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Tomar mamadeira deitado é fator de risco de otites em crianças

Tomar mamadeira deitado é fator de risco de otites em crianças

Especialista explica como esse hábito pode facilitar o acesso de bactérias e vírus ao ouvido

Publicado em 10 de março de 2018 às 13:17

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Posição facilita com que o líquido ingerido ou possível regurgitação da criança entre na trompa auditiva. (Pixabay )

Crianças pequenas que tomam mamadeira deitadas correm maior risco de ter infecção no ouvido. A reportagem falou com um especialista para entender porque uma atividade tão corriqueira como dar a mamadeira para um filho pode aumentar a incidência das otites - e porque mamar no peito não apresenta o mesmo risco.

Primeiramente, é preciso entender a função da trompa auditiva. Ela é um canal que conecta as narinas ao ouvido médio (parte do ouvido que é limitado pela membrana timpânica) e que tem como função levar ar ao aparelho auditivo.

Esse ar serve tanto para propagar o som no ouvido (fazendo, assim, com que escutemos) mas também é fundamental para o nosso equilíbrio, uma vez que é no ouvido que se equilibra a pressão interna do corpo com a pressão do meio externo. Tudo isso com o ar transportado através da trompa auditiva.

O pediatra do Centro de Estudos e Pesquisas João Amorim (Cejam), Mário Bracco, diz que tomar mamadeira deitado pode facilitar com que tanto o líquido ingerido quanto uma possível regurgitação da criança parem na trompa auditiva, podendo servir de transporte para vírus e bactérias até o ouvido.

“Regurgitação do leite é normal até o primeiro ano de vida. Isso é uma imaturidade do trato gastrointestinal e o período de sua ocorrência varia de criança para criança. Mas é fisiológico, natural do ser humano”, explica Mário. Além disso, ele fala que quando há líquido na trompa auditiva, esta região se expande e isso também favorece a chegada de vírus e bactérias até o aparelho auditivo. Por isso, o ideal é que crianças não tomem mamadeira deitadas.

Por outro lado, a mesma recomendação não é feita para crianças que mamam no peito. Isso ocorre porque os bebês precisam fazer mais força para mamar no peito do que na mamadeira e a movimentação da musculatura facial impede que o leite vá parar no ouvido.

“Mesmo que isto ocorra, o leite materno é estéril e, assim, há menor chance de contaminações”, fala o pediatra. Mais do que isso, o leite materno possui substâncias protetoras que ajudam no desenvolvimento do sistema imunológico da criança.

Mário explica que o sistema de defesa do nosso corpo contra agentes patogênicos continua se desenvolvendo durante os dois primeiros anos de vida. “O sistema imunológico da criança é protegido pelo leite materno, pelas vacinas e pelo contato com os vírus e bactérias que estão no ambiente que são os agentes patogênicos comuns”.

Entre os principais sintomas da otite estão dor no ouvido, perda do apetite e da força para mamar, febre alta e fraqueza para realizar qualquer atividade. Ela pode ter origem bacteriana, viral e até ambas. O pediatra explica que a diferenciação entre as duas está na intensidade com que os sintomas acometem a pessoa. “É preciso que se faça o acompanhamento do progresso da doença. Uma otite bacteriana tem progresso muito mais rápido do que uma otite viral”.

É importante ressaltar que as otites em crianças possuem diversos fatores para sua causa e não somente o fato de tomar mamadeira deitado. Entre os outros fatores estão, por exemplo, predisposição genética e até tabagismo dos pais. “E o antídoto para tudo isso é tomar o leite materno, não só pelos antibióticos presentes nele, como também pelo fato da criança fortalecer a musculatura facial”, reforça Mário.

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O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) recomenda que o aleitamento materno seja feito de forma exclusiva até os seis meses de vida. A partir desse período, o desmame pode ser feito com a introdução gradual de alimentos líquidos e pastosos. No entanto, o leite materno segue como fonte importante de energia, proteína e outros nutrientes, pelo menos até os dois anos de vida da criança. “O desmame aos dois anos não é regra obrigatória. Ele pode ocorrer antes ou depois e deve ser um acordo entre a mãe e a criança”, explica Mário.

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