Retorno de 1% ao mês com alta da Selic traz novas oportunidades ao investidor

O Banco Central sinalizou mais um aumento de Selic. Isso quer dizer que voltaremos a ter juros básicos na casa de 1% ao mês. Uma nova realidade está posta com as oportunidades fornecidas pelos juros altos

Publicado em 21/03/2022 às 09h07

Nos últimos cinco anos (2017-2022), os investidores brasileiros que aplicaram seus recursos em produtos financeiros considerados mais arriscados conseguiram uma taxa de retorno que compensou o risco de seus aportes. Por outro lado, o período de quase duas décadas anteriores a 2017 fez com que temas sobre diversificação da carteira e prêmio de risco fossem consideradas meras teorias abordadas em bancos, salas de analistas e estudantes de pós-graduação.

Olhando os gráficos do Banco Central, o que chama a atenção nesses dois períodos é justamente o patamar atingido pela Selic – a taxa básica de juros. Entre 2017 e 2022 a Selic teve quedas relevantes, saindo dos dois dígitos e batendo o menor nível da série, chegando a 2%. Lembrando que, nesta janela, o retorno sempre esteve abaixo de 1% ao mês.

Já no período de juros altos, a Selic ficava acima de 1% ao mês na maior parte do tempo. Ou seja, era dificílimo superar a remuneração oferecida pelas classes de ativos conservadoras e com liquidez diária.

Foi, neste largo período de quase duas décadas, que prevaleceu os juros altos, sobre os quais o CDI (Certificado de Depósitos Interbancário), consolidou-se como o mais importante indexador para as aplicações financeiras no país. Nesse sentido, o foco e o principal objetivo dos investidores era superar o CDI, uma vez que a dificuldade em superá-lo era enorme.

O mercado de capitais, por exemplo, pouco desenvolvido foi colocado não de escanteio, mas para fora do estádio. A disputa era conseguir alternativas que garantissem remuneração mais próxima possível de 100% do CDI.

Com Selic em queda, especialistas recomendam investimentos de mais risco
Uma nova realidade está posta com as oportunidades fornecidas pelos juros altos. Crédito: Pixabay

A verdade é que entre 1998 e 2017 a rentabilidade do CDI foi de aproximadamente 15% ao ano, ou seja, 1,25% ao mês em números redondos. Um ponto relevante: nesta mesma janela, a inflação via IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) foi de 6,5% ao ano, ou seja, 0,5% ao mês. A diferença anual entre juros e inflação no período foi 8,5%.

Assim, um investidor que fizesse aplicações atreladas a 100% do CDI conseguiria um ganho nominal de mais de 1% ao mês e rendimento acima da inflação de 8,5% ao ano.

O turning point do mercado aconteceu nos últimos cinco anos, mudando completamente o jeito do brasileiro investir. A rentabilidade do CDI caiu para de 5,6% ao ano, ou seja, praticamente igual à variação da inflação – 5,4% ao ano. Reside aí o fato de que os investidores passaram a buscar alternativas, a partir da queda dos juros nominais e reais.

A diversificação do portfólio de investimentos saiu da teoria para entrar na prática. Em busca de maior retorno, os investidores passaram a correr mais riscos. Houve um boom de Pessoas Físicas cadastradas na B3. O aceso ao mercado acionário se democratizou. Estratégias cada vez mais sofisticadas de investimentos passaram a fazer parte do cotidiano desses novos investidores.

A próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) acontecerá no dia 04 de maio. Na própria ata da reunião, o Banco Central sinalizou mais um aumento de Selic. Isso quer dizer que voltaremos a ter juros básicos na casa de 1% ao mês.

A nova realidade está posta ao investidor: aproveitar as oportunidades fornecidas pelos juros altos.

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