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Por que oração de ministro israelense em local sagrado de Jerusalém causou indignação no Oriente Médio

Por que oração de ministro israelense em local sagrado de Jerusalém causou indignação no Oriente Médio

O ministro ultranacionalista Itamar Ben-Gvir orou no complexo da mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém, violando um acordo de décadas

Publicado em 3 de agosto de 2025 às 14:25

Imagem BBC Brasil
Ben-Gvir liderou orações judaicas no Monte do Templo, na Jerusalém Oriental ocupada Crédito: Reprodução/X/@itamarbengvir

O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, visitou neste domingo (3/8) a Esplanada das Mesquitas, complexo onde está localizada a mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém.

Na visita, ele orou no local, violando um acordo de décadas que regula um dos locais mais sensíveis do Oriente Médio.

Fotos e vídeos da visita mostram Ben-Gvir liderando orações judaicas no complexo, conhecido pelos judeus como Monte do Templo, na Jerusalém Oriental ocupada.

Orar no local viola um arranjo de longa data que permite a visita de judeus, mas não a realização de orações.

O gabinete do primeiro-ministro israelense divulgou um comunicado afirmando que não houve mudança na política de Israel em manter o acordo de status quo, que permite apenas o culto muçulmano no local.

Imagem BBC Brasil
Ben-Gvir liderou um grande grupo de colonos em uma marcha no complexo da Mesquita de Al-Aqsa Crédito: Jerusalem Islamic Waqf / Handout/Anadolu via Getty Images

A Jordânia, que é guardiã do local, classificou a mais recente visita de Ben-Gvir como "uma provocação inaceitável".

O grupo Hamas afirmou que se trata de "um aprofundamento das agressões contínuas contra nosso povo palestino", enquanto um porta-voz do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, disse que a visita "ultrapassou todos os limites".

O local é o mais sagrado para os judeus, por ter abrigado dois templos bíblicos. Para os muçulmanos, é o terceiro mais sagrado, por acreditarem que foi de lá que o profeta Maomé ascendeu aos céus.

Israel capturou o local da Jordânia durante a guerra do Oriente Médio de 1967. Pelo acordo de status quo, a Jordânia manteve seu papel histórico de guardiã do local, enquanto Israel assumiu o controle da segurança e do acesso.

Imagem BBC Brasil
A Jordânia é guardiã do local Crédito: Gazi Samad/Anadolu via Getty Images

Os palestinos acusam Israel de tomar medidas para enfraquecer esse arranjo e reclamam que, nos últimos anos, visitantes judeus têm sido vistos orando sem serem impedidos pela polícia israelense.

O Waqf, fundo islâmico que administra o local, afirmou que Ben-Gvir estava entre os mais de 1,2 mil judeus que subiram ao complexo na manhã de domingo.

Ben-Gvir, um ultranacionalista que, como ministro da Segurança Nacional, supervisiona a polícia, já havia visitado o local antes, mas, segundo o Times of Israel, essa foi a primeira vez que ele orou abertamente no complexo.

Ele foi escoltado por policiais durante a entrada e o percurso pelo local.

Em uma declaração no local, Ben-Gvir disse que os vídeos "horríveis" de reféns recentemente divulgados pelo Hamas, nos quais eles aparecem desnutridos, tinham o objetivo de pressionar Israel, e pediu o retorno dos reféns.

O ministro também voltou a defender que Israel ocupe toda a Faixa de Gaza e que incentive o que descreveu como "emigração voluntária" dos palestinos do território.

Especialistas afirmam que isso equivaleria a um deslocamento forçado de civis e poderia ser considerado um crime de guerra.

Ele foi sancionado pelo Reino Unido por "incitações repetidas à violência contra comunidades palestinas" na Cisjordânia ocupada.

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