Editor do Se Cuida / gusilva@redegazeta.com.br
Publicado em 3 de novembro de 2025 às 17:20
O aparelho ortodôntico, seja ele fixo ou móvel, pode ser usado em diversos momentos da vida. É um dispositivo usado para corrigir o alinhamento dos dentes, melhorar a mordida e tratar problemas de má oclusão, visando tanto a estética quanto a função bucal.>
Durante muitas décadas o protagonismo ficou com os aparelhos chamados de fixos e móveis. O primeiro é colado nos dentes e não pode ser removido pelo paciente, sendo usado para movimentação dentária, enquanto o segundo é removível e geralmente usado para corrigir problemas ósseos ou manter o resultado após o tratamento fixo. Mas há alguns anos os alinhadores ortodônticos tornaram-se protagonistas. E eles foram o destaque da 10ª edição do International Orthodontic Congress (IOC), um dos mais importantes encontros da odontologia mundial, que aconteceu no final de outubro no Rio de Janeiro. O evento contou com áreas dedicadas à inovação e à tecnologia. >
Os alinhadores são aparelhos removíveis e transparentes, colocados especificamente sobre cada arcada. Eles exercem diferentes pressões, em pontos diversos, e costumam ser substituídos conforme os resultados e o comprometimento dos pacientes com o tratamento. "Eles têm uma tecnologia muito interessante. Atualmente a gente tem um escaneamento intrabucal, com uma série de câmeras, que conseguem captar o formato da arcada e o formato dos dentes com alta precisão. Estou falando de décimos, centésimos de milímetros de precisão. E isso permite que mova os dentes como o ortodontista quer, e a partir daí vem o segredo dos alinhadores. A gente cria uma sequência de movimento", conta Victor Didier, especialista em Ortodontia e parceiro da ClearCorrect. >
Ele diz que todo paciente com seu tratamento ortodôntico pode usar o alinhador. "Alguns detalhes podem dificultar a movimentação. Como no caso de pacientes que têm os dentes muito pequenos. Isso não impede, mas a gente tem que tomar cuidado no planejamento dessa movimentação. A limitação para um tratamento com alinhador é a mesma que para um tratamento com qualquer aparelho ortodôntico".
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Também é possível tratar, além dos pacientes de ortodontia tradicional, aqueles que vão para cirurgia ortognática. "Que são os pacientes adultos que não tem mais como manipular ou direcionar o crescimento. E o erro esquelético deles é tão grande que não conseguimos movimentar os dentes através de ortodontia para que encaixe da forma correta", diz.>
Victor Didier
OrtodontistaNo caso de um segundo tratamento com alinhadores ou de uma continuação de tratamento ortodôntico, as vantagens são a liberdade para comer o que quiser, a facilidade da higienização e a liberdade, para ir a uma festa sem aparelho, por exemplo. "E principalmente a questão de prever o movimento e conseguir entregar um tratamento mais rápido para o paciente", diz Victor Didier. >
As vantagens
Estética: são praticamente invisíveis, proporcionando um tratamento mais discreto.
Removíveis: podem ser retirados para comer e beber, eliminando restrições alimentares e facilitando a higiene bucal com escova e fio dental.
Conforto: geralmente, causam menos irritação nas mucosas e gengivas em comparação com aparelhos fixos.
Planejamento digital: o tratamento é planejado virtualmente, o que permite um maior controle sobre o movimento dos dentes e resultados mais precisos.
Previsibilidade: é possível ter uma estimativa mais clara do tempo de tratamento.
Sobre se o uso do produto pode trazer algum desconforto, como sangramento na gengiva, o especialista conta que é bem incomum de acontecer. "O sangramento gengival é muito atrelado ao controle de placa bacteriana, ou seja, se a pessoa não escova o dente, mesmo sem o uso de aparelhos, vai sangrar a gengiva. Quando a gente coloca o alinhador, é incomum ter alguma injúria nos tecidos ou algum machucado", reforça. >
Victor Didier diz que a questão do dos dentes fora de posição pode afetar a autoestima e a estética do paciente. "Existem várias pesquisas que, quando estamos falando com alguém, olhamos muito mais para boca do que para outras partes do rosto. Então a boca e os olhos ficam muito divididos na atenção. Esse é o primeiro impacto", diz. >
Falando tecnicamente, a partir do momento que os dentes estão fora de posição, eles mordem errado, e isso causa mais desgaste. Pode levar a fraturas e, consequentemente, começa a fazer com que essa articulação, que é a mandíbula, a parte de baixo da boca, funcione errado. "No momento que a gente morde errado, tem uma alimentação e uma higienização ruim, porque os dentes fora de posição são mais difíceis de limpar, então eles precisam que o paciente tenha mais atenção com a escovação. E aqui tem outros impactos também na musculatura, da face e do cansaço. Alinhar os dentes não é só uma questão de estética, é de saúde de forma geral".>
José Gomez, vice-presidente da ClearCorrecr na América Latina, diz que o paciente que faz o tratamento está buscando a estética e um tratamento rápido. "Ele é totalmente personalizado. Precisa tanto que o paciente como o doutor de terem um entendimento visual de tudo o que vai acontecer em cada movimentação de cada etapa". >
No caso de crianças e adolescentes, a ortodontista Priscila Ayub diz que os alinhadores também podem ser utilizados, e que normalmente o tratamento é iniciado a partir de 6 anos, já que tem que ter rompido pelo menos os primeiros pré-molares, além dos incisivos estarem em processo de erupção. "Não é preciso que a criança troque os dentes para começar a fazer o uso dos alinhadores. A gente trata a partir da dentadura mista".>
Ela diz que os alinhadores auxiliam no tratamento desses pacientes porque são uma terapia estética e removível, algo que hoje em dia é muito desejado. "Alguns pacientes que a gente não conseguiria tratar de forma fixa, é possível tratar com alinhadores. Pacientes que tem problemas de colaboração, pacientes autistas que não aceitam coisas coladas, e aqueles que tem muita sensibilidade nos dentes". >
Priscila conta que os tratamentos vão evoluir num futuro próximo. "Atualmente a gente já trata muito melhor do que no passado e acho que você vai melhorar ainda mais. Tem alinhadores em regiões mais rígidas para conseguir promover ganhos ortopédicos que a gente ainda não consegue. Acredito que no futuro, talvez, a maior parte dos nossos pacientes serão tratados com alinhadores e não com aparelhos físicos", diz. >
* O jornalista viajou para o evento a convite da ClearCorrect>
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