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Pix parcelado é como usar cartão de crédito? Entenda as regras

Pix parcelado é como usar cartão de crédito? Entenda as regras

À espera de regulamentação pelo Banco Central, parcelamento do Pix vai permitir com que mais pessoas tenham acesso a crédito

Publicado em 10 de outubro de 2025 às 11:05

Em novembro, sistema ganhou novas atualizações para maior segurança dos usuários

Desde sua implantação, em 2020, o Pix vem ganhando novas funcionalidades. Uma das próximas novidades do meio de pagamento mais utilizado atualmente no Brasil é o Pix parcelado. A regulamentação, inicialmente prevista para setembro, foi adiada pelo Banco Central para a última semana de outubro.

Embora alguns bancos e instituições financeiras já ofereçam o parcelamento via Pix com tomada de crédito, o Banco Central apresentará, nas próximas semanas, as regras para a funcionalidade.

Segundo o BC, a nova ferramenta permitirá que o usuário tome crédito para parcelar o valor de uma transação, numa operação semelhante à modalidade de parcelamento com juros do cartão de crédito. Já quem estiver recebendo terá acesso ao valor integral de forma instantânea.

Para a autarquia, a funcionalidade tem potencial para estimular o uso do Pix no varejo para a compra de bens e serviços de valor mais elevado, favorecendo quem não tem acesso a esse tipo de operação, como no uso de cartão de crédito, por exemplo.

A expectativa é que essa inovação amplie o acesso ao crédito, especialmente para os cerca de 60 milhões de brasileiros que não possuem cartão, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito (Abecs) e Serviços e do Banco Central.

Na avaliação do economista-chefe do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo (Ibef-ES), Felipe Storch Damasceno, o Pix parcelado chega como uma alternativa prática e acessível para o consumidor que deseja dividir o pagamento de suas compras.

“Diferentemente do cartão de crédito, que depende de limite aprovado, essa modalidade permite que o cliente parcele valores de forma imediata, diretamente pelo saldo em conta. Isso pode beneficiar, principalmente, quem não possui cartão ou enfrenta restrições de crédito”, aponta.

Felipe acrescenta que a agilidade é um ponto forte: a transação acontece na hora, como no Pix tradicional, sem a burocracia de análise de limite. “Além disso, algumas instituições financeiras devem oferecer condições diferenciadas, como parcelamento sem juros em determinadas situações, o que pode ampliar o leque de oportunidades para os consumidores”, afirma.

Já na avaliação de Leonardo Gomes, CEO da fintech capixaba Paytime, o Pix parcelado representa um avanço importante no mercado de crédito, oferecendo ao consumidor uma alternativa para dividir pagamentos de forma prática, sem precisar recorrer exclusivamente ao cartão de crédito.

“Essa modalidade amplia as possibilidades de pagamento, traz mais flexibilidade e pode facilitar o planejamento financeiro pessoal. No entanto, é essencial que cada consumidor avalie cuidadosamente as taxas, condições e os limites definidos por cada instituição, para garantir que a escolha seja adequada ao seu perfil e às necessidades”, observa.

Pix parcelado ameaça o cartão?

Questionado se a nova modalidade a ser liberada pelo BC pode ameaçar o cartão de crédito, o economista-chefe do Ibef-ES, Felipe Storch Damasceno, afirma que o Pix parcelado deve funcionar como um concorrente e ampliará as opções de pagamento no mercado. 

É particularmente atraente para compras menores e situações em que o consumidor não tem limite de crédito disponível. Já o cartão tende a continuar sendo a principal ferramenta para compras de maior valor e parcelamentos longos, especialmente pelo apelo de 'sem juros' oferecido por lojistas

Felipe Storch Damasceno

Economista-chefe do Ibef-ES

Para o economista, o cartão de crédito continua tendo um papel relevante e, dificilmente, será substituído de imediato. Principalmente, segundo ele, porque oferece vantagens competitivas, como a possibilidade de pagar a fatura em até 40 dias sem juros, além dos programas de benefícios bastante difundidos, como milhas, pontos e cashback.

"Também mantém ampla aceitação no comércio físico e eletrônico, nacional e internacional, algo que o Pix parcelado ainda levará tempo para alcançar. No entanto, há uma pressão natural: consumidores que não contam com limite no cartão poderão optar pelo Pix parcelado como uma saída para compras do dia a dia, o que pode reduzir o uso do crédito tradicional em alguns nichos de consumo", lembra.

Aplicativo bancário para pagamento financeiro em Pix
Aplicativo bancário para pagamento financeiro em Pix Crédito: Bruno Peres/ Agência Brasil

Vantagens do Pix parcelado

O CEO da fintech capixaba Paytime, Leonardo Gomes, detalha que, entre as vantagens do Pix parcelado, está o fato de que o recebedor terá acesso imediato ao valor total, enquanto o pagador poderá parcelar a quantia em até 24 vezes, dependendo do banco. Para o consumidor, isso representa mais praticidade e flexibilidade. Para o vendedor, significa receber de forma rápida e segura, sem depender das condições tradicionais das operadoras de cartão.

Já Felipe Damasceno aponta que o Pix parcelado ajuda a ampliar a concorrência no setor financeiro e dá mais autonomia ao consumidor. Para ele, ao oferecer uma alternativa ao cartão, essa modalidade pode incentivar maior disciplina financeira, já que o débito vem direto da conta, evitando em parte o endividamento excessivo do crédito rotativo.

"Por outro lado, também exige cautela: como se trata de uma forma de financiamento, ainda que simplificada, o parcelamento pelo Pix pode comprometer o orçamento futuro, especialmente se o consumidor acumular várias compras dessa forma. No geral, a novidade tende a aumentar a inclusão financeira, dar mais poder de escolha ao cliente e obrigar bancos e emissores de cartão a reverem suas estratégias de crédito e tarifas", destaca.

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