Com as temperaturas nas alturas e sensação de calor acima dos 40ºC com recorde até de 51ºC aumenta o número de idosos que precisam de atendimento médico após episódios de mal-estar e até desmaios. Segundo o nefrologista Michel Assbu, também comentarista na Rádio CBN Vitória (92,5 FM), idosos sofrem muito com o calorão e o número de atendimentos é consideravelmente maior no verão porque o organismo deles é mais frágil.
Entre as queixas mais comuns entre os idosos estão o mal-estar e tontura ao levantar. "Principalmente os que tomam remédios anti-hipertensivos: eles levantam rápido para ir ao banheiro e, chegando lá, sentem a tontura. Eles têm um sistema autonômico mais lento, mais devagar", detalhou.
Michel comenta que os idosos têm uma quantidade de líquido menor na composição corporal e que, tanto no sol quente quanto no ar-condicionado, o idoso deve ter cuidado. "No calor, ele vai transpirar mais. Se ele fica em um ambiente fechado em ar-condicionado, ele vai 'evaporar' água mais rapidamente", disse Assbu.
RAZÕES METABÓLICAS
O médico cirurgião e cardiologista José Aírton de Arruda comenta que há aumento no número de atendimentos a idosos no verão por razões metabólicas, desidratação, entre outros. Ele explica que os idosos têm grande perda dos tecidos musculares e uma reserva óssea reduzida, assim como uma série de tecidos e órgãos que, pela quantidade e a forma deles, pelo envelhecimento, começam a perder substâncias importantes para o nosso corpo - e água também.
Com a idade mais avançada, a perda de proteína e de massa muscular também é grande, e como alguns idosos não têm grande reserva de tecido adiposo - popularmente conhecido como "camada de gordura", eles acabam se tornando mais vulneráveis ao calor. "Quando sentimos calor, temos vontade de beber água. Transpiramos mais e sentimos a necessidade de repor os líquidos", disse.
De acordo com o médico, quando uma pessoa adulta ou jovem sente sede, ela já está com cerca de 6% de desidratação. "Com a idade avançada, o idoso perde um pouco os mecanismos de termorregulação - um conjunto de mecanismos que permitem regular a temperatura corporal interna - para produção de calor, assim como a necessidade de sede. E aí vem a produção de suor para 'esfriar' o organismo. O cérebro detecta que está muito quente, que precisamos beber mais água para que o suor ajude a resfriar", explicou Arruda.
Por conta das falhas nos mecanismos de termorregulação, os idosos sentem menos sede e, com isso, a tendência de desidratação é maior.
O ideal é que, mesmo sem sede, as pessoas adultas e idosas criem o hábito de beber água. "O adulto já deveria se hidratar bastante e, o idoso, se não tiver restrição por problemas cardíacos, deve estar sempre se hidratando também. Beber sempre um pouquinho de água para não ter a sensação de sede". Com um organismo hidratado, o cardiologista Airton Arruda confirma que a possibilidade da queda de pressão é menor.
"Se sentiu mal, senta ou, se der, deita. Põe um pouquinho as pernas para cima. Essa prática de colocar sal debaixo da língua não é saudável. Se o desconforto persistir, o importante é procurar um hospital", reforça o médico. Ele informou, ainda, que estes são conselhos simples, mas que as pessoas precisam entender que os idosos perdem algumas funções regulatórias do cérebro. "São dicas úteis que são válidas", complementou.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta