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Publicado em 12 de junho de 2025 às 14:22
Mulheres e crianças vítimas de violência doméstica ou de estupro tiveram seus dados expostos em todo o país. São pelo menos 120 pessoas cujos nome, endereço e outras informações pessoais foram divulgados ao público indevidamente em ordens de prisão expedidas contra os suspeitos dos crimes por 19 tribunais de Justiça e inseridas no Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões (BNMP). No Espírito Santo, são seis casos registrados. >
O levantamento foi realizado pelo g1 a partir de um sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e auxílio de inteligência artificial para depurar os dados. Depois, cada um dos casos identificados pela ferramenta foi analisado manualmente. Não foi possível o acesso aos indicadores de São Paulo e Tocantins, mas foram encontrados documentos com dados expostos nos seguintes Estados:>
A advogada criminalista Renata Bravo, especialista em direitos das mulheres, ressalta que a legislação prevê proteção a essas vítimas com o sigilo dos dados. "Quando há uma violação, uma divulgação dessa maneira, partimos do pressuposto que a lei está sendo descumprida." >
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Por outro lado, ela pondera que nem toda violação é intencional, e pode ser resultado da falta de capacitação das pessoas responsáveis pela inserção de dados no sistema judicial. >
Mas, independentemente das circunstâncias, Renata frisa que o problema está na revitimização das mulheres e crianças que já sofreram a violência. Muitas vezes, relatos e denúncias foram feitos sob a perspectiva de proteção, que não se cumpriu. >
"As vítimas têm tanta dificuldade de denunciar casos de violência doméstica e, se sabem que são expostas, vão ficar com medo. A exposição é uma forma de afastá-las. Impede mulheres de buscar ajuda", avalia a especialista. >
O CNJ, em nota para A Gazeta, diz que reconhece a necessidade de salvaguardar a intimidade, a dignidade e a integridade de vítimas e de grupos vulneráveis no âmbito da atividade jurisdicional.>
O conselho diz que os dados divulgados indevidamente foram incluídos no sistema pela autoridade judicial responsável pelo processo. É um campo de livre preenchimento pela autoridade judicial com informações para o cumprimento do mandado.>
"Embora não seja um erro sistêmico, o CNJ reforçará as orientações aos tribunais sobre a necessidade de atenção no preenchimento das informações para evitar exposição indevida de dados. É preciso destacar que erros de procedimentos ou de divulgação de informação podem ser objeto de investigação pela Corregedoria Nacional de Justiça", ressalta.>
A entidade afirma ainda que, ao longo dos anos, tem editado diversos atos normativos, como resoluções, recomendações e portarias, para assegurar que crianças, adolescentes, mulheres vítimas de violência doméstica e outras pessoas em condição de vulnerabilidade não tenham suas informações sensíveis indevidamente expostas nos sistemas judiciais ou em documentos oficiais. >
Entre os atos, o CNJ destaca:>
O conselho sustenta, ainda na nota, que esse conjunto de normas revela o compromisso institucional robusto com a proteção de dados sensíveis e com a preservação da dignidade dos sujeitos mais fragilizados que acessam o sistema de Justiça.>
Procurado pela reportagem de A Gazeta, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) não se manifestou sobre o fato de seis vítimas no Estado terem informações pessoais expostas indevidamente. >
Com informações do g1.>
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