Publicado em 4 de maio de 2025 às 11:39
"Disseram-me que eu tinha um vírus sem cura e que tinha entre três e nove meses de vida.">
O ativista sobre HIV Jonathan Blake acredita ter sido uma das primeiras pessoas, senão a primeira, a ser diagnosticada na Grã-Bretanha com o vírus da imunodeficiência humana, conhecido como HIV, aos 33 anos.>
"Fui diagnosticado em outubro de 1982 no Hospital Middlesex [Londres]. Foi incrivelmente tortuoso.">
Ele foi diagnosticado tão cedo na epidemia de Aids no Reino Unido que foi nomeado Paciente L1 no hospital, e sua história foi apresentada no filme Pride, de 2014.>
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Relembrando os primeiros dias do diagnóstico, ele disse à BBC: "Cada linfonodo do meu corpo tinha acabado de entrar em erupção".>
Após passar por exames no hospital, ele foi internado em uma enfermaria por dois dias.>
Jonathan, que agora tem 76 anos, disse que os médicos lhe disseram que ele receberia "cuidados paliativos quando chegasse a hora".>
Ele conta que pensou: "Tenho 33 anos, será que realmente quero ouvir falar de cuidados paliativos?">
"Tenho convivido com esse vírus e, literalmente, tentado viver cada dia. Nunca pensei que teria uma vida, ela sempre esteve lá.">
O HIV é um vírus que danifica as células do sistema imunológico e enfraquece a capacidade de combater infecções e doenças do dia a dia.>
A Aids (síndrome da imunodeficiência adquirida) ocorre quando uma série de infecções e doenças potencialmente fatais ocorrem quando o sistema imunológico foi gravemente danificado pelo vírus HIV.>
Embora a Aids não possa ser transmitida de uma pessoa para outra, o vírus HIV pode.>
"Foi só em 2015, quando anunciaram pela primeira vez 'I = I', 'Indetectável = Intransmissível', que eu deixei de ser esse tipo de leproso — que eu tinha esse sangue envenenado, que eu podia infectar qualquer pessoa", disse Jonathan.>
O termo significa que, se alguém tem carga viral indetectável, não pode transmitir o HIV sexualmente a outras pessoas.>
A instituição de caridade britânica Terrence Higgins Trust relata que, em 1999, 33 milhões de pessoas viviam com HIV em todo o mundo, enquanto o Relatório Mundial da Saúde listou a Aids como a quarta maior causa de morte no mundo, cerca de 20 anos após o início da epidemia.>
De acordo com o National Aids Trust, 2023 foi o ano com o maior número de pessoas recebendo tratamento para HIV, com 107.949 pessoas tratadas — um aumento de 27% nos últimos 10 anos.>
Jonathan disse: "O HIV é uma epidemia esquecida. Nunca se fala sobre ele e é muito importante. Muito disso tem a ver com o estigma.">
"Eu estava tomando medicamentos eficazes, porque temos um NHS [sistema público de saúde no Reino Unido] incrível. Tenho muita sorte de ter tido acesso à medicação.">
"O mais importante a fazer é saber seu status, ser corajoso e fazer o teste. Os desenvolvimentos que estão acontecendo são extraordinários — mesmo que não haja cura", continuou ele. "Eu sou a prova viva disso.">
Jonathan participou do lançamento, neste ano, do relatório Getting to zero by 2030: HIV in London (ou "Chegando a zero até 2030: HIV em Londres"), no local do futuro Memorial do HIV/Aids, que está planejado para ser instalado em Fitzrovia, na área central da capital inglesa.>
Em 2018, o prefeito de Londres, os Conselhos de Londres, a Saúde Pública da Inglaterra e o NHS England assinaram a Declaração das Cidades Aceleradas para atingir zero novas infecções por HIV, zero estigma relacionado ao HIV e zero mortes relacionadas ao HIV até 2030.>
O relatório, elaborado pelo Comitê de Saúde da Assembleia de Londres, constatou que, apesar do progresso nas atitudes em relação ao HIV, o estigma relacionado ao HIV permaneceu prevalente em Londres e no Reino Unido.>
Londres historicamente teve, e continua a ter, taxas de HIV mais altas do que o restante do país.>
No entanto, a Assembleia de Londres afirmou que a cidade estava liderando o caminho global para acabar com novos casos de HIV e era vista como um exemplo internacional de destaque por meio de seus programas de prevenção e tratamento do HIV.>
O presidente do Comitê de Saúde da Assembleia de Londres, Krupesh Hirani, afirmou que Londres estava "muito longe" de atingir sua meta de 2030.>
"Após muitos anos de declínio anual nos novos casos de HIV, houve um aumento nos casos em Londres e na Inglaterra desde 2020. Gostaríamos que o prefeito tomasse novas medidas", disse ele.>
Um porta-voz do prefeito disse que Sadiq Khan responderia ao relatório da Assembleia em breve.>
Eles acrescentaram: "O atual governo se comprometeu a comissionar um novo plano de ação para o HIV e o prefeito espera trabalhar em estreita colaboração com os ministros para ajudar a erradicar os casos de HIV até 2030, enquanto construímos uma Londres mais justa e saudável para todos.">
Em dezembro de 2023, a prefeitura anunciou um financiamento de 130 mil libras (cerca de R$ 975 mil) da Comissão para a Diversidade na Esfera Pública para a construção de um memorial permanente ao HIV e à Aids em Londres.>
A Aids Memory UK, que está por trás do projeto, afirmou que o memorial seria inaugurado no final de 2027 e que a obra de arte teria a forma de uma árvore derrubada.>
A embaixadora do Aids Memorial UK, Mzz Kimberley, também conhecida como Kim Tatum, disse: "O memorial será um lugar onde as pessoas poderão refletir, se educar, sentir paz e conversar com outras pessoas.>
"Este memorial significará que todos que perderam suas vidas tiveram significado. É uma homenagem a todas as pessoas ao redor do mundo que perderam suas vidas ou às injustiças que a sociedade lhes impôs.">
O memorial significa muito para Jonathan, que disse que ajudaria a "criar uma comunidade" e que tem "muito orgulho de fazer parte desta comunidade com HIV".>
"Perdi muitos amigos — alguns muito, muito cedo, mas outros mais recentemente, e ainda dói.">
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