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De palavras a cliques: a história do Espírito Santo contada em imagens

De palavras a cliques: a história do Espírito Santo contada em imagens

A fotografia é uma importante ferramenta de valorização e disseminação da identidade capixaba

Publicado em 26 de setembro de 2023 às 16:55

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Cotidiano: Centro de Vitória (ES)
Cotidiano: Centro de Vitória (ES). (Gabriel Lordêllo)
Isabelle Oliveira
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Basta dar um clique na tela do celular e pronto: a imagem é captada e o resultado pode ser visto na mesma hora. Os avanços tecnológicos facilitaram o processo de contar histórias e registrar o cotidiano por meio da fotografia. A imagem guarda memórias, sejam elas do presente ou do passado. Prova disso é que muito da cultura e da diversidade capixaba encontra-se espalhado mundo afora.

Com 24 anos dedicados à fotografia, Gabriel Lordêllo coleciona em seu acervo pessoal mais de 60 mil imagens do Espírito Santo - e esse número aumenta diariamente. Foi através do registro de paisagens, comunidades, religiões e tradições capixabas, como o congo, que ele teve a oportunidade de levar sua exposição “Capixaba” para o Centro Cultural G8 de Sófia, capital da Bulgária, em 2017.

Gabriel Lordello
Gabriel Lordêllo. (Acervo pessoal)

No entanto, captar essa quantidade de imagens não foi um processo rápido. A história de Lordêllo com a fotografia começou quando ainda era criança, ao admirar os registros que seu pai fazia de momentos em família.

“Eu aprendi a gostar muito do Espírito Santo com meus pais, porque todo final de semana a gente viajava para Alfredo Chaves, para Venda Nova… nas minhas férias, eu ia para o Pico da Bandeira. Então, eu sempre tive esse interesse, eu aprendi a dar valor a isso.”, relata o fotógrafo.

Cotidiano: barbeiro em Goiabeiras (ES)
Cotidiano: barbeiro em Goiabeiras (ES). (Gabriel Lordêllo)

Naquela época, ainda utilizava-se câmeras analógicas, que diferentemente do resultado imediato proporcionado pelas câmeras digitais de hoje em dia, armazenavam a imagem em um filme fotográfico para só ser vista depois de revelada (e isso levava dias!).

Mais tarde, em 1997, Lordêllo entrou na faculdade de Jornalismo e pôde aprender teorias e práticas sobre fotografia jornalística. Segundo o fotógrafo, foi através do curso que ele descobriu que para contar uma história não precisava se limitar ao texto, mas que também podia usar da fotografia para exaltar ou denunciar o que via. “Eu não conseguia escrever sob pressão, eu tinha que raciocinar mais para poder entregar algo. Na fotografia não, ao surgir uma pauta eu resolvia rápido”, conta ele.

Encontro da Folia de Reis, em Muqui (ES)
Encontro da Folia de Reis, em Muqui (ES). (Gabriel Lordêllo)

Com a certeza do que gostava de fazer, Lordêllo iniciou sua carreira como fotojornalista em 2004, na Rede Gazeta, onde dedicou dez anos de trabalho à imprevisibilidade da profissão. “A imagem nunca vai estar pronta. Nunca é a imagem que dizem que você vai encontrar. Por isso que eu digo que é a melhor escola. Quando você consegue essa imagem que sensibiliza ou que provoca, você cumpre sua função”, pontua.

Foi com essa premissa que o profissional recebeu o prêmio Findes de Jornalismo - na época, a maior premiação da imprensa no Espírito Santo - na categoria fotojornalismo, em 2016. Ele foi vencedor com uma imagem que mostrava o caminho que a lama percorreu de Minas Gerais ao Espírito Santo depois do rompimento da barragem de Mariana (MG), em 2015.

Tragédia do rompimento da barragem de Mariana (MG), em 2015
Tragédia do rompimento da barragem de Mariana (MG), em 2015. (Gabriel Lordêllo)

Esta mesma fotografia fez com que Lordêllo recebesse um convite para participar de uma exposição na Europa depois que uma cidade da Bulgária teve um problema semelhante ao desastre do Brasil, mas com uma indústria.

Fórum Capixaba de Fotografia

Na defesa de uma maior valorização dos profissionais e amadores da fotografia no Espírito Santo, Gabriel Lordêllo é um dos precursores do Fórum Capixaba de Fotografia, iniciado em junho deste ano. A organização tem como objetivo reivindicar a aplicação de políticas públicas de fomento à cultura do Estado em prêmios e editais voltados a esta categoria.

“É importante essa massificação da comunicação pela imagem, mas é preciso incentivo para que o fotógrafo coloque esse trabalho na rua”, defende o profissional, lembrando que hoje em dia basta que as pessoas tenham um celular em mãos para produzir fotografias: “Você (profissional) não perde, você ganha, porque agora tem fotógrafos por todos os lados”, defende Lordêllo.

Pomeranos que moravam Parque Nacional dos Pontões Capixabas, em Pancas (ES)
Pomeranos que moravam Parque Nacional dos Pontões Capixabas, em Pancas (ES). (Gabriel Lordêllo)

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ISABELLE OLIVEIRA é aluna do 26º Curso de Residência em Jornalismo. Este conteúdo teve orientação da editora Andréia Pegoretti e edição final do coordenador do programa, Eduardo Fachetti.

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