> >
A pessoa bipolar muda de humor toda hora? Entenda o transtorno

A pessoa bipolar muda de humor toda hora? Entenda o transtorno

Psiquiatra explica a diferença entre depressão e bipolaridade e cita os principais sinais do problema

Publicado em 9 de janeiro de 2020 às 16:12

 - Atualizado há 6 anos

Bipolaridade, transtorno bipolar, saúde mental - Editoria: Bem-Estar e Saúde Crédito: Shutterstock

Tem dias em que a gente está mais triste. Em outros, ficamos alegres, cheios de animação. Ou então mais irritados. Mudar de humor é algo normal. Mas em algumas pessoas essas mudanças ocorrem de forma mais constante, intensa e sem explicação. Pode ser o transtorno bipolar, um problema que afeta em torno de seis milhões de brasileiros e que é difícil de diagnosticar. Costuma ser confundido, às vezes, com a depressão.

O psiquiatra Jairo Navarro explica que os dois quadros têm características em comum, mas o transtorno afetivo bipolar é marcado pela oscilação entre períodos depressivos e episódios de mania/hipomania (períodos de euforia).

Confira o bate-papo e entenda mais sobre esse transtorno.

Quais os principais sinais do transtorno bipolar?

  • Diferentemente do que muitos pensam, o paciente bipolar não tem oscilações de humor ao longo do dia. As variações duram por um período de tempo. A fase de depressão, em que o paciente fica triste e perde o prazer de fazer atividades corriqueiras do dia a dia, por exemplo, dura pelo menos duas semanas. A fase de mania ou hipomania, em que ele passa a maior parte do tempo com autoestima superelevada, muita energia e pensamentos acelerados, dura pelo menos quatro dias. Quem convive com uma pessoa bipolar percebe claramente essa quebra no padrão de funcionamento dela.

Crianças podem ser diagnosticadas com bipolaridade?

  • Sim. A faixa etária mais comum de início da doença é entre o final da adolescência e o início da fase adulta jovem, entre 20 e 25 anos. Isso não quer dizer, entretanto, que não possa acontecer antes ou depois dessa idade.

"O paciente bipolar não tem oscilações de humor ao longo do dia. As variações duram por um período de tempo. A fase de depressão, em que o paciente fica triste e perde o prazer de fazer atividades corriqueiras do dia a dia, por exemplo, dura pelo menos duas semanas. "

Jairo Navarro

Psiquiatra

Como diferenciar depressão e bipolaridade e por que esses transtornos são confundidos?

  • Os episódios depressivos são muito semelhantes, tanto na depressão unipolar como na bipolar. É justamente por isso que os quadros chegam a ser confundidos. Para identificar a bipolaridade, é preciso haver a oscilação dos episódios de mania/hipomania e depressão. Não existe um exame laboratorial, de imagem, por exemplo, para fazer o diagnóstico. Um psiquiatra bem treinado é a pessoa capacitada para fazer o exame psicopatológico, a avaliação clínica do paciente.

Quais consequências a doença pode gerar?

  • Se não passar pelo tratamento adequado, o paciente pode representar riscos para si próprio e para terceiros. No período depressivo, por exemplo, pode ter prejuízos familiares e no trabalho e até sentir desejos suicidas. No período de euforia, costuma apresentar comportamentos de risco, como compulsão por compras e por sexo, podendo acarretar, por exemplo, endividamento, gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis. A irritabilidade excessiva pode provocar episódios de agressão e, em casos mais graves, até de homicídio.

A bipolaridade tem cura? Como é feito o tratamento?

  • Não existe cura para a doença, mas um paciente que segue o tratamento de forma adequada consegue levar uma vida normal. Esse tratamento envolve o uso de medicamentos estabilizadores de humor, que podem ser combinados com psicoterapias e tratamentos coadjuvantes, mas o remédio é primordial. Não dá para tratar transtorno bipolar sem remédio.

Quais as recomendações para quem convive com um bipolar?

  • É muito importante dar apoio, incentivar o tratamento, não fazer julgamentos, ajudar a tomar as medicações adequadamente e a participar das sessões de terapia, bem como observar a existência de alterações comportamentais que possam sinalizar o abandono do tratamento.

  • Viu algum erro?
  • Fale com a redação

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais