Publicado em 10 de junho de 2025 às 08:39
O esforço de Winston Churchill para obter penicilina a tempo de tratar as esperadas vítimas do chamado Dia D — considerado decisivo para o fim da Segunda Guerra Mundial — veio à tona em documentos aos quais a BBC News teve acesso.>
Documentos oficiais descobertos pelos Arquivos Nacionais do Reino Unido revelam a frustração e a preocupação do então primeiro-ministro britânico com o lento progresso na obtenção de suprimentos do que, na época, era visto como uma nova "droga milagrosa".>
Os documentos foram apresentados à BBC antes do aniversário do Dia D — o desembarque das tropas aliadas nas praias da Normandia, no norte da França, então ocupada pelos nazistas, em 6 de junho de 1944.>
Mesmo meses após o Dia D, o primeiro-ministro em tempos de guerra considerou os esforços "muito decepcionantes", e lamentou o fato de os EUA estarem "tão à frente", apesar de a droga ser uma "descoberta britânica".>
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A penicilina foi descoberta em Londres pelo professor Alexander Fleming em 1928. Apesar das tentativas de produzir um medicamento utilizável a partir do mofo que mata bactérias, isso não havia sido alcançado até o início da Segunda Guerra Mundial.>
Mas uma equipe de cientistas da Universidade de Oxford, liderada por Howard Florey, realizou os primeiros testes bem-sucedidos. >
Como a produção em larga escala era difícil no Reino Unido, eles levaram sua pesquisa para os EUA, onde as empresas farmacêuticas expandiram a produção.>
Antes do desenvolvimento da penicilina, a septicemia podia ocorrer mesmo após ferimentos leves, sem que houvesse cura disponível. >
Assim, diante da expectativa do grande esforço militar que estava por vir, os suprimentos do medicamento eram considerados essenciais.>
No início de 1944, o primeiro-ministro estava reclamando com seus ministros sobre a incapacidade da Grã-Bretanha de produzir penicilina em escala. >
Ele rabiscou em caneta vermelha o relatório do Ministério do Abastecimento que dizia que os americanos estavam produzindo maiores quantidades: "Sinto muito por não podermos produzir mais".>
No fim do ano, em resposta às explicações oficiais, ele disse: "Seu relatório sobre a penicilina, que mostra que só teremos cerca de um décimo da produção esperada para este ano, é muito decepcionante".>
Em outro relatório, ele instrui: "Quero propostas para um fornecimento mais abundante da Grã-Bretanha".>
Menos de quinze dias antes do Dia D, as autoridades de saúde informaram que haviam sido obtidos suprimentos suficientes, a maioria dos EUA, mas apenas para as vítimas de batalha.>
"Os arquivos dão uma ideia dos níveis extraordinários de preparação realizados antes do desembarque do Dia D", disse Jessamy Carlson, especialista em registros modernos dos Arquivos Nacionais.>
"Apenas seis semanas antes, a penicilina estava chegando às nossas costas em quantidades que permitiriam que desempenhasse um papel importante na melhoria dos prognósticos para os militares feridos em combate.">
Mas o que agora é visto como o primeiro antibiótico de verdade não estaria totalmente disponível ao público em geral até 1946.>
Um telegrama nos mesmos arquivos mostra um médico da Cornualha, que estava tratando uma criança de 10 anos em 1944, implorando às autoridades pelo medicamento: "Não há esperança sem penicilina".>
O pedido foi rejeitado, uma vez que os suprimentos estariam disponíveis apenas para uso militar.>
Como os antibióticos agora fazem parte da vida cotidiana (e, como alguns argumentam, estão sendo usados em excesso), os documentos aos quais a BBC teve acesso lançam uma nova luz sobre os esforços urgentes de Churchill e outros para garantir a quantidade suficiente de um destes medicamentos pela primeira vez, para salvar vidas durante a luta para libertar o norte da Europa.>
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