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Publicado em 5 de novembro de 2025 às 09:00
O câncer de próstata ocorre quando as células da glândula prostática (localizada abaixo da bexiga) começam a crescer de forma descontrolada. Muitos homens idosos têm câncer de próstata que nunca chega a ser fatal, mas alguns tipos são agressivos e requerem tratamento imediato. >
Com o objetivo de alertar os homens sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença, a campanha Novembro Azul ganha destaque em todo o país. A mobilização busca quebrar tabus e incentivar o cuidado com a saúde masculina, diante de um cenário em que a doença representa 29% dos casos de câncer entre esse público no Brasil, segundo o Inca, e pode alcançar mais de 90% de chance de cura quando detectada nas fases iniciais. >
O oncologista Loureno Cezana, do Hospital Santa Rita, explica que a próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino, situada logo abaixo da bexiga e à frente do reto, responsável por produzir parte do fluido seminal que nutre e transporta os espermatozoides. Embora pequena, com tamanho aproximado ao de uma noz, ela exerce papel fundamental na fertilidade masculina e, ao longo da vida, pode sofrer alterações benignas ou malignas.>
Segundo o médico, o câncer de próstata é uma neoplasia maligna que se origina nas células glandulares da próstata. “Trata-se do tipo de câncer mais comum entre os homens, excluídos os tumores de pele não melanoma, e sua incidência aumenta com a idade, especialmente a partir dos 50 anos. Na maioria dos casos, apresenta crescimento lento e pode permanecer assintomático por longos períodos. No entanto, há formas agressivas que evoluem rapidamente e podem levar à metástase, atingindo ossos, linfonodos e outros órgãos”, pontua.>
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Os sinais de alerta mais comuns da doença incluem dificuldade para urinar, jato urinário fraco ou interrompido, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, aumento da frequência urinária (especialmente à noite), dor ou ardor ao urinar e presença de sangue na urina ou no sêmen. “Em estágios mais avançados, podem surgir dor óssea - especialmente em coluna, quadris ou costelas -, perda de peso inexplicada e fadiga persistente. É importante ressaltar que, em muitos casos, o tumor inicial não provoca sintomas perceptíveis, o que reforça a importância do rastreamento regular”, destaca.>
Diversos fatores de risco estão associados ao câncer de próstata. Entre eles, o oncologista aponta a idade como sendo o principal. “Homens acima dos 50 anos apresentam maior probabilidade de desenvolver a doença. O histórico familiar também é relevante - ter pai ou irmão diagnosticado antes dos 60 anos aumenta significativamente o risco. Além disso, a herança genética - como mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 -, a etnia - homens negros têm maior incidência e mortalidade - e hábitos de vida - como dieta rica em gorduras saturadas, obesidade e sedentarismo - contribuem para o aumento da probabilidade de ocorrência”, afirma.>
Em alguns casos, o câncer de próstata pode dar sinais nos olhos — seja por efeitos colaterais dos tratamentos ou até pela presença de metástases oculares. O oftalmologista Pedro Trés Vieira Gomes, do Hospital de Olhos de Vitória (HOV), explica que o exame de vista pode revelar alterações sistêmicas que indicam outros problemas de saúde — inclusive câncer.>
“Os olhos são uma extensão do cérebro e do sistema circulatório. Isso significa que mudanças no corpo, como inflamações, desequilíbrios hormonais ou até metástases, podem se manifestar na visão”.>
Embora pareça improvável, o câncer de próstata pode gerar metástases oculares, especialmente em estágios mais avançados. Essas lesões atingem, na maioria das vezes, a coroide — região rica em vasos sanguíneos que nutre a retina.>
O tumor de próstata ocupa o segundo lugar na frequência de tumores primários que causam metástases oculares, ficando atrás apenas do câncer de mama. Os sintomas podem variar, mas costumam incluir visão embaçada, flashes luminosos, pontos escuros no campo de visão e perda parcial da visão. “Muitos pacientes acreditam que precisam apenas trocar o grau, quando, na verdade, há algo mais sério acontecendo. Por isso, é fundamental investigar qualquer alteração visual persistente”, explica Pedro Trés.>
O oncologista diz que a detecção do câncer de próstata é feita principalmente por meio de dois exames complementares: o toque retal e a dosagem do PSA (Antígeno Prostático Específico) no sangue. “O toque permite ao médico avaliar alterações no tamanho, forma e consistência da glândula, enquanto o PSA indica níveis que, quando elevados, podem sugerir anormalidades. Caso haja suspeita, o diagnóstico é confirmado por biópsia prostática, guiada por ultrassom transretal ou ressonância magnética. Em situações mais complexas, exames de imagem adicionais, como tomografia, cintilografia óssea e PET-CT, ajudam a determinar a extensão da doença”, esclarece. Segundo ele, para cada 456 exames de PSA, uma vida é salva, ou seja, há uma morte a menos para o câncer.>
O tratamento dessa neoplasia depende do estágio do tumor, da idade e das condições clínicas do paciente. Em casos iniciais e de baixo risco, pode-se optar pela vigilância ativa - monitoramento rigoroso com exames periódicos -, evitando intervenções imediatas. “Quando há indicação terapêutica, as principais opções incluem cirurgia (prostatectomia radical), radioterapia, braquiterapia, terapia hormonal (para bloquear a testosterona, que estimula o crescimento do tumor) e, em casos mais avançados, a quimioterapia. Avanços recentes em terapias-alvo e medicamentos hormonais de nova geração têm ampliado a sobrevida e melhorado a qualidade de vida dos pacientes”, diz Loureno Cezana.>
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