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É diretora institucional do Instituto Ideias

Economia prateada: pelo fim da invisibilidade na segunda metade da vida

Produtos e serviços são, em sua grande parte, planejados sem considerar as reais necessidades da população 50+. E políticas públicas ainda operam sob a ótica da dependência, em vez de fomentar a autonomia e o protagonismo

  • Tereza Romero É diretora institucional do Instituto Ideias
Publicado em 13/08/2025 às 14h39

A maturidade tem deixado de ser sinônimo de pausa e passou a ser reconhecida como uma fase de expansão, a chamada geração 50+. É nesse novo tempo que se encontra um público vibrante, ativo e em busca de protagonismo. Homens e mulheres com mais de 50 anos que seguem aprendendo, produzindo, consumindo e influenciando decisões com base em experiência, opinião e consciência social.

Esse é o cenário da economia prateada, termo que se refere ao conjunto de atividades econômicas voltadas para pessoas acima dos 50 anos. Trata-se de um movimento global, em rápido crescimento, que une envelhecimento ativo, consumo consciente e transformação cultural.

Segundo a Organização das Nações Unidas, até 2060 o Brasil terá mais idosos do que jovens. A população com mais de 60 anos deve ultrapassar 30% do total de habitantes. Esse dado evidencia uma mudança estrutural e reforça a necessidade de revisão nas estratégias de mercado, nas políticas públicas e nos modelos de negócios.

Atualmente, essa parcela da população já representa 15% dos brasileiros, conforme o IBGE, e é responsável por cerca de 25% do consumo das famílias. Em nível global, a Oxford Economics projeta que a economia prateada movimentará mais de US$ 15 trilhões anuais até 2030. Esse impacto revela o imenso potencial de um público que permanece, muitas vezes, invisível às marcas e aos formuladores de políticas.

Mesmo diante de números tão expressivos, a maioria das campanhas de comunicação ainda foca exclusivamente a juventude. Produtos e serviços são, em sua grande parte, planejados sem considerar as reais necessidades da população 50+. E políticas públicas ainda operam sob a ótica da dependência, em vez de fomentar a autonomia e o protagonismo.

Contudo, o cenário começa a se transformar. A geração prateada está mais conectada do que nunca: utiliza redes sociais, faz compras online, empreende, participa de cursos e debates. São pessoas que buscam qualidade de vida, experiências significativas e produtos que respeitem sua identidade, sem estereótipos ou rótulos.

casal; consumo; redes sociais; idosos
Consumo pela internet. Crédito: Kampus Production/Pexels

A chamada segunda metade da vida representa uma fase de descobertas, novas escolhas e continuidade ativa. Mulheres que retomam projetos pessoais após os 60. Homens que começam a empreender aos 70. Casais que viajam o mundo depois da aposentadoria. Pessoas maduras que voltam a estudar, mudam de carreira ou se dedicam a causas sociais. Trata-se de uma etapa com liberdade de escolha, responsabilidade financeira e tempo para investir no que realmente importa.

Falar de economia prateada é falar de inteligência estratégica. Ignorar essa realidade significa deixar de dialogar com uma das parcelas mais influentes e estáveis da sociedade contemporânea, uma geração que não quer mais esperar, quer viver. E viver bem.

Quem enxerga esse cenário com sensibilidade, estratégia e respeito não apenas lidera o mercado. Lidera a transformação.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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