Publicado em 8 de maio de 2025 às 15:21
VATICANO - Em seu primeiro discurso na Praça São Pedro, o papa Leão XIV destacou a busca pela paz. "Essa é a paz de Cristo ressuscitado, uma paz desarmada e desarmante", disse. Em meio às guerras na Ucrânia e em Gaza, pediu ajuda aos fiéis. "Nos ajude a construir pontes, com diálogo. Um único povo, sempre em paz."
O novo papa rezou a Ave Maria e agradeceu ao papa Francisco e aos cardeais que o elegeram. Sua primeira oração foi pela paz mundial.
"O mal não vai prevalecer, estamos todos nas mãos de deus", disse o novo papa Leão 14 na sacada da Basílica de São Pedro. "Vamos em frente, somos discípulos de Cristo. O mundo precisa de sua luz, a humanidade precisa dele. Ajudem também vocês, a construir pontes, com o dialogo, para sermos um só povo em paz."
Ele também agradeceu a seu antecessor, o papa Francisco, e disse que ser "filho de santo agostinho, agostiniano, que disse 'com vocês sou cristão, para vocês, bispo'".
Leão XIV também destacou o papel da "sinodalidade". Esse termo se refere a um movimento de maior escuta da Igreja, com participação de toda a comunidade, incluindo leigos, defendido e ampliado no papado de Francisco e que enfrentava resistência de parte de Igreja – que temiam descentralização. Foram nos sínodos que a Igreja tratou de alguns de seus principais tabus, como a ordenação de mulheres e o celibato de padres.
Em seminário realizado em Roma no ano passado, Prevost abriu o encontro chamando seus pares para a urgência de passar "do discurso à ação", ainda mais diante da emergência climática. "A nossa missão é tratá-lo (o planeta) como o seu criador o faz", disse. O então cardeal também criticou "ações tirânicas que beneficiam poucos".
Papa Leão XIV afirmou à multidão na Praça São Pedro que deseja que o seu primeiro discurso "entre em seus corações, alcance suas famílias e todas as pessoas, onde quer que estejam."
Ele também pediu aos fiéis "seguirem em frente, sem medo, unidos, de mãos dadas com Deus e uns com os outros".
O grupo de cardeais reunidos para o conclave na Capela Sistina escolheu nesta quinta-feira (8) o 267º papa da história, que vai suceder Francisco à frente do Vaticano. Era necessário um mínimo de dois terços dos 133 votantes para a escolha do novo líder da Igreja Católica, que tem cerca de 1,4 bilhão de fiéis pelo mundo.
O cardeal americano Robert Prevost, de 69 anos, é o novo papa. Ele escolheu o nome Leão XIV. Seu perfil é visto como equilibrado, com reputação por construir pontes entre conservadores e progressistas. Prevost nasceu em 1955 em Chicago, nos Estados Unidos, em uma família de origens europeias. Ele também tem nacionalidade peruana por ter vivido por quase duas décadas no país andino.
Nascido em 14 de setembro de 1955, em Chicago, Prevost ingressou no noviciado da Ordem de Santo Agostinho em 1977 e fez os votos perpétuos em 1981.
Formado em Matemática pela Universidade Villanova, tem mestrado em Teologia pelo Catholic Theological Union, em Chicago, e doutorado em Direito Canônico pelo Colégio Pontifício de Santo Tomás de Aquino, em Roma.
Ele é tido como mais progressista do que outros cardeais americanos – considerados conservadores e, em muitos casos, opostos a Francisco.
Em 1998, retornou do Peru aos EUA para chefiar a ordem agostiniana na sua cidade natal. Dois anos depois, envolveu-se em um escândalo por permitir que o padre James Ray, agostiniano como ele, morasse em um priorado em Chicago. Ray havia sido acusado de abuso sexual de crianças, e o priorado ficava próximo a uma escola. Leão 14 não notificou a escola.
No papado de Francisco, Prevost chefiou o Dicastério para os Bispos e a Comissão Pontifícia para a América Latina, um cargo importante que demonstra sua proximidade com o antecessor.
Segundo o canal peruano TV América, o novo papa arquivou denúncias contra dois sacerdotes por abuso sexual a três menores, quando era bispo em Chiclayo, no Peru. Três meninas teriam sido abusadas sexualmente quando eram crianças, numa casa paroquial.
Embora seja um país de maioria protestante, os Estados Unidos têm a quarta maior população católica do mundo, com 85,3 milhões de pessoas. Só ficam atrás do líder Brasil, do México e das Filipinas. Também são a segunda nação mais representada no Colégio Cardinalício, com 10 membros, ante 17 da Itália. Apesar desse peso relativo, nunca um cardeal americano havia sido colocado entre os nomes realmente mais fortes de um conclave, e os candidatos de agora corriam por fora.
Com informações da Folhapress
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