Publicado em 19 de junho de 2025 às 09:00
O Congresso da Sociedade de Clínica Oncológica Americana (Asco 2025), realizado no início do mês em Chicago, nos Estados Unidos, reuniu oncologistas de todas as partes do mundo para acompanhar as principais novidades no diagnóstico e no tratamento do câncer. Entre os destaques, novas combinações de medicamentos que prometem maior sobrevida e menor risco de progressão da doença e importantes descobertas sobre a eficácia da imunoterapia. >
“Um dos estudos mais aguardados era o Destiny-Breast 09 e ele demonstrou, de fato, ter potencial para mudar a prática clínica”, aponta a oncologista Juliana Alvarenga, que esteve no evento.>
“Os resultados iniciais desse estudo, que foi conduzido em pacientes com câncer de mama avançado ou metastático HER2-positivo, mostraram que o tratamento de primeira linha com a combinação de medicamento composta por trastuzumabe deruxtecan associado ao pertuzumabe estendeu o período de sobrevida livre de progressão da doença em mais de um ano quando comparado ao padrão atual de tratamento, estabelecido em 2012”, revela a médica.>
O resultado do estudo é altamente positivo para as pacientes com câncer de mama HER2+, um subtipo que responde por cerca de 20% dos casos totais da doença e se caracteriza por ter uma tendência maior de espalhamento, a chamada metástase.>
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Após duas décadas sem grandes novidades, o tratamento adjuvante do câncer de cabeça e pescoço, também recebeu importantes atualizações na Asco 2025. O estudo Nivopostop indicou que, para pacientes acometidos do carcinoma de células escamosas operados e com alto risco de recidiva, a associação da quimioterapia com o medicamento nivolumabe elevou o percentual de sobrevida sem progressão da doença de 52,5% para 63,1%.>
“O tratamento do câncer gástrico também contou com novidades bastante promissoras. Atualmente, a intervenção padrão conta com quimioterapia e cirurgias e o estudo Matterhorn analisou o impacto da inclusão do medicamento durvalumabe. O que se constatou foi que a inclusão desse remédio reduziu o risco de recidiva da doença e de morte em 29%”, explica a oncologista.>
Já para o câncer de cólon, os estudos também trouxeram novidades animadoras. Os resultados do estudo Atomic demonstraram que pacientes com câncer de cólon em estágio III, com reparo de incompatibilidade deficiente (dMMR) e que recebem atezolizumabe em associação com quimioterapia adjuvante apresentam uma redução de 50% na recorrência da doença ou morte em comparação com a quimioterapia isolada.>
Juliana Alvarenga
OncologistaAlém disso, o estudo Challenge indicou que a realização de programas de atividade físicas aeróbicas vigorosas após a realização do tratamento quimioterápico trouxe melhores índices de sobrevida, com redução de 28% no risco de recorrência da doença ou de morte.>
“Esse é um dado amplamente positivo. Já sabemos que a atividade física é benéfica para o organismo no geral, mas o que essa pesquisa indicou foi uma relação direta com a redução de mortalidade do câncer de cólon, com uma ferramenta que pode ser amplamente acessível”, comemora Alvarenga.>
O estímulo para que as próprias defesas do organismo atuem contra as células cancerosas é o pilar principal da imunoterapia, frente de tratamento que também apresentou novidades na Asco 2025.>
Um dos estudos indicou que o horário em que a imunoterapia é administrada pode fazer diferença para o tratamento do câncer de pulmão. “Pacientes que receberam a infusão antes das 15h tiveram chances 57% maiores de estarem vivos do que os que recebiam após esse horário. Uma das hipóteses para isso é que, pela manhã, o organismo apresenta mais células de defesa circulantes. Porém, os estudos nessa área ainda precisam se aprofundar mais”, destaca a oncologista.>
Também em pacientes tratados com imunoterapia no combate ao melanoma - um tipo de câncer de pele - um estudo demonstrou a eficácia da ingestão de fibras para o sucesso do procedimento, com ingestão de cerca de 30 gramas de fibras evoluíram com melhores taxas de resposta e menor recidiva da doença. “É importante que o paciente converse com seu médico e nutricionista sobre a viabilidade da adoção dessas medidas”, indica Alvarenga.>
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