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Aumento das demissões mostra dilema econômico entre capital e trabalho

Já está na hora de o Estado passar a dialogar com todos os setores que fazem a economia girar e entender que alguma coisa está fora de tom, e que talvez seja a exclusão da representação dos trabalhadores no debate

  • Wiler Coelho
Publicado em 28/05/2020 às 12h00
Homem solicita seguro-desemprego em agência do antigo Ministério do Trabalho
Homem solicita seguro-desemprego em agência do antigo Ministério do Trabalho. Crédito: Marcos Fernandez/Arquivo

Ministério da Economia informou no último dia 11 que os pedidos de seguro-desemprego somaram 748.484 em abril, totalizando 2.337.081 pedidos neste ano. É uma alta de 22,1% se comparado a abril de 2019 e em comparação com março, também do ano passado, houve um avanço de 39,4%. O governo estima ainda que haja até 250 mil solicitações do benefício em meio às dificuldades consequentes do isolamento social devido ao surto do novo coronavírus.

Tamanho número de demissões, frente às medidas tomadas pelo governo (férias antecipadas, redução e suspensão do contrato de trabalho, suspensão do pagamento de encargos sociais), propõe à sociedade uma reflexão sobre um relevante questionamento, o eterno dilema entre capital e trabalho, no qual todos têm sua importância.

Não é saudável o governo ver a queda da arrecadação do INSS em face do desemprego ou da informalidade, assim como não é bom para a economia o crescimento do desemprego e, consequentemente, o salto na diminuição do consumo. Também não é favorável para as empresas terem que produzir menos e, com isso, lucrar menos.

Esse cenário assustador em que todos nós nos encontramos provoca dúvidas intrigantes em nossa mente, questões como “por que demitir mesmo quando é possível a suspensão do contrato de trabalho?”, ou “por que demitir quando as empresas que faturam até R$ 4.800.000,00 nada pagariam, sendo o valor pago ao trabalhador custeado 100% pelo Estado?”.

Realmente alguns conceitos precisam ser revisitados e revistos, afinal, o aumento no número de demissões em nada ajudará, a curto, médio ou longo prazo, principalmente neste momento. Já está mais do que na hora de o Estado passar a dialogar com todos os setores que fazem a economia girar e entender que alguma coisa, alguma medida, está fora de tom, e que talvez seja a exclusão da representação dos trabalhadores na hora do debate.

O certo é que a força motora da economia é o trabalho, com a sua consequente contrapartida, o salário, ou seja, não é nada lógico pensarmos em uma reviravolta econômica sem tomar e adotar medidas que realmente efetivem a manutenção dos empregos.

O autor é advogado trabalhista

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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