Publicado em 13 de dezembro de 2024 às 14:44
Em apenas duas semanas, rebeldes saíram de seu enclave no noroeste da Síria e capturaram uma série de grandes cidades, até chegar a Damasco e derrubar o presidente Bashar al-Assad, 13 anos após o início da guerra civil do país.>
Em comboios de pequenos veículos e motocicletas, os combatentes liderados pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) se movimentaram rapidamente pela rodovia norte-sul que forma a espinha dorsal do país, para tomar a capital sem resistência.>
Mas enquanto muitos no país comemoram a queda de uma dinastia familiar que governou a Síria com punho de ferro, o futuro é incerto e a situação permanece em fluxo, com vários grupos rebeldes diferentes controlando diferentes partes do país.>
A queda do regime de Assad foi provocada pelo avanço repentino e inesperado dos rebeldes do HTS, mas, embora o grupo controle as principais cidades da Síria, ele não governa o país inteiro.>
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A Síria tem sido controlada por anos por uma colcha de retalhos de grupos rebeldes, incluindo o HTS em Idlib e grupos liderados por curdos no nordeste do país, alguns dos quais também tomaram território nos últimos dias e semanas.>
Nenhum dos grupos rebeldes lamentará a queda do regime de Assad, mas encontrar um consenso sobre como governar o país ainda pode ser difícil e no norte do país houve confrontos entre facções concorrentes.>
Após anos atrás de linhas de frente inalteradas, os rebeldes realizaram um avanço relâmpago, culminando na derrubada do presidente e na tomada da capital no fim de semana.>
Após tomar a segunda maior cidade da Síria, Aleppo, no final de novembro, os rebeldes continuaram sua ofensiva, movendo-se para o sul para tomar o controle da cidade de Hama na última quinta-feira (5/12).>
O avanço continuou em ritmo acelerado, com a terceira cidade da Síria, Homs, caindo no sábado, pouco antes de as forças do governo também perderem o controle da capital.>
A Síria, com uma população de cerca de 22 milhões de pessoas, está localizada na costa leste do mar Mediterrâneo. Faz fronteira com a Turquia ao norte, Líbano e Israel a oeste e sudoeste, Iraque a leste e Jordânia ao sul.>
A Turquia, as potências ocidentais e alguns Estados árabes do Golfo apoiaram vários elementos da oposição síria em diferentes graus durante o conflito.>
O movimento Hezbollah, sediado no Líbano e apoiado pelo Irã, lutou ao lado do exército sírio, mas foi severamente enfraquecido por seu conflito com Israel. >
Isso é visto como uma razão fundamental pela qual o avanço rebelde foi tão bem-sucedido.>
Israel, preocupado com o que chama de "entrincheiramento militar" do Irã na Síria, lançou ataques aéreos contra os militares sírios.>
Aviões de guerra israelenses teriam realizado centenas de ataques aéreos na Síria, mirando instalações militares do Exército Sírio, incluindo armazéns de armas, depósitos de munição, aeroportos, bases navais e centros de pesquisa.>
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (SOHR, na sigla em inglês), sediado no Reino Unido, diz ter documentado mais de 300 ataques de Israel desde a queda do regime de Assad no domingo, incluindo na capital, Damasco, Aleppo e Hama.>
Relatos dão conta de que muitas das instalações atingidas foram completamente destruídas.>
Israel diz que suas ações são para evitar que armas caiam "nas mãos de extremistas" enquanto a Síria transita para uma era pós-Assad.>
Israel também diz que tomou temporariamente o controle de uma zona tampão desmilitarizada nas Colinas de Golã, dizendo que o acordo de 1974 com a Síria havia "entrado em colapso" com a tomada do país pelos rebeldes.>
As Colinas de Golã são um planalto rochoso a cerca de 60 km a sudoeste de Damasco.>
Israel tomou o território da Síria nos estágios finais da Guerra dos Seis Dias de 1967 e o anexou unilateralmente em 1981. O movimento não foi reconhecido internacionalmente, embora os EUA o tenham feito unilateralmente em 2019.>
Na cidade de Manbij, no norte, houve confrontos entre forças apoiadas pela Turquia e rebeldes liderados pelos curdos.>
Ambos os lados alegam ter tomado partes da cidade.>
Analistas do Instituto para o Estudo da Guerra disseram no início da semana que ainda não conseguiam determinar quem estava no controle de Manbij.>
Em 2015, a Rússia enviou milhares de tropas para a Síria para ajudar a manter o presidente Assad no poder.>
Em troca dessa assistência militar, a Rússia recebeu o controle por 49 anos de duas bases militares importantes.>
O porto de Tartus é a única grande base naval ultramarina da Rússia e também sua única base naval no Mediterrâneo.>
Junto com a base aérea de Hmeimim, que é frequentemente usada para transportar os paramilitares da Rússia para dentro e para fora da África, as duas bases desempenham um papel importante na capacidade russa de operar como uma potência global.>
O Kremlin disse que manterá discussões com a nova administração da Síria sobre o futuro de ambos os locais.>
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