Publicado em 14 de janeiro de 2025 às 08:44
Aos 20 anos, Pierre Poilievre já tinha um roteiro para o Canadá.>
O líder do Partido Conservador do Canadá — agora com 45 anos — expôs uma visão de baixo imposto e pouca intervenção do governo para o país em um concurso de redação sobre o que ele faria como primeiro-ministro.>
"Um dólar deixado nas mãos de consumidores e investidores é mais produtivo do que um dólar gasto por um político", afirmou.>
Poilievre está um passo mais perto de tornar sua visão uma realidade, e até mesmo deu um aceno para o ensaio em uma entrevista recente com o psicólogo e comentarista conservador Jordan Peterson.>
>
Durante meses, os conservadores de Poilievre desfrutaram de uma grande vantagem sobre o Partido Liberal, em dificuldades em pesquisas nacionais, sugerindo que eles teriam maioria para formar um governo se uma eleição fosse realizada hoje.>
Agora, o primeiro-ministro Justin Trudeau anunciou sua renúncia, e com uma eleição provavelmente convocada em breve, Poilievre está prometendo um retorno à "política do senso comum".>
>
Para os canadenses frustrados com uma economia lenta e uma crise de moradia e acessibilidade, ele está oferecendo uma alternativa ao que rotulou como o "socialismo autoritário" de Trudeau.>
Uma vitória o tornaria parte de uma onda de líderes populistas da direita que derrubaram governos em exercício no Ocidente.>
Embora isso tenha gerado comparações com Donald Trump — e ele tem fãs como Elon Musk e outros na órbita do presidente eleito dos EUA — a história de Poilievre é particularmente canadense.>
Poilievre nasceu na província de Alberta, no oeste do Canadá, filho de uma mãe de 16 anos que o entregou para adoção. Ele foi acolhido por dois professores, que o criaram no subúrbio de Calgary.>
"Sempre acreditei que a generosidade voluntária entre a família e a comunidade é a maior rede de segurança social que podemos ter", disse ele à Maclean's Magazine em 2022, refletindo sobre sua infância. "Esse é o meu ponto de partida.">
Quando adolescente, Poilievre demonstrou interesse precoce por política e fez campanha para conservadores locais.>
Poilievre estava estudando relações internacionais na Universidade de Calgary quando conheceu Stockwell Day, que serviu como chefe de gabinete do ex-primeiro-ministro conservador Stephen Harper.>
Na época, Day buscava a liderança da Aliança Canadense — um partido de direita com raízes em Alberta que se tornou parte dos conservadores modernos em uma fusão em 2003 — e ele chamou Poilievre para ajudar com a comunicação do campus.>
"Ele me impressionou desde o começo", Day disse à BBC em uma entrevista. "Ele parecia ser um cara equilibrado, mas cheio de energia e capaz de chamar a atenção das pessoas.">
A tentativa de liderança de Day foi bem-sucedida, e ele partiu para Ottawa com Poilievre como seu assistente. Algum tempo depois, Poilievre entrou em seu escritório em uma noite fria de inverno para pedir sua opinião sobre a possibilidade de concorrer a um cargo.>
Poilievre ganhou uma cadeira no Parlamento por Ottawa em 2004, aos 25 anos, tornando-se um dos conservadores eleitos mais jovens na época. Ele ocupa essa cadeira desde então.>
Em Ottawa, Poilievre recebeu o apelido de "Skippy" (uma famosa marca de manteiga de amendoim americana) de colegas e inimigos devido ao seu entusiasmo juvenil e língua afiada.>
Ele construiu uma reputação de ser "altamente combativo e partidário", disse Randy Besco, professor assistente de ciência política na Universidade de Toronto.>
Por trás das portas fechadas das reuniões do Partido Conservador, Poilievre mostrou seu lado diplomático, disse Day.>
"Pierre sempre foi bom em dizer: 'Ok, sabe de uma coisa? Eu não tinha pensado nisso', ou ele ouvia e dizia: 'Você já pensou nisso?'", disse Day.>
Ainda assim, a política de confronto se tornou a pedra angular da persona pública de Poilievre. Após se tornar líder conservador em 2022, ele atacaria Trudeau com comentários mordazes como uma forma de se conectar com eleitores descontentes.>
Isso o colocou em apuros às vezes. Em abril, ele foi expulso da Câmara dos Deputados por chamar o primeiro-ministro de "maluco".>
Poilievre disse ao Montreal Gazette em junho que ele é fã de uma "conversa franca".>
"Eu acho que quando a polidez está em conflito com a verdade, eu escolho a verdade", ele disse. "Eu acho que fomos educados demais por muito tempo com nossa classe política.">
Seu estilo combativo também tem sido divisivo, e ele tem sido criticado por simplificar demais questões complexas para ganho político.>
Enquanto os canadenses abriram-se à mensagem do líder da oposição como uma mudança da marca de política progressista de Trudeau, pouco mais da metade deles tem uma opinião desfavorável sobre ele, segundo as últimas pesquisas.>
Poilievre também teve que mudar sua visão desde o anúncio da renúncia de Trudeau, para se antecipar ao inevitável confronto entre ele e o próximo líder liberal.>
O líder conservador foi descrito como um populista "brando" por seus apelos diretos aos canadenses comuns e críticas às elites estabelecidas, incluindo o Canadá corporativo.>
Ele se manifestou em apoio àqueles que protestaram contra a obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19 em 2021, nas manifestações que ficaram conhecidas como "Freedom Convoy" e paralisaram Ottawa por semanas.>
Ele prometeu realizar "a maior repressão ao crime na história canadense", prometendo manter os reincidentes atrás das grades.>
Em questões sociais, Poilievre raramente se manifestou — algo que o professor Besco disse ser típico de conservadores mais experientes, que veem esses tópicos como "uma questão perdida".>
Embora Poilievre tenha votado contra a legalização da união homoafetiva no início dos anos 2000, ele disse recentemente que o casamento gay permanecerá legal e "ponto final" se ele for eleito.>
Os conservadores também não apoiam a legislação para regular o aborto, embora permitam que os parlamentares votem livremente sobre o assunto.>
"Eu lideraria um pequeno governo que cuidasse da própria vida", disse Poilievre em junho.>
Em meio a um debate público no Canadá nos últimos meses sobre imigração, o partido disse que vincularia os níveis de recém-chegados ao número de novas casas construídas e se concentraria em trazer trabalhadores qualificados.>
A esposa de Poilievre, Anaida, chegou ao Canadá como uma criança refugiada de Caracas, Venezuela.>
O líder conservador pressionou pela integração dos recém-chegados, dizendo que o Canadá não precisa ser uma "sociedade dividida".>
Uma de suas principais promessas — cortar o programa nacional de precificação de carbono de Trudeau, argumentando que é um fardo financeiro para as famílias — levantou questões sobre como seu governo lidaria com questões urgentes como as mudanças climáticas.>
O Canadá também enfrenta a ameaça de tarifas altas quando Trump assumir o cargo no final deste mês, com a relação EUA-Canadá esperada para ser um grande desafio.>
Poilievre rejeitou os comentários de Trump sugerindo que o Canadá se tornaria o 51º estado dos EUA, prometendo "colocar o Canadá em primeiro lugar".>
Ele não se aprofundou muito na política externa de outra forma, com sua mensagem focada em restaurar "o sonho canadense".>
Acima de tudo, Poilievre diz que quer acabar com a "grandiosidade" e o "wokesimo utópico" (em alusão ao woke, termo associado à justiça social e racial) que ele acredita ter definido a era Trudeau, em favor das "coisas que são grandiosas e ótimas sobre as pessoas comuns".>
"Eu tenho dito exatamente a mesma coisa esse tempo todo", ele disse a Peterson.>
>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta