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Microagulhamento pode espalhar câncer de pele? Entenda os cuidados

Microagulhamento pode espalhar câncer de pele? Entenda os cuidados

O procedimento consiste no rolamento de um dispositivo cravejado com diversas microagulhas capazes de realizar múltiplas microperfurações na pele

Publicado em 26 de abril de 2024 às 16:12

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Câncer de pele
Feridas que não cicatrizam em quatro semanas são sintomas do câncer de pele. (Shutterstock)

A história de uma mulher que se submeteu a uma técnica de microagulhamento no rosto sem saber que tinha melanoma, um tipo de câncer de pele agressivo, viralizou na internet. Devido ao procedimento com agulhas, as células cancerosas teriam se espalhado pela face da pessoa. O sinal de câncer já estava na pele, mas ainda não havia sido identificado. Mas será que o microagulhamento pode espalhar o câncer de pele?

O microagulhamento é um procedimento estético que consiste no rolamento de um dispositivo cravejado com diversas microagulhas capazes de realizar múltiplas microperfurações na pele.

"Os princípios básicos de ação do microagulhamento são o estímulo da regeneração celular por meio do processo de cicatrização, a proliferação de células-tronco e o estímulo da síntese de elastina, da neocolagênese (produção de colágeno) e angiogênese (proliferação de vasos sanguíneos). Sendo assim, ele pode ser indicado para diversas condições dermatológicas", explica a dermatologista Pauline Lyrio.

O microagulhamento é indicado para o rejuvenescimento, melhorar a textura, reduzir os poros dilatados, uniformizar o tom da pele, atenuar manchas, além de tratar o fotoenvelhecimento, as estrias e cicatrizes de acne, de queimadura ou cicatrizes cirúrgicas.

"Pode ser usado também para tratamento de quedas de cabelo, como eflúvio telógeno e calvície. Além disso, o microagulhamento também é indicado para realizar deposição de ativos terapêuticos nas camadas mais profundas da pele e no couro cabeludo, o que chamamos de 'drug delivery'". A médica diz que é possível que células anormais de lesões malignas ou pré-malignas sejam disseminadas e implantadas em outros locais pelo procedimento.

Pauline Lyrio
A dermatologista Pauline Lyrio explica sobre os cuidados com o microagulhamento. (Hugo Boniolo)
Aspas de citação

Esse procedimento deve ser evitado em pessoas que possuam infecção ativa no local

Pauline Lyrio
Dermatologista
Aspas de citação

A dermatologista explica como o microagulhamento 'espalha' o câncer na pele. Um dos dispositivos utilizados para fazer as micropunturas na pele é o roller, que consiste em um cabo com uma rodinha na ponta onde ficam as microagulhas. "Quando esse equipamento rola de um ponto a outro, ele vai perfurando a pele. Com isso, as células tumorais podem ser implantadas, ou seja, carregadas de uma região a outra, se disseminando", diz Pauline Lyrio.

A médica ressalta que é fundamental realizar uma avaliação minuciosa da pele para garantir que ela esteja íntegra e que não haja lesões pré-existentes, como infecções e neoplasias que possam ser disseminadas pelo procedimento. "Por isso, a importância da escolha de um profissional médico capacitado, preferencialmente um dermatologista que pode solicitar exames específicos, como a dermatoscopia, para analisar de forma mais minuciosa as lesões da pele".

Atenção ao câncer de pele

Manchas que coçam, ardem, descamam ou sangram; pintas que mudam de tamanho, forma ou cor e feridas que não cicatrizam em quatro semanas são alguns dos sintomas do câncer de pele. O tumor é responsável por 30% dos diagnósticos de tumores malignos no país, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

A exposição excessiva ao sol e radiação ionizante, bronzeamento artificial, pele clara e histórico familiar são alguns dos fatores de risco. “O câncer de pele pode ser dividido em dois grupos: não melanoma, mais comum e com baixo índice de mortalidade; e melanoma, mais raro e preocupante, já que pode desenvolver metástase e se alastrar para outras regiões do corpo rapidamente”, explica a oncologista Veridiana Pires.

Ao surgirem pintas ou feridas que não cicatrizam, é importante procurar um especialista. Normalmente, o diagnóstico é feito pelo dermatologista ou cirurgião após os primeiros sintomas. "Apesar de sempre pensarmos no câncer de pele como uma lesão 'feia', algumas vezes o melanoma pode ser confundido até mesmo com as pintinhas que possuímos no corpo. Em geral, existem alguns sinais mais simples que precisamos estar atentos em nossas pintas e que podem ser reconhecidos por qualquer pessoa", explica a dermatologista Pauline Lyrio.

Para melhor visualização, o médico pode solicitar um exame de imagem ou biópsia, que consiste na retirada de uma parte ou de toda a ferida para análise. A amostra é encaminhada para avaliação de um patologista, que indicará se a lesão é um tumor maligno ou não.

"O tipo melanoma apresenta várias tonalidades de cor, variando entre marrom, cinza, azul e preto, assim como o diâmetro, que possui cerca de 6 mm, diferentemente das lesões benignas, que são menores e possuem coloração marrom escuro”, explica oncologista Veridiana Pires.

O diagnóstico do tipo não melanoma é relativamente simples, sem necessidade de exames complexos e invasivos no primeiro momento, apenas a análise clínica é suficiente para diagnóstico. “Um olho bem treinado é uma excelente arma para orientar a suspeita de câncer de pele nos pacientes”, aponta a médica Veridiana. Quanto mais rápido for diagnosticado, melhor são as probabilidades de remissão, podendo chegar em 90%.

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