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É geriatra e superintendente de Medicina Preventiva da MedSênior

É possível chegar aos 120 anos com saúde?

A questão do movimento é um  hábito comum entre populações que vivem mais,  e vale ressaltar aqui que não se trata do que chamamos de exercício físico, é algo que vai além

  • Roni Mukamal É geriatra e superintendente de Medicina Preventiva da MedSênior
Publicado em 29/04/2024 às 14h28

O envelhecimento populacional e o aumento da expectativa de vida colocam em discussão no universo da saúde uma questão fundamental: é possível alcançar uma existência centenária sem abrir mão da qualidade de vida e do bem-estar?

A resposta vem da própria ciência que há muito se debruça sobre a questão da longevidade e, nos últimos anos, tem cada vez mais nos presenteado com informações embasadas e efetivas sobre como ter uma vida mais longa e plena.

Se o que se quer não é apenas viver mais, mas também viver melhor, é importante olhar atentamente para os estudos realizados junto às populações mais longevas do mundo. São comunidades que vivem nas chamadas Blue Zones (Zonas Azuis), cinco lugares ao redor do mundo que se caracterizam pela presença de um número importante de pessoas centenárias que vivem com saúde.

E um primeiro ponto interessante é que as áreas estão em diferentes países, com distintas características geográficas, climáticas e sociais: na Ilha de Sardenha (Itália), em Loma Linda (Estados Unidos), Ikaria (Grécia), Okinawa (Japão) e Nicoya (Costa Rica), a única delas em um país em desenvolvimento.

O que esses lugares têm em comum está diretamente relacionado aos hábitos das comunidades e seus modos de vida, o que já nos dá um direcionamento. A questão do movimento é um desses hábitos comuns e vale ressaltar aqui que não se trata do que chamamos de exercício físico ou de pessoas que passam uma hora por dia em uma academia (o que, é claro, dentro da nossa realidade, é um bom hábito), mas que, para eles, vai além.

Percebe-se, nesses casos, comunidades que vivem, de fato, uma vida em movimento, seja cultivando jardins ou andando a pé em áreas montanhosas. A dieta, de forma geral, é pautada pelo equilíbrio, com prevalência de verduras e legumes, produção do próprio alimento e menos carne vermelha. Vive-se em comunidade, há laços familiares fortes, a espiritualidade está presente, bem como o colocar-se a serviço do outro, aspectos cientificamente capazes de repercutir positivamente sobre a saúde mental.

Uma outra lição de alguns desses lugares é a medicina e a assistência em saúde entendidos como aliados da prevenção, e não apenas como recursos para serem utilizados quando as doenças já estão instaladas. Estima-se que, em Nicoya, na Costa Rica, as chances de um idoso chegar aos 100 anos é sete vezes maior do que a de um habitante do Japão, país conhecido por ter a maior longevidade do mundo.

Longevidade
Longevidade. Crédito: Shutterstock

E, lá, há programas de saúde focados na prevenção de doenças e no acompanhamento contínuo da comunidade em questão.

Ou seja, talvez estejamos mais próximos de descobrir o que nos garante o tão sonhado “elixir da juventude”. Mas o fato é que ele não tem nada de mágico. Ao contrário, demanda consciência, mudança de hábitos e de paradigmas no âmbito pessoal e social, políticas públicas e o reconhecimento de que a construção do futuro também começa no presente quando o assunto é bem envelhecer. A causa é nobre e vale o esforço.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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