Publicado em 30 de julho de 2024 às 16:29
A influenciadora digital Juliana Perdomo foi internada em estado grave após dar à luz o terceiro filho, em Goiânia, na sexta-feira (26). A chef de cozinha sofreu embolia amniótica após o nascimento de Zac, seu terceiro filho. O bebê passa bem.>
Segundo o ginecologista e obstetra Carlos Campagnaro, do Hospital Maternidade São José, a embolia amniótica ocorre quando o líquido amniótico - que protege e envolve o bebê na barriga e contém tecidos do feto, como cabelo e outros detritos - entra na circulação materna, geralmente, por meio de uma ruptura na membrana amniótica ou no útero, durante o parto normal, cesariana ou abortos, provocando uma resposta inflamatória e imunológica sistêmica.>
“Nós podemos entender a embolia amniótica como se fosse uma ‘rolha’ - um êmbolo - que, no momento do parto, penetra nos vasos sanguíneos do útero, obstruindo, especialmente, as artérias que vão do coração para os pulmões, dificultando a captação de oxigênio pelas células, o que pode levar a um colapso cardiovascular, inflamando, gravemente, o organismo”, enfatizou Campagnaro.>
Apesar da incidência ser estimada entre um a 12 casos por 100 mil partos, a embolia amniótica é uma das principais causas de mortalidade da mãe durante o nascimento do filho. “Essa emergência médica pode levar a falência respiratória e cardiovascular, a Coagulação Intravascular Disseminada (CIVID), ao choque anafilático e até a morte. A taxa de mortalidade materna varia de 20% até 60% dos casos, sem contar o risco que há para a vida do feto”, alertou o médico.>
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Segundo ele, infelizmente, a embolia amniótica ocorre de forma súbita e imprevisível, sem sinais prévios que possam deixar a mãe e os médicos em alerta. >
Carlos Campagnaro
Ginecologista e obstetraOs principais sintomas incluem falta de ar súbita e intensa, colapso cardiovascular, cianose (coloração azulada da pele devido à falta de oxigenação), hipotensão severa (queda da pressão arterial), hemorragia súbita e incoagulável, alteração do estado mental da mãe, além de convulsões. >
“O diagnóstico é clínico, baseado na repentina manifestação dos sintomas durante o parto ou imediatamente após. Não há exames laboratoriais ou de imagens que possam confirmar o cenário. Normalmente, é feito por exclusão de outras condições. Uma vez acontecendo, é preciso ter atenção redobrada ao estado de saúde da paciente e ter muito conhecimento sobre a patologia”, disse.>
Em relação ao tratamento, ele engloba o uso do suporte ventilatório e oxigenoterapia para tratar a insuficiência respiratória, a aplicação de fluidos intravenosos e de medicamentos para manter a pressão arterial e a função do coração. Para conter a hemorragia, a paciente recebe transfusões de sangue e componentes, além das medidas utilizadas para tratar a Coagulação Intravascular Disseminada (CIVID).>
“Todos esses cuidados demandam um acompanhamento intenso da paciente pela equipe da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ao ser encaminhada para uma UTI, os médicos não vão conseguir ‘desentupir a rolha’ que obstruiu algumas veias e artérias. O que fazemos é ajudar a paciente a sobreviver a essa condição. Precisamos controlar o quadro até que o organismo responda e passe por esse estado crítico de inflamação. É uma fase de readaptação do corpo e, se a mãe suportar esse tempo, ela vai sobreviver. Mas, até que o organismo suporte, a taxa de mortalidade é muito alta”, pontuou.>
Em relação ao bebê, segundo o médico, normalmente ele fica bem, já que esse quadro de embolia amniótica costuma se desenrolar durante o processo do parto. No entanto, caso a embolia se manifeste antes do nascimento da criança, ela também sofrerá as consequências. “A pronta resposta da equipe médica é crucial para melhorar as chances de sobrevivência da mãe e do bebê”, concluiu Campagnaro.>
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