> >
Promotores dos EUA pedem pena de morte para Luigi Mangione

Promotores dos EUA pedem pena de morte para Luigi Mangione

O CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson, foi morto a tiros do lado de fora de um hotel em Nova York em dezembro. Mangione foi preso uma semana depois após uma caçada nacional.

Publicado em 1 de abril de 2025 às 13:38

Ícone - Tempo de Leitura 5min de leitura
Imagem BBC Brasil
Luigi Mangione foi preso após ser alvo de uma caçada policial. (Reuters)

Promotores dos EUA pediram a pena de morte para Luigi Mangione, o homem de 26 anos acusado de matar o CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson.

A procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, disse em uma declaração na terça-feira (1/4) que havia orientado os promotores federais a buscar a pena pelo "assassinato premeditado e a sangue-frio".

Thompson foi morto a tiros do lado de fora de um hotel em Nova York em 4 de dezembro.

A polícia prendeu Mangione semanas depois na Pensilvânia após uma caçada nacional. Ele foi identificado por um funcionário de uma lanchonete McDonalds.

Mangione portava uma identidade com o nome Mark Rosario. A polícia diz que ele carregava também uma pistola de 9 milímetros, mesmo tipo de arma usada para matar Brian Thompson, e um documento em que estava escrito à mão a frase: "esses parasitas merecem o que receberam".

Ele se declarou inocente e aguarda julgamento em uma prisão federal de Nova York.

"O assassinato foi um ato de violência política", disse Bondi, acrescentando que o homicídio em local público de Thompson "pode ​​ter representado um grave risco de morte para outras pessoas".

Imagem BBC Brasil
Brian Thompson foi morto a tiros em Nova York em dezembro. (EPA)

Os investigadores dizem que Mangione foi motivado a matar o Thompson, de 50 anos, por raiva das empresas de seguro saúde dos EUA.

Mangione enfrenta 11 acusações criminais estaduais em Nova York, incluindo assassinato em primeiro grau e assassinato como crime de terrorismo.

Se condenado por todas as acusações, ele enfrentaria uma sentença obrigatória de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.

Os promotores federais também acusam separadamente Mangione pelo uso de arma de fogo para cometer assassinato e perseguição interestadual resultando em morte. Essas acusações o tornam elegível para a pena de morte.

Ele ainda não apresentou uma declaração sobre essas acusações.

Os promotores disseram que os casos federais e estaduais avançarão paralelamente.

Reações ao caso

Um fato que chama atenção desde que o caso se tornou público é a quantidade de pessoas comuns que têm demonstrado apoio a Mangione.

Presencialmente e na internet, centenas de milhares de pessoas passaram a justificar ou mesmo celebrar o assassinato de Brian Thompson.

"Em plataformas como TikTok ou Instagram, vimos aumento de 400% em hashtags como 'destrua os ricos' em reação a esse homicídio", diz Joel Finkelstein, pesquisador e fundador da Network Contagion Research Institute.

O instituto onde ele trabalha monitora a propagação de conteúdo de ódio, desinformação e fake news em plataformas de redes sociais e também em espaços físicos. Finkelstein conversou com o podcast The Mangione Trial, da BBC, sobre o julgamento.

Imagem BBC Brasil
Arte de rua em Seattle, EUA, retratando o personagem de videogame Luigi e um logotipo riscado da UnitedHealthcare, fazendo referência a Luigi Mangione. (Reuters)

"Havia grupos massificando o conteúdo dele, criando memes, mercadorias, vídeos gerados por inteligência artificial, objetificando-o sexualmente. A atividade e o apoio ao homicídio parecem ser incrivelmente amplos."

E o que explicaria essa mobilização toda? Os especialistas citam várias razões.

Primeiro, uma grande frustração da população com a indústria de seguros-saúde.

Muitos usuários de planos de saúde se queixam da burocracia e da dificuldade para conseguir a cobertura de tratamentos médicos.

"Estamos nos revoltando, e a maior parte do mundo também. Estamos cansados de seguradoras sendo corruptas e negando centenas de coberturas às pessoas", diz Gladys Sharpp, moradora de Long Island, no Estado de Nova York.

A mercantilização da saúde e a desigualdade de acesso a cuidados médicos são insatisfações que ecoam no mundo inteiro.

Um segundo ponto que explicaria o interesse em torno do caso é o crescente descontentamento com o poder econômico e político de grupos.

"Existe essa sensação de que, como millennial ou jovem, 'eu não tenho futuro', 'não vamos conseguir consertar as coisas'. Essa sensação de que não há nada que eu possa fazer realmente parece ser não apenas parte da motivação de Luigi, mas parte da fascinação dele para seus apoiadores", diz Finkelstein.

Outro fator que contribuiu para a popularidade de Mangione, segundo analistas, é sua beleza.

"[Existe uma] ideia de privilégio da beleza", diz Jordan Dunbar, apresentador do podcast da BBC sobre Mangione.

"Ele é um cara bem apessoado, e parece que isso ampliou ainda mais o apoio a ele."

Imagem BBC Brasil
Para especialista, Mangione ativa 'muitas coisas no imaginário coletivo'. (REPRODUÇÃO/LINKEDIN)

Julgamento comprometido?

Críticos dizem que a comoção em torno do caso pode beneficiar o réu, por potencialmente motivar jurados a absolver Mangione mesmo que existam provas contundentes contra ele.

Um financiamento coletivo aberto pelo próprio Mangione, para custear sua defesa, já arrecadou centenas de milhares de dólares.

Sobre Luigi Mangione, se sabe que ele vem de uma família influente da região de Baltimore, que fez fortuna no ramo imobiliário.

Ele se formou em uma universidade de elite, a Universidade da Pensilvânia. Mais tarde, viveu em uma comunidade de surfistas no Havaí e voltou de lá com uma dor crônica nas costas.

Não está claro até o momento se Luigi Mangione teve alguma disputa mal resolvida com seguradoras de saúde. Só o que se sabe é que na mochila dele havia uma espécie de manifesto chamando a United Healthcare de "poderosa demais" e acusando a empresa de lucrar em cima da população.

A família Mangione tem se mantido em silêncio sobre o caso.

O julgamento de Mangione é previsto para acontecer ainda em 2025.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais