Publicado em 31 de julho de 2024 às 11:04
Perguntado qual o primeiro pensamento que veio à cabeça quando a conquista da inédita medalha da equipe feminina de ginástica artística foi confirmada, Chico Porath não titubeou: “Caramba, a Jade é medalhista olímpica!”>
. A reação do treinador externa um sentimento comum aos fãs da modalidade, de que a veterana merecia demais ter esse feito no currículo. >
Jade Barbosa se apresentou para o Brasil como um dos grandes nomes do esporte olímpico brasileiro nos Jogos Pan-americanos Rio 2007.>
No ano seguinte conquistou um bronze no individual geral no Mundial de Stuttgart. Ela conquistaria ainda outras duas medalhas em Mundiais, subindo ao pódio na competição em três décadas diferentes: foi também bronze no salto em 2010 e prata por equipes em 2023.>
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A ginasta tinha, até então, duas participações olímpicas no currículo, sendo oitava colocada por equipes em Pequim 2008 e na Rio 2016. No Mundial de 2019, que poderia dar a vaga por equipes para o Brasil em Tóquio 2020, sofreu uma lesão no tornozelo, uma das muitas que enfrentou ao longo da carreira. Sem a vaga do grupo, não competiu no Japão e trabalhou foi comentarista nas transmissões das medalhas de Rebeca Andrade.>
Paris 2024 talvez fosse a última chance de a veterana subir ao pódio olímpico. E Jade se desdobrou para se fazer presente e necessária ao grupo. Foi a incentivadora das mais novas, o porto seguro nos momentos difíceis. Desenhou os collants de treino e de competição, secou chão, preparou as barras.>
“Eu conheço Jade desde que ela tinha 13 anos, quase minha carreira toda no Brasil. Temos a Rebeca como líder técnica, mas temos uma líder capitã que é a Jade. Cuida de tudo, ajuda a equipe como uma base, uma raiz. Ela tem muita experiência. Nas Olimpíadas de 2008 que a gente esperou muito uma medalha, mas infelizmente não deu. Estou muito feliz que ela, com 33 anos, finalmente tem essa medalha”, disse a técnica ucraniana Iryna Ilyashenko.>
Nesta terça-feira (30), Jade foi escalada para competir apenas no último dos quatro aparelhos da rotação. Mas se manteve ativa desde o primeiro para preparar as barras assimétricas para as companheiras. >
Passou spray, pó de magnésio, secou o suor que pingou no chão. Ficou de olho quando Flávia Saraiva saiu para receber atendimento médico após cortar o supercílio. Só deixou a área de competições da Arena Bercy para se aquecer no salão de apoio, para não esfriar.>
O salto, último aparelho, é o mais forte do Brasil. A veterana foi a primeira a saltar e não conseguiu cravar a aterrissagem. Era possível em seu rosto o peso da responsabilidade. Segurou a emoção até as notas das britânicas na trave trazerem o alívio e confirmarem que o Brasil dela era medalhista olímpico. Ela, Jade Barbosa era medalhista olímpica.>
“Eu já competi em Jogos Olímpicos em casa, Jogos Pan-americano em casa, tenho medalhas em Mundiais em três décadas diferentes. O que eu poderia pedir mais? Mas Deus me deu, deu às meninas. Fico muito feliz de estar hoje vivendo a ginástica que eu sempre imaginei para o Brasil”, disse a brasileira, que complementou:>
“As pessoas hoje tiveram a oportunidade de ver duas horas do Brasil competindo, mas sabemos que essas duas horas foram trabalhadas em mais de 40 anos. Nós fomos conquistando passo a passo para que hoje a gente chegasse e tivesse esse resultado por equipes. O Brasil não era nada nesse esporte. A gente começou com alguns talentos individuais e muito 'paitrocínio'. Hoje nós somos uma potência.”>
“Hoje a gente pode dizer que tem uma escola brasileira de ginástica. Não foi a nossa melhor competição, mas hoje a gente consegue ganhar uma medalha sem fazer a nossa melhor competição. Quando a gente imaginou isso? A gente lutou por cada detalhe, cada menina deu tudo o que tinha. Nosso sonho sempre foi popularizar o esporte, e com essa competição hoje a gente quer mais pessoas praticando, a gente quer que essas novas gerações sintam que é possível também”.>
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