Publicado em 10 de outubro de 2025 às 19:32
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta sexta-feira (10/10) impor tarifas de 100% sobre China por conta de medidas anunciadas pelo país asiático no controle de exportação de terras raras e outros materiais.>
"É impossível acreditar que a China tenha tomado tal atitude, mas tomou, e o resto é história", escreveu Trump em suas redes sociais, classificando a decisão chinesa como "extraordinariamente agressiva".>
Segundo ele, a taxa está prevista para entrar em vigor em 1ºde novembro.>
O republicano ameaçou também aumentar o controle na exportação de "sofwares críticos". >
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O presidente americano ameaçou ainda cancelar uma reunião com seu homólogo chinês, Xi Jinping. Trump afirmou não ver "qualquer motivo" para o encontro.>
Os mercados financeiros caíram após os comentários de Trump, com o índice S&P 500 fechando em queda de 2,7% — a maior desde abril.>
A China domina a produção de terras raras e alguns outros componentes essenciais de carros, smartphones e muitos outros itens.>
Na última vez que Pequim reforçou os controles de exportação — depois que Trump aumentou as tarifas sobre produtos chineses no início deste ano —, houve reclamações de muitas empresas americanas dependentes desses materiais. >
A montadora Ford chegou a ter que suspender temporariamente sua produção.>
Além de endurecer as regras para as exportações de terras raras, a China abriu uma investigação de monopólio sobre a empresa de tecnologia americana Qualcomm, o que pode impedir a aquisição de outra fabricante de chips.>
Embora a Qualcomm tenha sede nos EUA, uma parcela significativa de seus negócios está concentrada na China.>
Pequim também anunciou que cobrará novas taxas portuárias de navios com vínculos com os EUA, incluindo aqueles de propriedade ou operados por empresas americanas.>
"Coisas muito estranhas estão acontecendo na China!", escreveu Trump nesta sexta. "Eles estão se tornando muito hostis.">
Os EUA e a China estão em uma frágil trégua comercial desde maio, quando ambos os lados concordaram em reduzir as tarifas de três dígitos sobre os produtos um do outro — as quais quase interromperam o comércio entre os dois países.>
Após as negociações, as tarifas americanas sobre produtos chineses chegaram a uma cobrança adicional de 30% em comparação ao início do ano, enquanto os produtos americanos que entram na China enfrentam uma nova tarifa de 10%.>
Representantes de ambos os países realizaram desde então uma série de negociações sobre assuntos como o TikTok, compras agrícolas e o comércio detecnologia avançada, como semicondutores.>
Os dois lados devem se reunir novamente este mês em uma cúpula na Coreia do Sul.>
O especialista em China Jonathan Czin, membro da Brookings Institution (Instituição Brookings, um centro de pesquisas), disse que as movimentações recentes de Xi são uma tentativa de moldar as próximas negociações. O analista destaca que a recente decisão sobre terras raras não entra em vigor imediatamente.>
Para Czin, a China não está preocupada com a retaliação dos EUA.>
"O que a China aprendeu com as tarifas do 'Dia da Libertação' [como Trump chamou a data em que anunciou tarifas contra vários países] e o ciclo de escalada seguido de desescalada é que o lado chinês tinha uma tolerância maior à dor", avalia. >
"Da perspectiva deles, o governo Trump vacilou.">
Em rodadas anteriores de negociações comerciais, a China pressionou por restrições americanas mais flexíveis sobre semicondutores. Também está interessada em garantir políticas tarifárias mais estáveis que facilitariam a venda de suas empresas para os EUA.>
Xi já havia usado como vantagem o domínio de seu país na produção de terras raras.>
Mas as regras de exportação divulgadas esta semana têm como alvo fabricantes estrangeiros da área de defesa, o que as torna particularmente graves, diz Gracelin Baskaran, diretora do programa de segurança de minerais críticos do Center for Strategic and International Studies (Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais), com sede em Washington.>
"Nada impulsiona os Estados Unidos mais do que mirar nossa indústria de defesa", afirma Baskaran.>
"Os EUA terão que negociar porque temos opções limitadas e, em uma era de crescente tensão geopolítica e potencial conflito, precisamos construir nossa base industrial de defesa.">
Embora uma reunião entre Trump e Xi pareça improvável, ela disse que não está necessariamente fora de cogitação. Baskaran disse que ainda há tempo e espaço para negociações. As novas regras da China só entram em vigor em dezembro.>
"As negociações são provavelmente iminentes", disse ela. "Quem as realizará e onde ocorrerão será determinado com o tempo.">
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