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Lesão na córnea: entenda condição que afetou Regina Casé após uso de cílios postiços

Lesão na córnea: entenda condição que afetou Regina Casé após uso de cílios postiços

Atriz ficou por horas com a cola para os cílios. Isso fez com que parte das glândulas oculares fosse obstruída, gerando uma lesão na córnea

Publicado em 27 de janeiro de 2024 às 17:31

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Regina Casé teve lesão na córnea após uso de cílios postiços
Lesão na córnea: entenda condição que afetou Regina Casé após uso de cílios postiços. (Reprodução/Instagram)

A atriz e apresentadora Regina Casé, de 69 anos, revelou que sofreu uma lesão química na córnea, no fim do ano passado, provocada por uma cola de cílios postiços. Por meio de uma publicação na sexta-feira, 26, ela disse que ficou dois dias sem enxergar.

A intérprete de Zoé de Todas as Flores conta que, ao se maquiar para um evento, ficou por horas com a cola para os cílios. Isso fez com que parte das glândulas oculares fosse obstruída, gerando uma lesão na córnea pela falta de lubrificação ocular.

"Eu tive um troço muito 'brabo' no olho. Foi aplicada uma cola de cílios. Meu olho parou de lubrificar e um pedaço da cola ficou colado no meu olho. Eu tive uma lesão química na córnea. Parecia que eu estava com um terçol. Só que lá em Nova York foi piorando", disse a atriz que, após o evento no Brasil, embarcou para os Estados Unidos e percebeu piora no olho pelo ar-condicionado do avião e o clima frio e seco da cidade.

Ao ir ao oftalmologista, ele disse que seus olhos pareciam "as crateras da lua". A atriz conta que precisou ir cinco vezes ao médico. Após a recuperação, ela foi à Igreja Nossa Senhora do Pilar e Santa Luzia, em Salvador, na Bahia, agradecer à padroeira dos olhos.

Quais os riscos de uma lesão química na córnea provocada por cola de cílios postiços?

"Essa é uma condição que temos visto com muita frequência nos pronto atendimentos oftalmológicos. O risco se deve à possível queimadura química. Mas, às vezes, a cola pode não cair imediatamente no olho, mas formar uma espícula, que é uma pontinha, que pode começar a encostar na superfície ocular, tanto na córnea quanto na conjuntiva, que é uma membrana que recobre o olho", alerta Leonardo Marculino, oftalmologista do Hospital Cema, chefe do Pronto Atendimento e especialista em doenças externas oculares e córnea.

Segundo ele, a córnea é como se fosse o vidro do relógio, funcionando como uma lente que garante a visibilidade. "Qualquer lesão na córnea pode levar à baixa visão, que pode ser transitória ou até definitiva, que ocorre quando há alguma infecção ou queimadura muito intensa a ponto de lesar as células-tronco do olho, que são as células que regeneram a superfície do olho. A córnea pode perder sua transparência ou ainda alguma estrutura pode grudar em outra, pela cicatrização formada pela queimadura, podendo ser algo realmente grave", disse Marculino.

Em alguns casos, os cílios postiços furam a superfície da conjuntiva. "Já tivemos casos de cílios postiços dentro da conjuntiva, formando reação inflamatória."

Os acidentes com a cola usada nos cílios postiços podem causar lesões oculares desde uma inflamação (ceratite) até problemas mais graves, como uma úlcera de córnea. "Casos extremos podem levar à perda da córnea com comprometimento da visão. O ideal é uma avaliação urgente de um oftalmologista para conduzir o caso", afirma Rita de Cassia Lima Obeid, oftalmologista do Cema especialista em plástica ocular e vias lacrimais e via lacrimal endonasal.

 O uso de telas veio se intensificando nos últimos anos, mas com a pandemia da Covid-19 os problemas nos olhos aumentaram.
É preciso cuidado e atenção com a região dos olhos. (Javier Sánchez Mingorance/Freepik)

Qual a função da córnea nos nossos olhos e sua fragilidade?

A córnea tem a função de proteger a parte frontal do olho e captar e refratar a luz, mecanismo fundamental para a visão. "Se a córnea perde a sua transparência, automaticamente, a pessoa passa a enxergar mal. Ela é muito frágil. Tem uma superfície que se lesa muito facilmente. A córnea é o órgão do corpo mais inervado, depois do cérebro. Então, tem grande quantidade de nervos por milímetros quadrados. Qualquer cisco que cai no olho, entrando em contato com a córnea, provoca reflexo no piscar", afirma Marculino.

A córnea faz parte do sistema óptico do olho. "Uma das suas principais funções é permitir a passagem da luz para a parte interna", acrescenta Omar Assae, oftalmologista do Hospital Cema.

Quais sintomas a pessoa pode ter no momento ou depois da aplicação dos cílios?

Se a cola cair imediatamente no momento da aplicação, a pessoa terá irritação, lacrimejamento, baixa de visão, vermelhidão, entre outros.

Posteriormente, após a colocação dos cílios postiços: podem formar espículas que vão para dentro do olho, cair pedaços da cola e também pedaços dos cílios.

Veja a seguir quais sintomas podem aparecer:

  • Queimação intensa;
  • 'Sensação de areia' nos olhos;
  • Vermelhidão;
  • Sensibilidade à luz;
  • Lacrimejamento intenso.

Segundo Marculino, a pessoa só terá baixa de visão se machucar a córnea. "Mas nem sempre os cílios vão machucar a córnea, pode machucar a conjuntiva, inflamar a margem da pálpebra, uma série de situações que podem acontecer", acrescenta Marculino.

"A baixa de visão decorrente deste tipo de lesão tende a ser temporária e deve voltar ao normal se tratada adequadamente desde o início", complementa Assae.

De acordo com Nubia Vanessa, oftalmologista do CBV-Hospital de Olhos, após o procedimento, além de ardência e vermelhidão, a pessoa pode ter uma sensação de queimação e lacrimejamento.

"A dor, dependendo da extensão da lesão, pode ser muito forte. O paciente terá dificuldade até mesmo de abrir os olhos. Neste caso, é importante que ele busque ajuda profissional o quanto antes. O tratamento vai depender do tipo de lesão, da sua extensão, assim como dos sintomas apresentados pelo paciente."

Como é o tratamento para lesão na córnea?

Caso a pessoa tenha algum sintoma imediatamente após a aplicação, deve lavar abundantemente o olho com água corrente para retirar a substância da superfície do olho. Em seguida, procurar um médico oftalmologista. Em caso de sintomas posteriores, também é recomendado que um especialista seja procurado o quanto antes.

"O médico geralmente indica o uso de medicamentos, colírios, pomadas, mas, dependendo da gravidade do quadro do paciente, alguns casos somente são tratados por meio de procedimentos cirúrgicos", afirma a oftalmologista Nubia.

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