Tem dias em que a gente está mais triste. Em outros, ficamos alegres, cheios de animação. Ou então mais irritados. Mudar de humor é algo normal. Mas em algumas pessoas essas mudanças ocorrem de forma mais constante, intensa e sem explicação. Pode ser o transtorno bipolar, um problema que afeta em torno de seis milhões de brasileiros e que é difícil de diagnosticar. Costuma ser confundido, às vezes, com a depressão.
O psiquiatra Jairo Navarro explica que os dois quadros têm características em comum, mas o transtorno afetivo bipolar é marcado pela oscilação entre períodos depressivos e episódios de mania/hipomania (períodos de euforia).
Confira o bate-papo e entenda mais sobre esse transtorno.
Diferentemente do que muitos pensam, o paciente bipolar não tem oscilações de humor ao longo do dia. As variações duram por um período de tempo. A fase de depressão, em que o paciente fica triste e perde o prazer de fazer atividades corriqueiras do dia a dia, por exemplo, dura pelo menos duas semanas. A fase de mania ou hipomania, em que ele passa a maior parte do tempo com autoestima superelevada, muita energia e pensamentos acelerados, dura pelo menos quatro dias. Quem convive com uma pessoa bipolar percebe claramente essa quebra no padrão de funcionamento dela.
Sim. A faixa etária mais comum de início da doença é entre o final da adolescência e o início da fase adulta jovem, entre 20 e 25 anos. Isso não quer dizer, entretanto, que não possa acontecer antes ou depois dessa idade.
Os episódios depressivos são muito semelhantes, tanto na depressão unipolar como na bipolar. É justamente por isso que os quadros chegam a ser confundidos. Para identificar a bipolaridade, é preciso haver a oscilação dos episódios de mania/hipomania e depressão. Não existe um exame laboratorial, de imagem, por exemplo, para fazer o diagnóstico. Um psiquiatra bem treinado é a pessoa capacitada para fazer o exame psicopatológico, a avaliação clínica do paciente.
Se não passar pelo tratamento adequado, o paciente pode representar riscos para si próprio e para terceiros. No período depressivo, por exemplo, pode ter prejuízos familiares e no trabalho e até sentir desejos suicidas. No período de euforia, costuma apresentar comportamentos de risco, como compulsão por compras e por sexo, podendo acarretar, por exemplo, endividamento, gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis. A irritabilidade excessiva pode provocar episódios de agressão e, em casos mais graves, até de homicídio.
Não existe cura para a doença, mas um paciente que segue o tratamento de forma adequada consegue levar uma vida normal. Esse tratamento envolve o uso de medicamentos estabilizadores de humor, que podem ser combinados com psicoterapias e tratamentos coadjuvantes, mas o remédio é primordial. Não dá para tratar transtorno bipolar sem remédio.
É muito importante dar apoio, incentivar o tratamento, não fazer julgamentos, ajudar a tomar as medicações adequadamente e a participar das sessões de terapia, bem como observar a existência de alterações comportamentais que possam sinalizar o abandono do tratamento.
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