Publicado em 19 de junho de 2025 às 05:39
Mesmo no auge dos invernos de 2023 e 2024, muitos brasileiros praticamente não sentiram frio.>
Mas tudo indica que esse cenário não deve se repetir agora em 2025. >
A estação deste ano, que começa nesta sexta-feira (20/6), tende a ser um tanto mais gélida — embora as temperaturas ainda possam ser superiores às médias históricas.>
Por trás dessa previsão, há o comportamento e a influência das águas do Oceano Pacífico(entenda mais a seguir), além de outros fenômenos que costumam se desenrolar no país nessa época do ano.>
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Saiba quais são as perspectivas para o inverno de 2025 no Brasil e se as ondas de frio registradas entre as últimas semanas de maio e as primeiras de junho podem se repetir, com direito a geadas e nevascas.>
Danielle Ferreira, do Instituto Nacional de Meteorologia (InMet), explica que, durante o inverno brasileiro, as chuvas tendem a se concentrar mais no noroeste da Região Norte, na parte leste do Nordeste e na Região Sul — ou seja, nos extremos do território nacional.>
"Com isso, a parte central do Brasil, que abrange o Centro-Oeste, o Sudeste e o sul da região amazônica tem uma escassez de chuvas durante o inverno e vive um período mais seco", acrescenta a meteorologista.>
"Isso acontece por causa da presença de massas de ar seco nessas áreas, que bloqueiam as frentes frias que vêm do sul", complementa ela.>
As previsões climatológicas apontam que o inverno de 2025 deve ficar dentro do que se espera para esse período do ano.>
E isso tem muito a ver com o comportamento das águas superficiais do Oceano Pacífico.>
"Estamos num momento de neutralidade, sem atuação do El Niño ou de La Niña", informa Ferreira.>
Quando ocorre o El Niño, as águas superficiais oceânicas próximas da Linha do Equador estão mais quentes que o normal em boa parte das Américas.>
Já com La Niña ocorre o contrário: as temperaturas ficam abaixo da média na região.>
E esse fenômeno modifica todo o padrão climatológico de várias partes do mundo, inclusive do Brasil.>
Em 2023 e 2024, o inverno no Hemisfério Sul teve a influência do El Niño, o que ajuda a entender porque praticamente não fez frio — e algumas regiões do país chegaram a sofrer até mesmo com ondas de calor durante alguns dias.>
Projeções publicadas por instituições como a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos e a Organização Meteorológica Mundial indicam que há uma grande probabilidade dessa condição de neutralidade do Pacífico (sem El Niño ou La Niña) permanecer até o início da primavera.>
"Essa neutralidade significa que não devemos ter um aquecimento ou um resfriamento anômalo, com temperaturas dentro do esperado para essa época", diz Ferreira.>
A especialista do InMet destaca que, pelo menos desde 2008, o Brasil enfrenta invernos cada vez mais quentes.>
Mas é provável que esse ano fuja um pouco dessa regra.>
"Posso dar até um exemplo de onde estou agora, em Brasília. Fazia dois anos que eu não me agasalhava do jeito que estou nos últimos dias", relata ela.>
Mesmo assim, a especialista chama a atenção para o efeito das mudanças climáticas no padrão de comportamento das estações do ano.>
"Essa persistência de temperaturas acima da média nos últimos anos tem influência do aquecimento global", observa a meteorologista.>
"As mudanças climáticas desestabilizam a atmosfera e geram eventos cada vez mais extremos, como ondas de calor, ondas de frio, secas prolongadas ou chuvas intensas que caem num curto período.">
"E isso pode acontecer associado a outros fenômenos naturais que ocorrem, como La Niña ou o El Niño, que exacerbam ainda mais esses episódios", complementa ela.>
Mas será que as temperaturas gélidas registradas em algumas partes do país nas últimas semanas podem se repetir durante os meses de inverno?>
"A gente não descarta a ocorrência dessas friagens", responde Ferreira.>
"As entradas de massas de ar frio podem acontecer no Brasil já a partir de abril. Com a chegada do outono, aumenta a incidência das incursões dessas massas.">
"Com isso, não é possível descartar decréscimos da temperatura, especialmente em regiões serranas, onde há a probabilidade de formação de geadas ou até mesmo de neve", pontua a especialista.>
Mas aqui é preciso fazer uma distinção importante entre as previsões de clima e de tempo.>
"Nós utilizamos modelos de previsão que contam com bilhões de fórmulas matemáticas e uma modelagem física para traçar os sistemas meteorológicos, que envolvem elementos como frentes frias, baixa pressão e alta pressão", detalha Ferreira.>
Essas ferramentas permitem fazer uma previsão do tempo confiável de, no máximo, sete dias.>
Portanto, não é possível saber com exatidão como será a temperatura ou o risco de geadas e nevascas em julho, agosto ou setembro.>
"Já a previsão climática depende de outros sistemas, como o comportamento dos oceanos, para determinar a tendência climática para os próximos três meses", diferencia a meteorologista.>
E é justamente esse sistema que permite entender um comportamento geral e as tendências para a temporada de inverno, por exemplo.>
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