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É mestre em Administração Estratégica do Setor Público e Privado pela Fucape e um dos fundadores do Projeto Universidade Para Todos

Como nas Diretas Já, defesa da democracia é o que deve nos unir agora

O que nos unifica neste momento, mais que o "Fora Bolsonaro", é a defesa da democracia e do Estado democrático de Direito

  • Roberto Carlos Teles É mestre em Administração Estratégica do Setor Público e Privado pela Fucape e um dos fundadores do Projeto Universidade Para Todos
Publicado em 15/09/2021 às 15h23
Bandeira do Brasil
Bandeira do Brasil: o Brasil real tem problemas urgentes. Crédito: Pixabay

A direita e a extrema-direita brasileira resolveram ressignificar o 7 de Setembro, incitados pelo presidente da República. Foram para as ruas reivindicar democraticamente (percebemos aqui uma contradição por pediram um regime ditatorial) a intervenção militar, mesmo que o governo federal já conta com mais de 6 mil militares ocupando postos em ministérios, autarquias e empresas estatais.

Assim, as ruas das principais cidades brasileiras, na expectativa de um golpe de Estado liderado pelo pior presidente da história contemporânea brasileira, foram ocupadas por bolsonaristas que se vestiram de verde e amarelo. Alguns deles, os mesmos seguidores que se confraternizaram no Rio de Janeiro com Queiroz, ex-foragido da justiça e escondido na casa do advogado da família Bolsonaro.

O Brasil está saindo de uma crise sanitária que ceifou mais de 580 mil vidas, a inflação chega aos dois dígitos e castiga sobretudo a população mais pobre, a taxa de desemprego está em 15% da população economicamente ativa, a gasolina atingiu em algumas cidades o preço recorde dos últimos anos de R$7,00, aumento da miséria e crescimento negativo do PIB.

Mas nada desse Brasil real de um governo desastroso apareceu nas manifestações Bolsonaristas. Podemos dizer que são pessoas que vivem num mundo paralelo ou estão espantosamente muito satisfeitos com a condução do governo federal. Com discurso para animar o “auditório”, o presidente elevou o tom contra ministros do STF. Diversos setores da sociedade brasileira tiveram a oportunidade de verificar o presidente sem filtro e sem papas na língua.

A consequência é que sua turma foi insuflada e já na noite do dia 7 de setembro, caminhoneiros começaram a fechar pontos das BRs em várias unidades da federação. No entanto, a sanha golpista durou pouco, como na quarta-feira de cinzas do carnaval, o “mito” e os seus liderados voltaram ao mundo real, instituições democráticas rechaçaram o discurso golpista e até o mercado - sempre benevolente com governos de direita - reagiram a instabilidade institucional no país.

O resultado é que o presidente foi buscar conselhos do ex-presidente Michel Temer, especialista em golpe e na arte do poder, que literalmente colocou palavras na boca do presidente e produziu um texto lido à nação que, de tão moderado, parecia que o 7 de Setembro não passava de um delírio coletivo.

Em que pese a desconfiança do recuo tático do presidente, a oposição se mexeu rapidamente. Os movimentos MBL e Vem Pra Rua, principais mobilizadores que resultaram no impeachment da presidente Dilma, convocaram manifestações com a estranha bandeira de “nem Lula nem Bolsonaro”, nitidamente uma antecipação do processo eleitoral e o desejo de forjar uma terceira via eleitoral. Penso ser urgente que todas as forças democráticas se unam no fora Bolsonaro.

Não é o momento de anteciparmos as eleições, mas que nos inspiremos no movimento cívico das Diretas Já - que pediu a retomada das eleições diretas nos anos de 1983/84 - fundamental para derrotarmos a ditadura. O que nos unifica neste momento, mais que o "Fora Bolsonaro", é a defesa da democracia e do Estado democrático de Direito.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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