Publicado em 4 de junho de 2025 às 05:39
Meio de pagamento que está crescendo de forma avassaladora no Brasil e chamando a atenção de outros países desde que foi lançado, no final de 2020, o Pix vai ganhar uma nova utilidade em 16 de junho: o Pix Automático.>
A função, gratuita para o pagador, permitirá programar pagamentos recorrentes.>
A modalidade promete facilitar pagamentos de serviços como contas de luz e gás, plataformas de streaming(transmissão digital de vídeo e áudio, sem necessidade de baixar conteúdo), mensalidades de academias de ginástica e escolas, entre outros — todos emitidos por pessoa jurídica (PJ).>
A função automática é diferente do Pix Agendado Recorrente, que já existe e tem um valor fixo. O Pix Automático pode ter valor fixo ou variável.>
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Além disso, enquanto no Pix Agendado Recorrente é o pagador quem inicia o processo e cadastra um pagamento a ser repetido por um período, no Pix Automático quem vai receber — uma PJ — é que oferece a opção.>
Como no Pix tradicional, para usar o Pix Automático é preciso ter uma chave Pix vinculada a alguma conta e usar a ferramenta através do aplicativo de uma instituição financeira.>
Em maio, o Brasil tinha mais de 854 milhões de chaves Pix ativas — incluindo tanto aquelas vinculadas a pessoas físicas, a maioria (95%), quanto jurídicas. >
Segundo uma projeção da fintech (empresa especializada em tecnologia financeira)EBANX, somente o Pix Automático deve movimentar pelo menos US$ 30 bilhões no comércio digital brasileiro nos próximos dois anos.>
O EBANX também estima que, daqui a dois anos, o Pix Automático vai representar 12% do volume anual financeiro movimentado em todas as modalidades de Pix no comércio digital.>
Em 2024, o Pix foi a forma de pagamento que mais cresceu no Brasil, com aumento de 52% no número de transações, segundo dados do BC (o levantamento não inclui operações com dinheiro vivo). >
No último trimestre do ano passado, quase metade das transações (47%) foram feitas com Pix no Brasil (novamente, sem incluir operações com dinheiro vivo).>
Afinal, em que tipo de pagamento o Pix Automático será vantajoso?>
O Banco Central (BC), que criou e administra o Pix, afirma que a nova função vai facilitar muitas transações que hoje são feitas com débito automático.>
Normalmente, para ativar, cancelar ou alterar a data do débito automático, é preciso entrar em contato com a empresa que emite o pagamento a ser feito e, às vezes, com o banco.>
Com o Pix Automático, a própria pessoa consegue gerenciar isso com mais autonomia no aplicativo do próprio banco — e em qualquer banco, sem necessidade de um convênio com certas instituições, como acontece no débito automático.>
Outra vantagem do Pix Automático é que ele pode ser ativado e pago a qualquer hora e dia.>
Hoje, outra possibilidade de fazer pagamentos recorrentes é por meio do cartão de crédito, que pode ser vinculado a alguma assinatura. >
Segundo o EBANX, o Pix Automático deve crescer justamente entre o percentual significativo da população brasileira que não tem cartão de crédito.>
A fintech calcula que os pagamentos recorrentes com cartão de crédito movimentam US$ 50 bilhões por ano no Brasil. >
A migração dessas pessoas para o Pix Automático deve ser responsável por US$ 2 bilhões no primeiro ano da nova modalidade de Pix.>
Ou seja, o EBANX projeta que não será a migração dos cartões de crédito a principal responsável por movimentar o Pix Automático. >
De acordo com uma pesquisa do Banco Central, em 2024, 51,6% dos brasileiros declararam usar cartão de crédito para pagar contas e fazer compras; 32,8% o débito automático; e 76,4% o Pix.>
"Quando o Pix foi lançado em 2020, teve um pilar muito forte de inclusão financeira — além da digitalização da economia e vários outros benefícios. Agora, a gente enxerga o Pix Automático como mais um reforço a essa inclusão, que vai permitir que pessoas comprem e assinem serviços que talvez só poderiam ter acesso se tivessem cartão de crédito", aponta Sebastian Fantini, diretor de Produto do EBANX.>
Fantini exemplifica que, com essa nova modalidade, plataformas de streaming, jogos eSaaS (Software como Serviço) podem aumentar o número de usuários no Brasil.>
E como deve ser o futuro do débito automático e do cartão de crédito para assinaturas após a chegada do Pix Automático?>
Para o diretor do EBANX — fintech que, aliás, participou de consultas públicas do BC para o desenvolvimento da modalidade automática —, a concorrência do Pix tende a provocar inovações e melhorias em outros meios de pagamento. >
"A gente vê muito que a adoção do Pix acaba elevando a régua da indústria de pagamentos como um todo", diz Fantini, exemplificando que após o Pix as empresas de cartões estão oferecendo plataformas mais fáceis de usar, programas de recompensas mais dinâmicos e etc.>
Essas vantagens oferecidas pelos cartões de créditos também ajudam a explicar por que a fintech não acredita que haverá uma migração massiva para o Pix Automático desses usuários que têm assinaturas vinculadas aos cartões.>
Já o futuro do débito automático parece mais incerto — ainda mais porque, segundo Fantini, esse método é mais "nichado", sendo hoje oferecido por grandes empresas que, geralmente, prestam serviços públicos.>
Isso porque o débito automático é um sistema de pagamento mais antigo, cuja complexidade operacional traz maiores custos.>
Fantini acredita que a expansão do Pix Automático vai ser impulsionada não só pelos usuários, mas também por empresas de todos tamanhos que queiram oferecê-lo, por conta de sua infraestrutura mais moderna e barata.>
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Se a pessoa jurídica (PJ) em questão aderir ao programa, o Pix Automático poderá ser ativado pelo pagador por meio de um código QR, do "Pix Copia e Cola" ou de uma notificação via aplicativo do banco. >
Ao se cadastrar na modalidade, é a PJ quem define a periodicidade do pagamento (semanal, mensal, trimestral...) e se o valor é fixo ou variável.>
A PJ e o pagador também definem de antemão qual vai ser, respectivamente, o valor mínimo a ser recebido e o valor máximo a ser debitado — o que é especialmente importante para cobranças variáveis, para o cliente não levar sustos.>
O pagador escolhe ainda se vai acionar ou não a linha de crédito, como o cheque especial, caso não haja saldo na conta. Nesse caso, aplica-se a cobrança de juros conforme as regras de cada instituição e do Banco Central. >
Mesmo tendo autorizado, o pagador recebe, antes da cobrança, um lembrete sobre o pagamento, a data e seu valor. >
Caso discorde de algo, pode cancelar a transação até 23h59 antes do dia da cobrança.>
Caso não haja fundos, o cobrador continuará tentando efetuar o pagamento dentro de sete dias corridos, no mesmo valor previsto originalmente. >
De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), se o pagamento não for efetuado nesse período, o agendamento é cancelado e o débito permanece em aberto — podendo acarretar em cobrança de juros e multas a depender das regras previstas no contrato.>
O BC prevê que uma pessoa acione o chamado Mecanismo Especial de Devolução (MED) para o Pix Automático em duas situações: em caso de golpe ou de erro do banco de quem está pagando (por exemplo, um pagamento cuja recorrência foi cancelada pelo usuário mas mesmo assim foi cobrada).>
Na avaliação da Febraban, o Pix Automático é "tão seguro quanto o Pix atual, pois seguem os mesmos mecanismos de segurança já implementados".>
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