> >
Merenda divertida conquista alunos em escola pública da Serra

Merenda divertida conquista alunos em escola pública da Serra

Atraídos por obras de arte, eles acabam provando alimentos

Publicado em 2 de março de 2019 às 22:39

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
A aluna Ana Clara Pelegrini com as merendeiras da escola Manoel Lessa, onde estuda. ( Ricardo Medeiros )

A maçã vira uma coruja. O chuchu, um pinguim. É assim, brincando com a comida, que uma escola da rede pública da Serra vem fazendo as crianças provarem novos sabores e, de quebra, vem reduzindo o desperdício de alimentos.

Os pratos criativos são a sensação na hora da merenda na Escola Municipal de Ensino Fundamental Manoel Vieira Lessa, em José de Anchieta II. São verdadeiras obras de arte com verduras, frutas e cereais.

“A nutricionista da rede nos pediu para usar a criatividade para não deixar os alimentos estragarem. Não fiz curso. Fui para a Internet pesquisar. Depois, pratiquei bastante até ficar bom”, explica Jackeline Freire Araújo, que acaba de descobrir o talento.

“Caí nessa função de paraquedas. Antes, trabalhava como assistente administrativa. Mas fiquei desempregada, depois engravidei. Quando resolvi buscar um emprego, veio essa oportunidade. Foi ótimo porque adoro mexer com comida”, conta ela.

Interesse

Além de ver sua rotina de trabalho ficar mais divertida, Jackeline se satisfaz ao ver que os alunos passaram a se interessar mais por certos alimentos e até a querer experimentá-los. “Muitos não comiam algumas frutas e legumes. Agora, quando vão pegar os pratos na hora da merenda, ficam encantados com as esculturas, querem levar para casa”.

A ideia deu tão certo que está sendo replicada para outras escolas. “Estamos até pensando em fazer um concurso interno com as merendeiras para eleger o prato mais criativo. É uma forma de incentivar que outras funcionárias sigam o exemplo”, empolga-se o secretário de Educação da Serra, Gelson Junquilho.

A proposta tem ainda outra vantagem: ela se traduz em economia para o município. “A gente começou a perceber que reduziu o desperdício de alimentos em 60% naquela unidade e queremos ampliar isso para toda a rede”, aponta o secretário.

O objetivo principal, segundo ele, é realmente mudar o olhar dos estudantes sobre o que é uma alimentação saudável. “Queremos que eles sintam vontade de provar um alimento que não têm o costume de comer, até porque, muitas vezes, algumas famílias nem têm condições de comprar no dia a dia”.

Cardápio

O secretário admite, porém, que o desafio em relação à alimentação das crianças vai além e exige novas práticas internas. Uma olhada no cardápio das unidades que atendem as crianças menores, os Centros de Educação Infantil (CMEIs), por exemplo, revela que muito do que é servido aos alunos deixa a desejar no quesito saudável. Há de biscoitos doces a achocolatado em pó, produtos que estão fora da recomendação para os pequenos.

A Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde recomendam não oferecer açúcar no primeiro ano de vida da criança. Já os pediatras indicam que alimentos açucarados só sejam introduzidos após os dois anos.

Nutricionista infantil, Fabiana Furlani Sales acha a iniciativa dos pratos criativos muito boa. “As crianças vivem num mundo lúdico. Então, quanto mais leve for tratada a alimentação, mais fácil é envolvê-las”.

Para a especialista, no entanto, a medida por si só não é suficiente para implementar hábitos saudáveis nas crianças. “Quando a gente olha os lanches, o cardápio é todo muito baseado em açúcar, tem biscoitos doces, leite com achocolatado... Fica muito difícil falar para a criança comer alimentos saudáveis enquanto ela come alimentos com sabores tão intensos quanto os com açúcar. Acho que tem melhorar, com certeza, o cardápio da escola”, opina ela.

Este vídeo pode te interessar

Junquilho concorda que o cardápio que vigora atualmente não é o ideal e não descarta uma nova avaliação para mudar a merenda das crianças. “Precisamos ofertar um cardápio mais saudável. Não é de um dia para o outro. Mas é importante diminuir o açúcar, colocar mais frutas, mais fibras”

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais