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Empresária transforma R$ 800 em negócio que fatura R$ 8 milhões no ES

Empresária transforma R$ 800 em negócio que fatura R$ 8 milhões no ES

Rayssa Thebaldi começou a empreender quando ainda trabalhava com carteira assinada; produção, que começou com oito peças, hoje chega a 8 mil unidades por mês

Publicado em 26 de janeiro de 2025 às 04:13

Rayssa Thebaldi, criadora da marca Água Azul
Apaixonada por atividade física, Rayssa Thebaldi criou marca de moda fitness Crédito: Fernando Madeira

empreendedora Rayssa Thebaldi, de 34 anos, sempre gostou de praticar atividade física. Só que ir à academia com roupas feias não combinava com seu estilo de vida. Ela mesma, então, começou a criar peças de roupa para se exercitar, o que despertou o interesse das amigas. Foi aí que acendeu o alerta nela de que esta seria uma oportunidade de fonte de renda. O negócio, que começou com um investimento inicial de R$ 800, hoje fatura R$ 8 milhões.

“Comecei com R$ 800, com a cara e a coragem. Falo isso com muito orgulho até para inspirar outras pessoas e dizer que é possível começar com pouco investimento. Fazia uma peça de cada tamanho e vendia na casa das minhas amigas. Às vezes, tinha sucesso e outras, não”, lembra.

Conheça a história da empreendedora que viu em abadá de academia uma oportunidade de mudar a sua vida

Quando criou a marca Água Azul, voltada à moda fitness, Rayssa ainda trabalhava com carteira assinada na área de controle de produção e qualidade de uma multinacional, mas já tinha o sonho de se dedicar a um negócio próprio. No início, a empresa foi conduzida por ela em paralelo ao trabalho. Só quando passou a ser rentável e demandar mais dedicação, Rayssa trocou o emprego estável pelo empreendedorismo. 

Logo no início, em 2018, ela criou o e-commerce para a Água Azul. Quando começou a pandemia de covid-19 e as marcas tiveram que migrar para o digital, a empresa de Rayssa já estava lá. No início, as vendas ocorriam pelo WhatsApp, até que ela decidiu ser uma marca nativa digital. A empresária também trabalhou com várias influenciadoras para impulsionar o negócio.

Ao longo dos anos, as instalações da Água Azul também passaram por processos de mudanças. O primeiro showroom tinha 20 m², mas, em 2021, a empresa mudou para um outro ponto, com 100 m². A empresa foi crescendo até chegar ao galpão de hoje, com mais de mil metros quadrados.

A primeira produção contou com oito peças, uma de cada tamanho. Hoje, a fabricação chega a 8 mil itens por mês. Quando deixou o emprego de carteira assinada, Rayssa disse que sonhava em ter um salário de R$ 5 mil. Atualmente, a empresa dela tem um faturamento de R$ 8 milhões anualmente.

“Comecei sozinha e eu entendia de vender, de fazer o produto, mas não entendia de qualidade, de expedição. Contratava uma costureira para montar as unidades. Em 2021, precisei contratar quatro ou cinco funcionários. Hoje já são 30 colaboradores e mais 18 costureiras prestadoras de serviço. No espaço atual, é feito tudo, desde a criação e operação até o envio das peças”, relata.

“Não imaginava crescer tanto. Comecei porque era eu que eu queria genuinamente. Faço porque amo porque me deu qualidade de vida, mas depois continuei porque virou um propósito. Sou apaixonada pelo que faço. Parece fácil empreender, mas não é. São muitos problemas que a gente enfrenta exigindo muita resiliência para conseguir passar por tudo. A gente chegou a essa marca passando por processos de melhoria e de aprendizado, que foram fundamentais para o sucesso”, analisa.

Rayssa Thebaldi, criadora da marca Água Azul
Rayssa Thebaldi se prepara para abrir três lojas físicas nos próximos anos Crédito: Fernando Madeira

A marca capixaba aposta em lançamentos de coleções menores, chamadas de drop ou coleção cápsula, como um diferencial. Até porque Rayssa lembra que o mercado da internet é bem diferente das lojas físicas e demanda novidades sempre. A estratégia da empresa é lançar uma a cada mês.

“A equipe já trabalha nas tendências de cores e modelos. Modelos que fazem sucesso da marca, como macaquinhos e top, também são aproveitados, com novas tonalidades”, comenta.

Mesmo sendo uma marca digital, Rayssa se prepara para abrir três lojas físicas nos próximos anos. A primeira delas foi inaugurada em outubro, na Praia do Canto, em Vitória. Além de ser um espaço para comprar as peças, o local contará com uma cafeteria. Influenciadoras também poderão produzir conteúdos no espaço.

“A Água Azul é uma marca nativa digital e eu não tinha vontade de investir em um espaço presencial, mas, de forma geral, as empresas têm feito este movimento. Isso acontece porque querem oferecer novas experiências e ter uma conexão ainda maior com o cliente. Fazer uma aproximação do consumidor com os produtos. É isso que pretendemos com a nossa unidade”, explica Rayssa.

A segunda loja será aberta no Rio de Janeiro, que, aliás, tem o maior volume de consumidoras da marca. Apesar de ter se mudado recentemente para a cidade carioca por propósitos pessoais, Rayssa aproveita para alavancar a Água Azul e se aproximar ainda mais da clientela. Para isso, apostou na parceria com influenciadoras cariocas.

Já a terceira loja, está prevista para ser aberta em São Paulo. O plano, segundo a empreendedora, é que os três espaços estejam abertos nos próximos três a quatro anos. Outra iniciativa, será ampliar ainda mais o e-commerce.

“Não imaginava crescer tanto. Comecei porque era o que eu queria genuinamente. Faço porque amo porque me deu qualidade de vida, mas depois continuei porque virou um propósito. Sou apaixonada pelo que faço. Parece fácil empreender, mas não é. São muitos problemas que a gente enfrenta exigindo muita resiliência para conseguir passar por tudo. A gente chegou a essa marca passando por processos de melhoria e de aprendizado, que foram fundamentais para o sucesso”, analisa.

De 2018 para cá, Rayssa já aprendeu muita coisa e todo o conhecimento é compartilhado com outras pessoas que querem seguir pelo caminho do empreendedorismo. Para isso, ela criou a Água Academy.

“Compartilho tudo o que a gente faz na Água Azul. Empreender me tornou uma mulher muito forte, com autoestima boa, me fez florescer. E por que não compartilhar isso? Tenho um Instagram só para dividir esses ensinamentos. Falamos o que dá ou não certo”, destaca.

Rayssa explica que a equipe de tecnologia da empresa está criando uma plataforma para ofertar cursos de qualificação. Serão oferecidos treinamentos específicos, que vão desde o planejamento de uma coleção até modelagem, como fazer uma coleção desejada, produção de conteúdo, entre outros.

“São pequenos cursos rápidos voltados para aquelas pessoas que estão empreendendo. Os treinamentos são divididos por módulos e os interessados poderão adquirir aquele que mais tiver a ver com o momento da empresa ou a estratégia. Os preços serão acessíveis para quem está começando e para quem já está no mercado. Quem participar do curso on-line poderá fazer parte de um grupo no WhatsApp e também de encontros presenciais”, comenta.

Dicas para empreender

Quem empreende sempre aponta a falta de controle financeiro, entre o dinheiro da empresa e o pessoal, como um dos principais erros cometidos por quem investe no próprio negócio. Segundo Rayssa, alguns históricos de desacertos vividos por ela podem servir de conselho para quem quer começar a empreender com o pé direito.

“Essa parte financeira sempre me alertaram, ou seja, saber a diferença entre o seu dinheiro e o da empresa. Mas acredito que a contabilidade é o que vai apoiar no crescimento. No início, você é MEI, é um pouco mais fácil. Mas, quando está crescendo, passa para um Simples, quando cai no lucro presumido, vai precisar de muito planejamento e apoio. Isso vai impactar na saúde financeira da empresa. A gente não ouve falar, não dá muita bola, mas sem a parte contábil fica mais difícil ”, pondera.

Segundo ela, essa ajuda contábil pode vir de um prestador de serviço ou de uma consultoria que dê orientações no planejamento da empresa. “Quando começa a vender mais, vêm as perguntas. O que eu faço agora? Que imposto tenho que pagar? Para onde vou? São nessas questões que o profissional contábil pode ajudar”, afirma.

Outro erro que Rayssa diz ter cometido e que serve de lição para outras pessoas foi comprar antecipadamente matéria-prima para depois produzir.

“Lembro que houve uma época que eu gastei tudo o que tinha comprando tecidos, sem estudar ou saber se aquilo ali era uma coisa que saía ou combinava com o produto. Precisei fazer peças para desovar esses tecidos. Esse tipo de situação faz com que você jogue dinheiro no lixo”, afirma.

Ela avalia ainda que quando for criar uma marca, uma coleção ou qualquer outra situação é importante pesquisar, conhecer o público e fazzer um planejamento.

“Quando você faz por fazer, metendo os pés pelas mãos, dando um passo maior do que a perna, sente muito, porque perde dinheiro, sem saber se comunicar. Planejar serve para vendas, e-commerce, entre outros”, enfatiza.

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