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Pré-hipertensão: saiba o que muda na vida de quem tem pressão 12 por 8

Pré-hipertensão: saiba o que muda na vida de quem tem pressão 12 por 8

Cardiologistas explicam que a mudança não significa que a pessoa esteja doente ou precise iniciar imediatamente o uso de medicamentos

Publicado em 23 de setembro de 2025 às 17:56

Hipertensão
A pressão arterial de 12 por 8, popularmente considerada normal, foi reclassificada como "pré-hipertensão" Crédito: Shutterstock/ PeopleImages

A “pressão arterial ideal” sofreu uma importante redefinição no Brasil. De acordo com a nova Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2025, elaborada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), valores de pressão arterial entre 120-139 mmHg de sistólica e/ou 80-89 mmHg de diastólica — o tradicional “12 por 8” — passam a ser classificados como pré-hipertensão.

Segundo a cardiologista Fernanda Weiler, do hospital Sírio Libanês, essa mudança não significa que a pessoa esteja doente ou precise iniciar imediatamente o uso de medicamentos. “O que muda é a forma como olhamos para esse número: de um valor considerado normal, ele passa a ser um sinal de alerta. É uma oportunidade para agir de forma preventiva antes que o quadro evolua para hipertensão”, explica.

A diretriz também define que, para quem já tem hipertensão, o alvo de tratamento deve ser manter a pressão abaixo de 130/80 mmHg, independentemente da idade ou de outras condições clínicas. Essa atualização coloca o Brasil em sintonia com recomendações internacionais mais recentes, que destacam a importância do diagnóstico e da intervenção precoces.

A cardiologista diz que é comum as pessoas acreditarem que a pressão “12 por 8” significa tranquilidade total. Na prática, esse valor já indica maior risco do que números abaixo de 120/80. Outro equívoco frequente é pensar que o diagnóstico de pré-hipertensão leva, inevitavelmente, ao uso de remédios. O primeiro passo é a mudança no estilo de vida. “Alimentação balanceada, prática de exercícios físicos, redução do sal e do estresse, além de sono de qualidade são as primeiras medidas indicadas como tratamento para casos em que a pressão arterial está perto das medidas consideradas aceitáveis. Medicamentos só são considerados em casos de alto risco cardiovascular ou quando, após alguns meses de mudanças comportamentais, os valores permanecem elevados”, diz a especialista.

A hipertensão pode aparecer em adultos jovens, e prevenir desde cedo é fundamental para reduzir complicações futuras, como infarto, AVC e insuficiência renal. Quanto mais cedo se inicia a prevenção, menores os danos a longo prazo

Fernanda Weiler

Cardiologista

Fernanda Weiler recomenda que todos monitorem regularmente a pressão arterial, sobretudo quem já apresenta valores em torno de 120/80 ou tem histórico familiar. Além disso, hábitos saudáveis devem ser incorporados no dia a dia, não apenas em momentos de doença. “Essa atualização das diretrizes nos proporciona uma janela de ação importante: não esperar o quadro evoluir para hipertensão franca, mas intervir quando ainda é reversível. A pressão ‘12 por 8’ deixa de ser vista como normalizando limítrofe, e passa a ser motivo de atenção — uma mudança que pode salvar vidas”, conclui.

Estilo de vida

O cardiologia Daniel Marotta, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, explica as principais mudanças e o impacto delas na saúde da população. “O documento não alterou os critérios para diagnóstico da hipertensão, mas modificou a classificação de alguns níveis de pressão para fins de prevenção. Agora é considerada como normal a pressão que está abaixo de 120/80 mmHg e para pressões entre 120/80 mmHg e 139/89 mmHg a classificação é de pré-hipertensão. O objetivo é identificar mais cedo os indivíduos com maior risco de desenvolver a doença”.

Segundo o especialista, o intuito é ter um tratamento farmacológico e não farmacológico mais precoce, com foco também na mudança do estilo de vida, perda de peso, alimentação, sono e outras medidas importantes para a saúde.

“Outra mudança envolve os pacientes já diagnosticados com hipertensão. As novas diretrizes estabelecem metas de tratamento mais rigorosas, visando manter a pressão arterial em valores inferiores a 130/80 mmHg. Essa meta se aplica a pacientes com condições associadas, como diabetes, obesidade e insuficiência renal".

Marotta reforça que a nova diretriz traz novidades em medidas não farmacológicas como interromper o comportamento sedentário com pausas ativas, recomendando que as pessoas se levantem e se movimentem por cinco minutos a cada 30 minutos sentadas.

“A nova diretriz demonstra uma mudança de mentalidade no tratamento. Ela também inclui um sistema de pontuação para prever o risco cardiovascular de um indivíduo em 10 anos, o sistema Prevent, considerando fatores como obesidade, diabetes e colesterol alto”, aponta o cardiologista.

De acordo com dados da Vigitel de 2023 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), cerca de 27,9% dos brasileiros têm hipertensão arterial.

“Em resumo, as novas diretrizes brasileiras buscam uma abordagem mais preventiva e rigorosa, incentivando a identificação precoce e a adoção de medidas não medicamentosas para evitar a progressão da doença, ao mesmo tempo que estabelecem metas de tratamento mais agressivas para reduzir o risco de eventos cardiovasculares”, finaliza o especialista.

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