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Sangue nas fezes e dor abdominal: veja como identificar o câncer de intestino

Sangue nas fezes e dor abdominal: veja como identificar o câncer de intestino

Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimam cerca de 45 mil novos casos para este ano. Quando identificado em estágios iniciais, esse tipo de neoplasia chega a ter 90% de chances de cura

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Guilherme Sillva

Editor do Se Cuida / [email protected]

Publicado em 12 de março de 2025 às 15:26

dor abdominal
A dor abdominal é um dos principais sintomas da doença Crédito: Shutterstock/ Perfect Wave

O câncer de intestino, também conhecido como câncer colorretal ou de cólon e reto, é o segundo mais comum no Brasil, ficando atrás somente dos cânceres de mama e próstata.

Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimam cerca de 45 mil novos casos para este ano. Segundo a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva e a Sociedade Brasileira de Coloproctologia, que promovem a Campanha Março Azul, de conscientização sobre a doença, quando identificado em estágios iniciais, esse tipo de neoplasia chega a ter 90% de chances de cura.

Este ano, a campanha tem como lema o slogan "Chegou a hora de salvar a sua vida. Previna-se contra o câncer de intestino", com o objetivo de alertar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer colorretal, uma das formas mais comuns e letais de câncer no mundo.

Por outro lado, o principal desafio para a redução dos índices é justamente o diagnóstico precoce, uma vez que 65% dos casos ainda são identificados tardiamente. “O diagnóstico precoce é fundamental para a eficácia do tratamento. Quando o tumor é identificado em estágios iniciais, as opções de tratamento são menos complexas e mais assertivas, e as chances de cura aumentam. Por isso, é fundamental que as pessoas, principalmente aquelas com fatores de risco, façam exames regularmente”, explica a oncologista Carla Loss, da Ellas Oncologia.

Entre os principais exames para a detecção precoce estão a colonoscopia e o teste de sangue oculto nas fezes, conforme explica a oncologista Juliana Alvarenga. 

“A colonoscopia é o exame mais importante para a prevenção do câncer de intestino ao permitir visualizar toda a mucosa intestinal, identificar alterações e remover lesões antes que evoluam para um tumor. Para a população sem sintomas, a recomendação é iniciar o exame aos 45 anos e repeti-lo a cada 10 anos, ou conforme a indicação médica.”

No Brasil, o rastreamento do câncer de intestino é recomendado a partir dos 50 anos, mas sociedades internacionais, como a American Cancer Society, já adotam a idade de 45 anos como referência para a detecção precoce. Estudos recentes apontam um aumento no número de casos entre pacientes com menos de 50 anos, além do crescimento da taxa de mortalidade nessa faixa etária. O diagnóstico tardio não somente reduz as chances de cura, como também eleva os custos para o sistema de saúde.

Sinais do câncer de intestino

- Sangue nas fezes

- Dor abdominal

- Alterações no hábito intestinal

- Perda de peso

- Anemia

- Cansaço e fraqueza

“Mas é sempre importante lembrar que o câncer de intestino pode não apresentar sintomas nos estágios iniciais, o que dificulta a detecção precoce. Por isso, mais uma vez, a realização dos exames de rastreamento deve ser priorizada”, reforça Carla Loss.

Fatores de risco e prevenção

Entre os principais fatores de risco para o câncer de intestino estão o sedentarismo, a alimentação inadequada, o consumo excessivo de carne vermelha e processada, o tabagismo e o uso de bebidas alcoólicas.

"Além disso, mudanças no hábito intestinal, como diarreia ou constipação, presença de sangue nas fezes, cólicas abdominais persistentes, emagrecimento sem causa aparente, anemia ou deficiência de ferro, entre outros, são sintomas que devem ser investigados imediatamente", diz Roseane Bicalho, gastroenterologista e coordenadora da Campanha Março Azul no Espírito Santo. 

A campanha Março Azul visa, além de conscientizar a população sobre os cuidados preventivos, também cobrar das autoridades públicas a implementação de políticas de saúde que garantam o acesso igualitário aos exames preventivos, como a colonoscopia e a pesquisa de sangue oculto nas fezes, para toda a população capixaba em idade de risco médio e grupos de alto risco, como parentes de primeiro grau de pessoas com câncer de intestino, útero (endométrio), ovário e de mama.

A oncologista Juliana Alvarenga também alerta para os principais fatores de risco para o câncer de intestino. O histórico familiar, o tabagismo, o consumo excessivo de álcool e uma alimentação pobre em fibras estão entre os principais. Além disso, fumar, consumir alimentos ricos em gorduras saturadas, levar uma vida sedentária, ter idade superior a 50 anos, já ter tido câncer de ovário, útero ou mama, apresentar baixo consumo de cálcio e obesidade também são fatores que aumentam o risco da doença.

“Adotar hábitos saudáveis desde cedo faz toda a diferença. A prática regular de exercícios e uma alimentação equilibrada, com menos ultraprocessados e carne vermelha, ajudam a reduzir os riscos e a manter a saúde intestinal em dia”, orienta a especialista.

O câncer de intestino é uma doença tratável e frequentemente curável. A cirurgia é o principal tratamento, sendo utilizada no início do tratamento quando o tumor é do cólon, ou em sequência à radioterapia e quimioterapia nos tumores de reto baixo, e compreende a retira da parte do intestino afetada e os gânglios linfáticos (pequenas estruturas que fazem parte do sistema de defesa do corpo) dentro do abdome. Outras etapas do tratamento, como já referido, incluem a radioterapia (uso de radiação), associada ou não à quimioterapia (uso de medicamentos), para diminuir a possibilidade de recidiva (retorno) do tumor.

O tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do tumor. Quando a doença está espalhada, com metástases para o fígado, pulmão ou outros órgãos, as chances de cura ficam reduzidas.

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