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Publicado em 2 de julho de 2025 às 18:32
O que deveria ser um momento de prazer e intimidade pode se transformar em um período de angústia e sofrimento para muitas mulheres. A dor durante o sexo, conhecida na medicina como dispareunia, afeta uma parcela significativa da população feminina e, apesar de comum, ainda é um assunto cercado por tabus e silêncios. >
Segundo dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), cerca de 30% a 40% das mulheres relatam sentir dor em algum momento da vida durante a relação sexual. O problema pode comprometer não apenas a saúde física, mas também a autoestima, os relacionamentos e o bem-estar emocional da mulher.>
A ginecologista Sandra Helena Pereira, do Hospital São José, explica que a dor durante o ato sexual pode ocorrer em diferentes partes da região genital, como na vulva, na entrada da vagina ou mais profundamente, próximo ao colo do útero. “A intensidade varia. Pode ser uma leve ardência ou uma dor intensa que impede a continuidade da relação. A dispareunia superficial ocorre quando a dor é na entrada da vagina, geralmente associada ao início da penetração. Já a dispareunia profunda é caracterizada pela dor mais interna, que pode ser sentida durante movimentos mais profundos na relação sexual”, pontua.>
A ginecologista acrescenta que existe, ainda, o vaginismo, uma condição em que os músculos da vagina se contraem involuntariamente, dificultando ou impedindo a penetração, também causando dor.>
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As razões para a dor durante o sexo são variadas e envolvem fatores físicos, emocionais e até hormonais. “Entre as causas mais frequentes, destacam-se infecções ginecológicas como candidíase, vaginose bacteriana ou infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), que causam irritação e inflamação na região vaginal, a secura vaginal, geralmente ligada à queda nos níveis de estrogênio, muito comum em mulheres no climatério e na menopausa, mas que também pode ocorrer por estresse, uso de anticoncepcionais ou amamentação”, completa a professora do Unesc.>
A médica acrescenta questões como a endometriose, uma doença inflamatória em que o tecido que reveste o útero cresce fora dele, podendo ser fator causador da dor durante a penetração profunda. >
Sandra Helena Pereira
GinecologistaÉ preciso considerar também que doenças dermatológicas vulvares, que afetam a mucosa da vagina - como a psoríase. Acrescidos a esses fatores, a médica considera o lado emocional, como os quadros de ansiedade, depressão, experiências traumáticas e relacionamentos abusivos como possíveis desencadeadores da dor durante a relação sexual. >
As causas da dispareunia variam entre fatores físicos, hormonais e emocionais. “Na forma superficial, a dor aparece logo na entrada da vagina, geralmente relacionada à falta de lubrificação, infecções ou até vaginismo”, explica a ginecologista Anna Bimbato, da Bluzz Saúde. O uso de lubrificantes ou hidratantes vaginais pode ser o primeiro passo para aliviar o desconforto, mas é essencial identificar a origem do problema. >
Em contrapartida, a dor profunda surge no momento da penetração mais intensa, com queixas de ardência, pontadas ou sensação de pressão nas regiões internas da pelve. Nesses casos, condições como endometriose, inflamações pélvicas ou aderências cirúrgicas costumam estar envolvidas. “Cada mulher pode descrever a dor de um jeito diferente, mas o diagnóstico preciso é fundamental para direcionar o tratamento”, afirma.>
Entre os fatores de risco estão o uso de anticoncepcionais hormonais, o período pós-parto e a amamentação — devido à queda de estrogênio —, além de situações de estresse, conflitos emocionais e histórico de violência ou trauma sexual. Relações sem tempo adequado para excitação também podem aumentar a probabilidade de dor.>
O tratamento da dispareunia é individualizado. Em muitos casos, além dos lubrificantes e da terapia hormonal local, torna-se necessário o combate a infecções genitais ou a reabilitação com fisioterapia pélvica. “Quando há componente emocional, a terapia sexual é recomendada. E, em situações de endometriose avançada ou aderências graves, procedimentos cirúrgicos podem ser indicados”, detalha Anna Bimbato.>
A médica reforça que buscar ajuda é o passo mais importante: “Nenhuma mulher deve conviver com dor na relação sexual em silêncio. O acompanhamento multidisciplinar – envolvendo ginecologistas, fisioterapeutas e, se preciso, psicólogos – é o caminho para restabelecer o prazer e a qualidade de vida”.>
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