Por Antônio Luís Covre em depoimento a Guilherme Sillva
"Tenho 69 anos e venci três AVCs nos últimos 16 anos. O primeiro foi em 2008. Trabalhava cerca de 13 horas por dia, como gerente de vendas, e tinha uma vida normal. Já era hipertenso e fazia acompanhamento de rotina com o meu médico. Não tinha nenhum sintoma para me preocupar.
Estava no horário de almoço, no trabalho, conversando com um colega, quando fui perdendo parte da audição. Senti que não estava escutando. Passei a falar enrolado e o lado esquerdo do meu corpo ficou paralisado. Era um AVC isquêmico. Fiquei oito dias internados na UTI e depois fui para casa, sem nenhuma sequela. A vida seguiu normal.
Em 2013, tive outro AVC. Naquele dia, trabalhei normal. Quando foi por volta das 22h30, levantei da cama para ir ao banheiro e ao retornar, já com dificuldades, acabei caindo na cama. Estava novamente falando embolado. Esse segundo AVC me deu trabalho.
O desespero foi que, ainda no hospital, não conseguia reconhecer os meus familiares. Não sabia os nomes dos meus filhos e também esqueci as cores. Contas básicas de matemática também se tornaram irreconhecíveis. Tudo isso me apavorou. Fiquei 14 dias internado e, ainda dentro do hospital, comecei a estudar e a jogar dominó, para trabalhar a minha memória.
Com a alta, tive que reaprender a fazer contas simples, como somar, subtrair e multiplicar. Me matriculei num curso, para reaprender os cálculos básicos de matemática. Demorou de 6 meses a um ano para a memória voltar ao normal. Também fui acompanhado por uma fonoaudióloga para cuidar da minha fala.
O terceiro AVC foi em 2015. Era um feriado, estava em casa assistindo a um jogo do Rio Branco, quando comecei a sentir dificuldade de enxergar. A fala também ficou enrolada e meu lado esquerdo ficou paralisado. Uma das minhas filhas, que estava em casa, já sabia que esses eram alguns dos sintomas da doença. Ela que chamou o atendimento médico.
O neurologista indicou o tratamento de fechamento de apêndice atrial esquerdo, cirurgia feita em 2016. Esse tratamento é feito por um cardiologista intervencionista, para a prevenção da recorrência de um novo AVC. É indicado para quem possui arritmia cardíaca e não pode fazer uso de anticoagulante, e/ou apresenta recorrência de AVC, mesmo em uso correto do anticoagulante, uma vez afastadas as outras causas de AVC, que é o meu caso. Na época, não era feita por nenhum médico do Estado, então o plano de saúde trouxe médicos de São Paulo, para realizarem a minha cirurgia.
A memória voltou a ficar boa, mesmo que às vezes eu esqueça algumas palavras. Faço muita palavra cruzada e jogo dominó. Também adoro cuidar das minhas plantas que tenho no quintal, além de aproveitar a companhia da minha família. Adoro ficar com os meus netos".
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