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Adenomiose: entenda a doença que levou a cantora Gretchen a retirar o útero

Adenomiose: entenda a doença que levou a cantora Gretchen a retirar o útero

A adenomiose é uma doença ginecológica benigna que afeta cerca de 10% das mulheres

Publicado em 21 de fevereiro de 2024 às 15:20

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A cantora Gretchen
 Gretchen foi submetida a uma cirurgia para retirada do útero. (Reprodução/Instagram @mariagretchen)

A cantora Gretchen, 65 anos, foi submetida a uma cirurgia para retirada do útero, na última terça-feira (20). A artista sofre de uma doença chamada adenomiose e, por isso, precisou passar pelo procedimento.

A adenomiose é uma doença ginecológica benigna que afeta cerca de 10% das mulheres. O problema ocorre quando há uma presença anormal de tecidos endometriais na musculatura uterina, chamada miométrio. Gretchen contou em suas redes sociais que vinha sentindo muitas cólicas e inchaço abdominal, e como os tratamentos com medicamentos, hormônios e vitaminas não apresentaram o resultado desejado, foi indicada a cirurgia.

"Vou ficar um mês de repouso. Vou cortar sete camadas de pele. Minha barriga estava muito inchada. Sinto muita cólica e estou com o útero com 850 centímetros, o equivalente a uma gravidez de 20 semanas", contou a cantora ao Gshow.

A ginecologista e cirurgiã Thaissa Tinoco explicou que, mesmo sendo benigna, a adenomiose pode comprometer a qualidade de vida da mulher, em razão dos sintomas e desconfortos.

Entre os sintomas da adenomiose estão: cólica menstrual intensa, dor durante o ato sexual, aumento do fluxo menstrual, inchaço na barriga, dor ao evacuar ou prisão de ventre, além da dificuldade de engravidar.

“É muito importante que as mulheres se conscientizem sobre essa doença, que muitas vezes tem os seus sintomas ignorados e, portanto, acaba sendo considerada uma condição ‘normal’”, explicou a médica.

Thaissa Tinoco, ginecologista e cirurgiã
A ginecologista Thaissa Tinoco diz que  a adenomiose pode comprometer a qualidade de vida da mulher. (Divulgação)
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Se não for tratada corretamente, a adenomiose pode causar complicações, como hemorragias e abortos espontâneos. Além disso, essa condição pode dificultar a gestação

Thaissa Tinoco
Ginecologista e cirurgiã
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A adenomiose tem muitos sintomas em comum com a endometriose, outra doença ginecológica bastante recorrente entre as mulheres. Apesar das semelhanças, há diferença entre as duas condições. “No caso da endometriose, ocorre um crescimento do endométrio fora do útero, podendo até afetar outros órgãos da região pélvica. Já na adenomiose, esse crescimento anormal ocorre no interior do útero”, esclareceu Thaissa Tinoco.

Entenda como é o diagnóstico

O ginecologista André Vinícius esclarece que grande parte das vezes, a doença é diagnosticada por ultrassonografia. “Por esse exame, é possível identificar um miométrio irregular, ou que o útero está com o tamanho maior que o normal, pois a infiltração do tecido endometrial do miométrio pode aumentar o volume do útero”, comenta. A cantora Gretchen estava com o útero no tamanho de 850 centímetros, o que equivale a uma gestação de 20 semanas.

Segundo o médico, hoje o exame padrão ouro para identificar essa doença é a ressonância nuclear magnética da pelve, que tem um valor preditivo positivo muito alto, ou seja, ela tem alto índice de acerto.

O tratamento em pacientes sintomáticas consiste em fazer o controle dos sintomas. “Para pacientes que apresentam cólicas muito intensas, é possível ajustar medicamentos para o controle dessa cólica. Em pacientes com sangramento uterino normal, é possível fazer um bloqueio hormonal, que geralmente é o tratamento mais indicado para adenomiose. E como essa doença é localizada dentro do útero, o DIU medicado com levonorgestrel tem uma ação muito interessante, pois diminui as cólicas menstruais da paciente e diminui o fluxo também”, pontua Vinícius.

O médico complementa que é preciso ainda aliar o tratamento a um estilo de vida mais saudável, com a prática regular de atividade física, alimentação leve e equilibrada e o controle de estresse.

Em quais casos a cirurgia é indicada?

Existem casos em que a doença possui pontos focais, o que permite a realização de uma cirurgia para retirada desses pontos. Segundo o especialista, ela é ideal para pacientes que querem engravidar.

Já a histerectomia, isto é, a retirada completa do útero é um tratamento definitivo indicado para mulheres que já não desejam engravidar e que não conseguiram controlar a doença com a ajuda dos tratamentos convencionais. “Por ser uma doença localizada na camada muscular do útero, se retirar essa camada, não se tem mais o local para o tecido endometrial se instalar”, finaliza o especialista.

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