Publicado em 3 de setembro de 2025 às 06:25
O primeiro dia do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus por suposta tentativa de golpe de Estado ganhou destaque na imprensa internacional.>
O Washington Post — principal jornal da capital americana — destacou em seu título: "Juiz brasileiro abre julgamento de Bolsonaro com provocação a Trump", em referência ao presidente dos Estados Unidos.>
"O juiz Alexandre de Moraes, um dos principais alvos de Trump, não citou Trump ou os EUA, mas falou de uma tentativa de 'outro Estado estrangeiro' de interferir no processo", escreveu o jornal americano, destacando as falas do ministro sobre a soberania e a independência do Judiciário brasileiro.>
O Washington Post destacou que o julgamento acontece no "prédio modernista que foi danificado pelos apoiadores [de Bolsonaro] que invadiram a capital em 8 de janeiro de 2023, uma semana após a posse de Lula" e que esse evento "ecoou a tentativa de apoiadores de Trump de interferir na certificação da vitória do presidente Joe Biden em 2020, no Capitólio dos EUA, em 6 de janeiro de 2021".>
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A agência de notícias Reuters também destacou as falas de Moraes que fazem referência indireta aos EUA.>
"Supremo Tribunal Federal rejeita pressão de Trump enquanto julgamento de golpe de Bolsonaro se aproxima do veredito", diz a agência.>
"A fase final do julgamento histórico do ex-presidente Jair Bolsonaro pela Suprema Corte, acusado de planejar um golpe, começou na terça-feira, quando o juiz principal considerou o caso uma defesa da democracia diante dos ataques do presidente dos EUA, Donald Trump", afirma a agência.>
O jornal americano New York Times destacou a ausência de Bolsonaro em seu próprio julgamento.>
"Ele não compareceu ao tribunal devido a problemas de saúde, informou sua equipe de defesa a repórteres do lado de fora do tribunal", disse o New York Times, afirmando que pessoas próximas ao ex-presidente relataram que "Bolsonaro vinha sofrendo de soluços debilitantes, que o ex-presidente atribui a complicações de um ataque a faca durante a campanha eleitoral em 2018".>
O New York Times também destaca que "a maioria dos analistas, apontando para um conjunto de evidências, espera que a maioria dos cinco membros do painel do Supremo Tribunal condene Bolsonaro".>
O jornal afirma ainda que no Brasil, "que viveu uma ditadura militar brutal de 1964 a 1985, o processo criminal de um presidente e seus poderosos aliados militares é visto por muitos como uma vitória da democracia".>
"Mas o julgamento também desencadeou uma crise diplomática entre as duas nações mais populosas do Hemisfério Ocidental, já que o presidente Trump ajudou Bolsonaro, seu aliado político, e tentou intimidar o Brasil a desistir do caso.">
O New York Times também destacou as falas de Moraes sobre soberania.>
"Durante o discurso de abertura de terça-feira, Moraes condenou os esforços de Bolsonaro e seu filho [Eduardo] para buscar a intervenção de Trump, chamando suas ações de covardes e traiçoeiras.">
O jornal espanhol El País destacou um artigo de sua colaboradora, a jornalista brasileira Eliane Brum, intitulado "O processo que muda o Brasil".>
"Várias gerações morreram antes de ver um militar de alta patente responder por seus crimes perante a justiça civil", afirma o artigo.>
"Embora os desafios sejam imensos, com a extrema direita se fortalecendo e o Brasil permanecendo um país brutalmente desigual, é preciso dar a devida dimensão ao que este momento representa. A democracia demonstrou que nenhum criminoso, mesmo fardado, mesmo com quatro estrelas no peito, ficará impune no Brasil.">
O artigo também destaca que apesar de haver muito foco sobre a possível condenação de Bolsonaro "o mais importante é o julgamento dos generais".>
"Terminou ontem o capítulo da impunidade militar, que é imenso em termos históricos, mas é evidente que a disputa dos dias atuais continuará sendo dura, violenta e desigual.">
O jornal argentino La Nacion destacou em seu título "a dura acusação" do Procurador-Geral da República, Paulo Gonet.>
"Gonet declarou na terça-feira que Jair Bolsonaro e seus aliados conspiraram para derrubar a democracia brasileira para permanecer no poder, no início da fase de veredito do julgamento do ex-presidente", disse o La Nacion.>
"Especialistas classificaram o julgamento de Bolsonaro como 'histórico' e observaram que é a primeira vez que altos funcionários acusados de uma tentativa de golpe são submetidos a um julgamento criminal", afirma o jornal argentino.>
"Uma ditadura militar governou o Brasil entre 1964 e 1985, uma era pela qual Bolsonaro expressa nostalgia. O governo aprovou uma abrangente Lei de Anistia em 1979, e o Brasil nunca processou nenhum dos militares responsáveis por violações generalizadas de direitos humanos durante esse período.">
O jornal britânico Guardian destacou que "o Brasil sofreu mais de uma dúzia de tentativas de golpe de Estado desde 1889, quando se tornou uma república após a deposição de seu último imperador, D. Pedro 2º".>
"A última tomada de poder bem-sucedida ocorreu em 1964, quando generais apoiados pelos EUA depuseram o então presidente, João Goulart, supostamente para frustrar uma ameaça comunista, inaugurando 21 anos de um regime militar brutal.">
O Guardian também destaca que pode haver protestos no 7 de setembro em apoio a Bolsonaro.>
"No domingo — dia da Independência do Brasil — os apoiadores de Bolsonaro devem fazer uma demonstração de força, reunindo-se nas principais cidades para exigir sua absolvição", diz o jornal britânico.>
"A segurança foi reforçada em torno do Supremo Tribunal Federal, do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional para evitar uma repetição do levante de 8 de janeiro, quando os três prédios foram saqueados por apoiadores de Bolsonaro.">
O jornal também cita o ex-embaixador americano Thomas Shannon, que esteve em Brasília entre 2010 e 2013, que diz que Trump está "enganado se acredita que pode ajudar Bolsonaro a escapar da punição e voltar ao poder — assim como Trump fez no ano passado". Segundo o ex-embaixador, as medidas de Trump contra o Brasil estão tendo o efeito contrário — de fortalecer Lula e enfraquecer Bolsonaro.>
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