Publicado em 25 de março de 2025 às 16:44
Um japonês que passou quase 50 anos no corredor da morte por uma condenação de assassinato será indenizado em 217 milhões de ienes (R$ 8,25 milhões), no que seus advogados dizem ser o maior pagamento do país já feito em um caso criminal na história do país.>
Iwao Hakamata, 89 de anos, foi considerado culpado em 1968 de matar seu chefe, a esposa de seu chefe e os dois filhos, mas foi absolvido no ano passado após um novo julgamento.>
Os advogados de Hakamata buscaram a maior indenização possível, argumentando que os 47 anos de detenção o tornaram o condenado à morte que passou mais tempo à espera da execução no mundo e afetaram sua saúde mental.>
O juiz Kunii Koshi concordou que ele teve prejuízos físicos e mentais "extremamente graves". O governo japonês pagará a indenização a Hakamata.>
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O caso é uma das sagas legais mais longas e famosas do Japão.>
Ele recebeu um raro novo julgamento e foi libertado da prisão em 2014, em meio a suspeitas de que os investigadores podem ter plantado evidências que levaram à sua condenação.>
Em setembro passado, centenas de pessoas se reuniram em um tribunal em Shizuoka, uma cidade na costa sul do Japão, onde um juiz decidiu pela absolvição, sob altos aplausos e banzais, ou "vivas" em japonês.>
Hakamata, no entanto, não estava apto a comparecer à audiência. Ele foi dispensado de todas as audiências anteriores por causa de seu estado mental.>
Ele vivia sob os cuidados de sua irmã Hideko, de 91 anos, desde que recebeu um novo julgamento e foi libertado. Hideko lutou por décadas para limpar o nome de seu irmão.>
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Hakamata estava trabalhando em uma fábrica de processamento de miso em 1966 quando os corpos de seu chefe, da esposa de seu chefe e dos dois filhos foram recuperados de um incêndio em sua casa em Shizuoka, a oeste de Tóquio. Todos os quatro foram esfaqueados até a morte.>
As autoridades acusaram Hakamata de assassinar a família, atear fogo em sua casa e roubar 200 mil ienes em dinheiro.>
Hakamata inicialmente negou ter feito isso, mas depois deu o que ele descreveu como uma confissão forçada, após espancamentos e interrogatórios que duravam até 12 horas por dia. Em 1968, ele foi condenado à morte.>
Durante anos, os advogados de Hakamata argumentaram que o DNA recuperado das roupas das vítimas não correspondia ao dele e alegaram que as evidências foram plantadas.>
Embora ele tenha obtido um novo julgamento em 2014, os procedimentos legais prolongados fizeram com que o novo julgamento demorasse até outubro passado para começar.>
O caso levantou questões sobre o sistema de justiça do Japão, incluindo o tempo levado para um novo julgamento e as alegações de confissões forçadas.>
Com reportagem de Chika Nakayama, Gavin Butler e Shaimaa Khalil>
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