Quando você pensa em cuidados paliativos, o que vem à sua mente? Tenho quase certeza de que a palavra que surgiu em seu imaginário foi “morte”. E a maioria das pessoas também pensa assim. Mas paliar implica aliviar e proteger, e os cuidados paliativos vão muito além da atenção ao fim da vida.
Eles desempenham um papel crucial na prestação de assistência à saúde, fornecendo apoio multidimensional, tanto a adultos quanto crianças, e suas famílias, que enfrentam diversas doenças potencialmente ameaçadoras da vida.
De acordo com a publicação Atlas de Cuidados Paliativos da Aliança Mundial de Cuidados Paliativos e da Organização Mundial de Saúde (OMS), atualmente, 56 milhões de pessoas em todo o mundo necessitam desses cuidados, com 25 milhões delas próximas ao término da vida. Prevê-se que a demanda por esses serviços possa dobrar até 2060.
No Brasil, estima-se que mais de 33 mil crianças e cerca de 590 mil adultos precisem de cuidados paliativos anualmente. Apesar disso, o país ocupa uma posição desfavorável em termos de qualidade de vida final, ficando em antepenúltimo lugar globalmente.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), esses cuidados são eficazes na redução da dor em mais de 90% dos pacientes com câncer, por exemplo, destacando a importância do acesso oportuno a esses serviços.
Apesar das iniciativas locais no Espírito Santo para promover os cuidados paliativos, ainda existem desafios no acesso para todos os pacientes necessitados. As instituições de saúde estão empenhadas em integrar esses cuidados em suas práticas, reconhecendo a relevância de uma abordagem abrangente na assistência a pacientes com doenças graves ou terminais.
A expansão dos cuidados paliativos é uma medida urgente para assegurar que cada pessoa, independentemente do estágio de sua doença, possa viver com dignidade e conforto.
Em dezembro de 2023, o Brasil deu um importante passo rumo à melhoria da qualidade de vida dos pacientes enfrentando doenças graves e ameaçadoras. Durante a 12ª Reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), que conta com representantes do Conselho Nacional de Saúde (CNS), do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), foi aprovada a Política Nacional de Cuidados Paliativos.
Essa iniciativa é um avanço significativo na promoção de uma atuação mais humanizada para pacientes em diferentes estágios de enfermidades graves. Ao estabelecer diretrizes claras e práticas para a prestação de cuidados paliativos, reforça-se o compromisso com uma assistência integral, levando em consideração não apenas o aspecto físico, mas também a esfera psíquica, social e espiritual dos pacientes e de suas famílias.
Recentemente, a Worldwide Hospice Palliative Care Alliance (WHPCA) anunciou o tema do Dia Mundial de Hospices e Cuidados Paliativos para este ano, marcado para 12 de outubro, sob o título “Dez anos desde a Resolução: Como estamos?”.
Apesar dos progressos, persiste um tabu em torno dos cuidados paliativos, o que pode dificultar o acesso das pessoas a esses serviços. É fundamental desmistificar esse assunto e promover uma compreensão mais ampla e inclusiva dos cuidados paliativos. Eles estão disponíveis não apenas para pacientes em estágio terminal, mas para aqueles que enfrentam enfermidades complexas, como insuficiência cardíaca, doença pulmonar crônica, demência avançada, patologias neurológicas degenerativas, sem que necessariamente estejam no fim da vida.
A inclusão dos cuidados paliativos na agenda global de saúde é essencial para garantir que todos tenham acesso a uma assistência digna, independentemente do estágio de sua doença.
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