Kamila Zamprogno
Kamila Zamprogno . Crédito: Vitor Jubini

Três chefs capixabas abrem as portas de suas casas e mostram suas cozinhas

Peças garimpadas, muita cor, louças de diferentes estilos e utensílios que fazem toda a diferença no preparo dos alimentos. Três chefs abrem suas cozinhas e revelam ambientes únicos e cheios de personalidade

Tempo de leitura: 6min
Publicado em 16/08/2019 às 08h50
Atualizado em 11/12/2019 às 05h40

Cozinha é lugar de afeto. É ali que geralmente se vive bons momentos, sempre regados a risadas, boa comida e bebida. Para muitas pessoas, ela é o coração da casa. E para os chefs de cozinha, sem dúvida, o lugar mais importante do lar. Na casa deles, a decoração da cozinha ganha uma pitada a mais. Panelas penduradas, muita cor, peças garimpadas, louças herdadas ou compradas, e até equipamentos de restaurante estão nestes ambientes únicos. Três chefs capixabas abriram as portas de seus “laboratórios gastronômicos” e revelaram ambientes cheios de vida, charme e personalidade.

A cozinha da casa de Kamila Zamprogno, em Jacaraípe, não tem armários. “Não gosto. É na dispensa que guardo tudo, de alimentos a louças e panelas, assim funciona melhor. E obriga as coisas estarem sempre limpas e organizadas”, conta. Descendente de italianos, ela cresceu com a família sempre ao redor de uma grande mesa. “Aprendi com a minha mãe, que sempre gostou de receber pessoas. As reuniões em casa chegavam a ter 30 pessoas. A cozinha sempre foi motivo de unir a família”, lembra.

Kamila acabou herdando a tradição. Por isso, sua cozinha, de 18 metros quadrados, é o ponto de encontro da casa, que é totalmente integrada com outros ambientes. A chef e proprietária do badalado Café Haus, em Santa Teresa, é a responsável por toda a decoração, que não tem toque de decorador, e segue o gosto da moradora. “Vou colocando os objetos e eles acabam conversando entre si. Não gosto de espaços que nascem prontos, e sim dos que vão se formando ao longo do tempo”.

Antiguidade X Modernidade:  louças e livros se misturam com utensilhos "grifados", como a batedeira Kitchenaid e a Le Creuset  comprada em Nova York . Crédito:  Vitor Jubini
Antiguidade X Modernidade: louças e livros se misturam com utensilhos "grifados", como a batedeira Kitchenaid e a Le Creuset comprada em Nova York . Crédito: Vitor Jubini

A autenticidade está por todas as partes do espaço, que até três anos atrás era vermelho e amarelo. “Mudei e agora está azul e branco, mais clean. Assim como a do restaurante”, conta. A enorme mesa veio do Pará, com madeira escolhida pelo pai no meio da mata.

Kamila Zamprogno garimpou talheres de prata em feiras de antiguidade, no Sul da França. Crédito:  Vitor Jubini
Kamila Zamprogno garimpou talheres de prata em feiras de antiguidade, no Sul da França. Crédito: Vitor Jubini

Apaixonada por viagens, é de seus passeios que ela sempre traz algo novo. Como o conjunto de talheres de prata comprado em L'Isle-sur-la-Sorgue, cidade do Sul da França, e encontrado numa feira de rua de domingo. Ou a panela azul Le Creuset achada durante uma promoção em Nova York. “Carreguei durante a viagem de volta toda, porque não cabia na mala. Mas paguei 150 dólares, não podia perder”, lembra Kamila rindo.

A sua cozinha tem duas geladeiras. A branca é onde ela guarda alimentos para o dia a dia e também salgados. Já a vermelha, estilo vintage e que já foi cor-de-rosa, existe há 12 anos. “Nela guardo vinhos, iogurte, frutas e doces”, conta ela que há seis meses comprou a batedeira Kitchenaid, edição limitada dos 100 anos da marca. “Era o mimo que faltava na minha cozinha. Me dei de presente de aniversário”.

Decoração autêntica

A cozinha de Bia Brunow é cheia de personalidade. Azulejos rosa, placa do carro do dia do casamento e louças diversas dão charme ao ambiente. Crédito: divulgação/ Bia Brunow
A cozinha de Bia Brunow é cheia de personalidade. Azulejos rosa, placa do carro do dia do casamento e louças diversas dão charme ao ambiente. Crédito: divulgação/ Bia Brunow

 

Há um ano, quando se mudou para Colatina, Bia Brunow, 33 anos, achou a casa ideal. “No meu apartamento em Vitória não tinha espaço para receber pessoas. Mais do que obras, eu e minha mãe fizemos uma repaginação de estilo”, conta. Em outras palavras, a dupla fez uma decoração com a personalidade da dona, sem ajuda de decoradores. A casa, bem integrada - no primeiro andar tem sala, cozinha, copa, churrasqueira e piscina - tem uma decoração própria. “Não tem nada básico, porque eu não sou básica”, diz rindo, logo no início da conversa.

A cozinha de Bia Brunow é cheia de personalidade. Azulejos rosa, placa do carro do dia do casamento e louças diversas dão charme ao ambiente. Crédito: divulgação/ Bia Brunow
A cozinha de Bia Brunow é cheia de personalidade. Azulejos rosa, placa do carro do dia do casamento e louças diversas dão charme ao ambiente. Crédito: divulgação/ Bia Brunow

As cores se espalham por toda a casa, principalmente o verde e o rosa. A primeira principalmente através das plantas. Já a segunda, em detalhes como o azulejo vintage em formato de tijolinho na parede da cozinha. “Além do rosa, optei pelo preto como ponto neutro, visto na bancada e pia”. Mas são os acessórios, espalhados por todo o espaço, que chamam a atenção dos visitantes. Como a placa do carro, usada no dia do seu casamento, transformada numa espécie de quadro. “Tenho guardada há nove anos, usava na porta da minha casa. Carrego ela pra onde for”, conta Bia.

As louças sempre foram sua paixão. E ela tem peças de vários estilos e formatos, algumas garimpadas em viagens. Alguns pratos, inclusive, já foram fixados numa parede. “Também tenho algumas peças de ‘luxo’, como o ralador de gengibres comprado na Liberdade, em São Paulo, e a colher de pau, em Portugal”. Se fora de casa a fama é boa, dentro dela Bia precisa fazer jus ao amor pelo fogão, cozinhando para os amigos e clientes, que vão até sua cozinha para saborear suas criações. “A casa está sempre cheia, seja com eventos particulares ou cursos, além da visita de amigos e família”. E se ela está em ação, suas duas facas não ficam de fora. “São o meu maior instrumento de trabalho. Uma ganhei da minha irmã e outra comprei durante uma viagem a São Paulo. Essas duas são as que mais me dão conforto na hora de cozinhar, uso todos os dias”.

A cozinha de Bia Brunow é cheia de personalidade. Azulejos rosa, placa do carro do dia do casamento e louças diversas dão charme ao ambiente. Crédito: divulgação/ Bia Brunow
A cozinha de Bia Brunow é cheia de personalidade. Azulejos rosa, placa do carro do dia do casamento e louças diversas dão charme ao ambiente. Crédito: divulgação/ Bia Brunow

Outros detalhes também chamam a atenção. Como o vaso branco de cerâmica com o desenho de abelha, sempre com algum tipo de flor, ou o quadro de metal com o desenho de urso. “Esse quadro foi uma das primeiras peças que comprei. Está comigo desde o apartamento de Vitória”, conta Bia, que começou a cozinhar aos 15 anos, quando foi morar sozinha. “Profissionalmente virei chef há três anos, eu acabei acreditando nas pessoas que falavam que eu cozinhava bem. Mas eu sempre gostei de cozinhar”. Bia – que ficou entre os TOP 3 do programa The Taste Brasil 2019, do GNT – está sempre de olho em algo novo para sua cozinha, e, no momento, desejando a coleção da famosa panela La Cuisine.

Cozinha americana

Saniel Kalil morou 28 anos nos EUA e se inspirou nas cozinhas americanas para montar a sua, em Vila Velha. A bancada de cinco metros em granito chama a atenção. Crédito: CARLOS ALBERTO SILVA
Saniel Kalil morou 28 anos nos EUA e se inspirou nas cozinhas americanas para montar a sua, em Vila Velha. A bancada de cinco metros em granito chama a atenção. Crédito: CARLOS ALBERTO SILVA

 

A bancada de cinco metros, toda em granito, é um dos principais elementos da cozinha de Saniel Kalil, 38 anos. O ambiente foi projetado após ele morar 28 anos nos Estados Unidos e decidir voltar a morar em Vila Velha. “Ela foi toda idealizada para encontros entre amigos e me inspirei nas tradicionais cozinhas americanas”, conta.

Saniel Kalil morou 28 anos nos EUA e se inspirou nas cozinhas americanas para montar a sua, em Vila Velha. A bancada de cinco metros em granito chama a atenção. Crédito: CARLOS ALBERTO SILVA
Saniel Kalil morou 28 anos nos EUA e se inspirou nas cozinhas americanas para montar a sua, em Vila Velha. A bancada de cinco metros em granito chama a atenção. Crédito: CARLOS ALBERTO SILVA

A bancada dispensa o uso de paredes para dividir os ambientes, e a cozinha americana oferece mais conforto e praticidade para quem cozinha, aproximando os anfitriões dos convidados, que ficam sentados ao redor da mesa. “Todos os armários são estilo colonial”.

Saniel Kalil morou 28 anos nos EUA e se inspirou nas cozinhas americanas para montar a sua, em Vila Velha. A bancada de cinco metros em granito chama a atenção. Crédito: CARLOS ALBERTO SILVA
Saniel Kalil morou 28 anos nos EUA e se inspirou nas cozinhas americanas para montar a sua, em Vila Velha. A bancada de cinco metros em granito chama a atenção. Crédito: CARLOS ALBERTO SILVA

A maioria dos seus apetrechos vieram dos Estados Unidos, de avião ou em contêineres de navios. Entre eles as panelas da marca All-Clad, fabricadas em metais e consideradas uma das melhores panelas do mundo. “Assim como o forno Thermador”, conta.

Saniel Kalil morou 28 anos nos EUA e se inspirou nas cozinhas americanas para montar a sua, em Vila Velha. A bancada de cinco metros em granito chama a atenção. Crédito: CARLOS ALBERTO SILVA
Saniel Kalil morou 28 anos nos EUA e se inspirou nas cozinhas americanas para montar a sua, em Vila Velha. A bancada de cinco metros em granito chama a atenção. Crédito: CARLOS ALBERTO SILVA

Mesmo cozinhando para amigos, de forma despretensiosa, a sua cozinha não deixa de ser high-tech. Por isso, quem visita, fica de boca aberta com equipamentos que poderiam estar em restaurantes. Um exemplo é a coleção da Kitchenaid, uma das principais marcas quando o assunto é eletrodomésticos e utensílios de cozinha. “Tenho batedeira, processador e liquidificador. Já as facas são japonesas, suecas e alemãs”.

Ex-estudante de medicina, Saniel Kalil estudou na Le Cordon Bleu e começou na gastronomia trabalhando nos Estados Unidos. Hoje comanda o cerimonial Vila Öben, em Vila Velha. Mas é na cozinha de casa que gosta de estar. “Adoro fazer o suflê de baunilha. Além de ser fácil, o resultado final é muito chamativo e aromático, toma conta da casa”, finalizada.

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