitorais” serão consideradas atos de campanha, passíveis de fiscalização e repressão pela Justiça Eleitoral.

Em suma, as medidas adotadas pelo TSE para as eleições de 2024 representam um marco na história democrática do Brasil. Ao abraçar o avanço tecnológico e promover a equidade de gênero, o TSE está pavimentando o caminho para um processo eleitoral mais justo, inclusivo e transparente.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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