No final de setembro, uma forte tempestade atingiu a fábrica de motores da Toyota em Porto Feliz, São Paulo. Os ventos, que chegaram a 90 km/h, destelharam parte da unidade, provocaram estragos estruturais e até o capotamento de um veículo. Felizmente, não houve vítimas, mas os danos foram significativos.
Nos dias seguintes, a montadora anunciou que o aguardado lançamento do Yaris Cross sofreria novo atraso. E, em 25 de setembro, a Toyota comunicou a paralisação total de suas operações no Brasil, incluindo as fábricas de Sorocaba e Indaiatuba.
O episódio acendeu um alerta sobre a importância do Plano de Continuidade de Negócios (PCN), ferramenta estratégica que detalha como uma organização deve operar e se recuperar diante de eventos disruptivos, sejam desastres naturais, incidentes cibernéticos ou crises sanitárias.
Um bom PCN prevê:
- Identificação de riscos (internos e externos);
- Estratégias de prevenção e mitigação;
- Plano de recuperação de desastres;
- Plano de comunicação para empregados, fornecedores, clientes e sociedade.
No caso da Toyota, um fator crítico merece destaque: o modelo de produção Just-In-Time (JIT), no qual praticamente não há estoques de componentes. Assim, se a produção de motores é interrompida, toda a linha de montagem precisa parar. E motores não são itens facilmente substituíveis como pneus, para os quais existem fornecedores alternativos, sendo necessário a drenar importações da sua cadeia de suprimentos do Japão, conforme anunciou no último dia 6 de outubro.
Mais do que avaliar fornecedores externos, o PCN deve contemplar riscos dentro do próprio grupo econômico. Afinal, se faltar o motor Toyota ou o câmbio Aisin, não há alternativa imediata. E, no Brasil, a situação se agrava: todos os veículos vendidos utilizam motores flex, cuja produção dificilmente poderia ser transferida de outra planta no exterior.
A Toyota tinha bons motivos para comemorar 2025. O Corolla Cross havia se tornado o SUV mais vendido do país em agosto e a expectativa pelo Yaris Cross era enorme. Mas, em questão de dias, a empresa viu sua operação parar por completo.
Esse episódio ilustra uma tendência que se intensifica: os negócios precisam se preparar para eventos climáticos extremos, rupturas na cadeia produtiva e ameaças que podem vir tanto do mundo digital quanto do ambiente físico.
A tecnologia, nesse contexto, desempenha um papel central no fortalecimento do PCN. Sistemas de monitoramento climático, sensores inteligentes em fábricas, soluções de backup em nuvem e ferramentas de comunicação digital permitem que empresas identifiquem riscos com antecedência, mantenham dados seguros e retomem operações críticas com mais rapidez. Além disso, a digitalização de processos e o uso de inteligência artificial para análise de cenários de risco tornam o PCN mais dinâmico e adaptado às novas ameaças, que vão muito além do ambiente físico e incluem ataques cibernéticos e falhas sistêmicas.
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