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É jornalista e consultor de comunicação com passagens por TV Globo e Folha de S. Paulo

Campanha de 2022 já começou e atropela quem não se comunica bem

Resultados passados já mostraram que sobrenome, currículo, estrutura partidária e tempo de TV não são mais o bastante. Eleitor quer diálogo, ouvir e ser ouvido para abraçar uma ideia

  • Lucas Rezende É jornalista e consultor de comunicação com passagens por TV Globo e Folha de S. Paulo
Publicado em 19/05/2021 às 14h00
voto com elegância
Para emocionar em 2022, candidatos precisam criar o sentimento no eleitor hoje. Crédito: Shutterstock

Pleito disputadíssimo, com muitos medalhões políticos fora do páreo querendo voltar à planície e outros tantos buscando oxigênio, a campanha de 2022 já começou, terá milhas a mais para os novatos e medianos. Mas, sobretudo, já deixa para trás aqueles que, independente de musculatura eleitoral, não se comunicam bem desde agora.

No afã de transformar seguidores em eleitores, é hora de cravar posicionamentos, manifestações e ideias para, a longo prazo, assegurar uma maior consolidação da postura perante o eleitorado. Não se trata de vestir com tudo a indumentária do pré-candidato, mas de passar o perfume dele.

Resultados passados já mostraram que um bom sobrenome, currículo, estrutura partidária e tempo de TV não são mais o bastante. Ajudam – e muito –, mas é preciso apresentar uma retórica agora para conquistar pilares que levam a um toque no botão verde da urna: emoção e sentimento.

O neurocientista português António Damásio gosta de explicar que a emoção é um programa de ações, portanto, é uma coisa que se desenrola com ações sucessivas. É uma espécie de concerto de ações. Não tem nada a ver com o que se passa na mente, como é o caso do sentimento – um processo intelectual, uma coisa que se percebe, se ouve, que se vê; portanto, leva tempo.

Logo, para emocionar em 2022, é preciso criar o sentimento hoje. O eleitor precisa saber quem são as peças, o que elas pensam e o que se pode esperar delas. Quanto mais cedo ele descobre isso, maiores são as chances de criar um sentimento com aquela ideia. Ele quer diálogo, ouvir e ser ouvido e, com o tempo, criar um sentimento que o leve a abraçar aquela ideia.

Aqui, um porém: de boas intenções, o inferno está cheio. Esse aquecimento não funciona para agentes políticos que fogem de polêmicas, posturas firmes e soluções. Menos cortina de fumaça e mais personalidade. O pré-jogo também tem muitos participantes e é necessário se colocar, confrontar e debater com clareza.

Afinal, política é uma indústria de narrativas e a população clama, sobretudo neste momento de pandemia, por uma narrativa honesta e eficaz.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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