Publicado em 21 de maio de 2025 às 18:39
Durante a visita do presidente sul-africano Cyril Ramaphosa à Casa Branca nesta quarta-feira (21/05), Donald Trump fez acusações de que estaria ocorrendo uma "limpeza étnica" contra brancos na África do Sul.>
O presidente americano acusou o governo sul-africano de confiscar terras de fazendeiros brancos, promulgar políticas discriminatórias contra brancos e adotar uma política externa antiamericana.>
Trump recebeu seu homólogo sul-africano com uma agenda focada em comércio e cooperação tecnológica, mas no pano de fundo estava um cenário de deterioração na relação bilateral, após vários conflitos diplomáticos nos últimos meses.>
Em fevereiro, Trump cortou todo o financiamento à África do Sul ao emitir uma ordem executiva acusando o governo de Ramaphosa de apoiar inimigos dos EUA pelo mundo, como o Irã e o grupo palestino Hamas.>
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A reunião começou cordialmente, com Trump descrevendo Ramaphosa como "um homem verdadeiramente respeitado em muitos círculos" — embora tenha dito depois que, em outros meios, o sul-africano seria "considerado um pouco controverso".>
O presidente sul-africano, por sua vez, afirmou que o objetivo de sua visita era "restabelecer relações com os Estados Unidos".>
Mas, então, as luzes no Salão Oval foram diminuídas, e Trump apresentou um vídeo mostrando Julius Malema, líder da oposição sul-africana, cantando uma música polêmica que inclui a frase "atirar no bôer" — uma referência à comunidade branca de origem holandesa do país africano.>
"É algo terrível, nunca vi nada parecido", comentou Trump enquanto as imagens eram projetadas, afirmando que "estão matando essas pessoas" e repetindo a palavra "genocídio".>
Visivelmente desconfortável, o presidente sul-africano defendeu o sistema democrático de seu país e destacou que "a criminalidade na África do Sul afeta tanto brancos quanto negros".>
Ramaphosa enfatizou que Malema e seu partido não fazem parte do governo e que as declarações destes não representam a política oficial.>
Quando Trump perguntou se o sul-africano sabia onde o vídeo havia sido gravado, Ramaphosa respondeu: "Não. Gostaria de saber, porque nunca o vi.">
Trump rebateu: "É na África do Sul".>
O presidente dos EUA também mostrou notícias sobre pessoas brancas assassinadas na África do Sul.>
O americano afirmou que brancos estariam saindo da África do Sul por questões de segurança.>
"Suas terras estão sendo confiscadas e, em muitos casos, elas estão sendo mortas", disse.>
"Quando eles tomam a terra, matam o fazendeiro branco.">
Ramaphosa reconheceu que já ocorreram assassinatos de fazendeiros brancos sul-africanos, mas argumentou que, segundo os dados, esse tipo de crime compõe uma pequena fração no quadro geral da criminalidade.>
Em relação à desapropriação de terras, uma lei de 2024 permite que o governo confisque terras, sem compensação, para fins públicos.>
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Por Bernd Debusmann Jr., correspondente da BBC na Casa Branca>
Desde que Trump voltou à presidência, vários líderes estrangeiros visitaram a Casa Branca — mas esta é a primeira vez que vemos esse tipo de emboscada contra um deles.>
O vídeo projetado por Trump parece ter sido preparado com antecedência: Trump estava pronto para se dirigir às telas (que normalmente não ficam no Salão Oval) assim que o assunto do "genocídio" de fazendeiros brancos fosse mencionado novamente.>
Em determinado momento, Trump chegou a falar enquanto o vídeo era exibido, narrando aos presentes o que estava sendo dito.>
A atmosfera na sala mudou, com Trump folheando furiosamente uma pilha de papéis sobre a violência na África do Sul.>
A delegação sul-africana parecia não saber como reagir.>
Esta emboscada difere do confronto de fevereiro com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que foi inesperado.>
Dessa vez, Trump chegou preparado, munido de materiais que ele acreditava sustentar seus argumentos.>
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