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É sociólogo, mestre e doutorando em Ciências Sociais pela Ufes e subsecretário de Estado de Políticas sobre Drogas

Diagnósticos sobre o uso de drogas vão direcionar ações no ES

O Espírito Santo aposta em soluções baseadas em evidências científicas para a formulação e implementação de políticas públicas em todas as áreas, inclusive na política sobre drogas

  • Carlos Augusto Lopes É sociólogo, mestre e doutorando em Ciências Sociais pela Ufes e subsecretário de Estado de Políticas sobre Drogas
Publicado em 01/06/2023 às 15h55

Ao longo das últimas décadas, passamos por diversas transformações sociais e econômicas. Muitas delas foram possíveis graças às descobertas feitas pela ciência. Pesquisas realizadas por profissionais de diversas áreas culminaram em avanços tanto na saúde quanto na criação e aperfeiçoamento de tecnologias fundamentais no nosso dia a dia.

Apesar disso, nos últimos quatro anos, vivemos um período obscurantista marcado pela relativização do lugar e da importância da ciência. Diversos posicionamentos reacionários e baseados no senso comum tentaram desqualificar o trabalho sério de cientistas das mais diferentes esferas do saber.

E esse negacionismo também atingiu a política nacional sobre drogas. Em 2019, o governo federal censurou uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), intitulada “Terceiro levantamento nacional sobre o uso de drogas pela população brasileira”. O estudo, que entrevistou mais de 16 mil pessoas entre 2014 e 2017, concluiu que não há uma epidemia do consumo de substâncias psicoativas no Brasil, embora reconheça a gravidade do problema.

Entretanto, o então ministro da Cidadania, Osmar Terra, discordou publicamente do resultado do levantamento e até acusou a instituição com renome internacional de ter o viés de liberação de drogas.

Felizmente, nesse mesmo período o Espírito Santo seguiu o caminho contrário e apostou em soluções baseadas em evidências científicas para a formulação e implementação de políticas públicas em todas as áreas, inclusive na política sobre drogas. Exemplo disso é o Programa Estadual de Ações Integradas, conhecido como Rede Abraço, que visa promover o bem-estar e o cuidado a pessoas com problemas decorrentes do uso de drogas, aos seus familiares e à comunidade em geral.

O programa está baseado em quatro eixos: prevenção, cuidado e tratamento, reinserção social e estudos, pesquisa e avaliação. Esse último visa ao desenvolvimento de um olhar minucioso sobre a questão da droga, além da criação de indicadores para monitoramento dos atendimentos realizados pelo programa e a capacitação continuada de lideranças, operadores e servidores da área.

Para atingir esses objetivos, a Rede Abraço firmou parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) a fim de realizar um diagnóstico situacional sobre o uso de drogas no Espírito Santo. Para tanto, estão em curso pesquisas com os seguintes temas: epidemiologia do uso de crack e mortalidade relacionada ao uso de substâncias psicoativas, além do levantamento “Pesquisa Estadual de Saúde do Adolescente Capixaba (Pesc): Uma análise dos Escolares do Ensino Médio”, com condução pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Drogas
Cocaína. Crédito: Divulgação

Soma-se a isso a inclusão da Rede Abraço no Plano Estadual e Monitoramento e Avaliação das Políticas Públicas, coordenado pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), também em parceria com a Fapes.

O intuito é que os resultados dessas pesquisas forneçam informações relevantes sobre a temática das drogas em nosso estado para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de novas políticas públicas para a população em situação de dependência química.

Assim como quando somos acometidos por alguma enfermidade e precisamos ser diagnosticados para receber um remédio adequado, assim também é com as políticas públicas. As pesquisas são fundamentais para um diagnóstico social e econômico correto e a elaboração de soluções apropriadas para determinada problemática.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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