Publicado em 15 de janeiro de 2025 às 15:45
Israel e Hamas fecharam um acordo de cessar-fogo e para a libertação de reféns em poder do grupo palestino, disse uma fonte próxima das negociações à BBC News.>
A fonte afirmou que o acordo foi fechado após a reunião do primeiro-ministro do Catar com negociadores do Hamas e, separadamente, negociadores israelenses. >
O entendimento visa paralisar a guerra em Gaza que já dura 15 meses e faz parte do longo conflito entre Israel e o povo palestino, que é uma das disputas mais longas e violentas do mundo. Suas origens remontam há mais de um século.>
Houve uma série de guerras entre Israel e nações árabes. Revoltas - chamadas intifadas - contra a ocupação israelense, e represálias e ataques por Israel também ocorreram.>
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As consequências da disputa histórica sobre questões como terra, fronteiras e direitos continuam sendo sentidas. Entenda.>
O Reino Unido assumiu o controle da área conhecida como Palestina na Primeira Guerra Mundial, após a derrota do Império Otomano, que havia governado aquela parte do Oriente Médio.>
Uma maioria árabe e uma minoria judeus viviam na região, assim como outros grupos étnicos.>
As tensões entre as populações judaica e árabe se aprofundaram quando o Reino Unido concordou em princípio com o estabelecimento de uma "nação" na Palestina para o povo judeu, apesar de dizerem que os direitos dos árabes palestinos que já viviam lá tinham que ser protegidos.>
Os judeus tinham laços históricos com a terra, mas os árabes palestinos também tinham uma reivindicação que remontava há séculos e se opunham à mudança.>
Entre as décadas de 1920 e 1940, o número de judeus chegando cresceu, com muitos fugindo da perseguição na Europa.>
O genocídio de seis milhões de judeus durante o Holocausto deu urgência adicional às demandas por um refúgio seguro.>
A população judaica chegou a 630 mil, pouco mais de 30% da população, em 1947.>
Em 1947, em um cenário de crescente violência entre judeus e árabes - e contra o domínio britânico - a Organização das Nações Unidas (ONU) votou para que a Palestina fosse dividida em estados judeus e árabes separados. Jerusalém se tornaria uma cidade internacional.>
Nenhuma nação árabe apoiou isso. Eles argumentaram que o plano daria aos judeus mais terras, embora sua população fosse menor.>
O Reino Unido se absteve. O país decidiu se retirar e entregar o problema à ONU em 14 de maio de 1948.>
Os líderes judeus na Palestina declararam um estado independente conhecido como Israel horas antes do fim do domínio britânico. Israel foi reconhecido pela ONU no ano seguinte.>
No dia seguinte à declaração de independência de Israel, o país foi atacado e cercado pelos exércitos de cinco nações árabes.>
O conflito ficou conhecido em Israel como sua guerra de independência.>
Quando a luta terminou com um armistício em 1949, Israel controlava a maior parte do território.>
Os acordos deixaram o Egito ocupando a Faixa de Gaza, a Jordânia ocupando a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, e Israel ocupando Jerusalém Ocidental.>
Cerca de 750 mil palestinos fugiram ou foram forçados a deixar suas casas em terras que se tornaram Israel, formando um grupo enorme de refugiados.>
O evento é conhecido em árabe como Nakba (Catástrofe).>
Nos anos que se seguiram, centenas de milhares de judeus deixaram ou foram expulsos de países de maioria muçulmana no Oriente Médio e Norte da África, muitos deles indo para Israel.>
O conflito que ficou conhecido como Guerra dos Seis Dias mudou as fronteiras no Oriente Médio e teve grandes consequências para os palestinos.>
A guerra foi uma luta de Israel contra o Egito, a Síria e a Jordânia.>
Começou quando Israel lançou um ataque à força aérea egípcia após uma escala de tensões. >
Quando a luta terminou, Israel havia capturado e ocupado a Península do Sinai e Gaza do Egito; a maior parte das Colinas de Golã da Síria; e Jerusalém Oriental e a Cisjordânia da Jordânia.>
Cerca de um milhão de palestinos na Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental ficaram sob o controle de Israel.>
A ocupação israelense dessas áreas continua até hoje. >
Israel assinou um tratado de paz com o Egito em 1979 e devolveu o Sinai.>
Anexou Jerusalém Oriental e as Colinas de Golã, tornando-as parte de Israel, embora isso não tenha sido reconhecido pela maioria da comunidade internacional.>
A Cisjordânia - terra entre Israel e o Rio Jordão - é o lar de cerca de três milhões de palestinos.>
Junto com Jerusalém Oriental e Gaza, faz parte do que é amplamente conhecido como territórios palestinos ocupados.>
Além da ocupação militar, assentamentos ilegais israelenses foram tomando cada vez mais terras dos palestinos. >
Os palestinos sempre se opuseram à presença de Israel nessas áreas e querem que elas façam parte de um Estado independente, algo apoiado pela vasta maioria da comunidade internacional.>
Israel ainda tem o controle geral da Cisjordânia, mas desde a década de 1990, um governo palestino - conhecido como Autoridade Palestina - administra a maioria de suas cidades.>
Existem cerca de 150 assentamentos israelenses, abrigando cerca de 700 mil judeus, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.>
Os palestinos querem que todos os assentamentos israelenses, ilegais pela lei internacional, sejam removidos.>
No entanto, o governo de Israel contesta. Ele diz que os maiores assentamentos são permanentes e estão "enraizados em seus direitos históricos.">
O atual governo israelense não reconhece o direito dos palestinos de ter seu próprio Estado e argumenta que a Cisjordânia é parte da pátria israelense.>
O governo israelense anunciou planos para expandir os assentamentos após chegar ao poder em 2022. Ele diz que a criação de um estado palestino seria uma ameaça à segurança israelense.>
Em julho de 2024, o tribunal superior da ONU, o Tribunal Internacional de Justiça (CIJ), disse que a presença contínua de Israel nos territórios palestinos ocupados é ilegal. >
A Corte disse que Israel deveria retirar todos os colonos e que estava violando acordos internacionais sobre racismo e apartheid.>
Tanto Israel e quanto os palestinos reivindicam Jerusalém como sua capital.>
Israel, que já controlava Jerusalém Ocidental, ocupou Jerusalém Oriental na guerra de 1967 e mais tarde declarou a cidade inteira como sua capital permanente. O país diz que Jerusalém não pode ser dividida.>
Os palestinos reivindicam Jerusalém Oriental como a capital de um futuro Estado palestino.>
A maioria da população de Jerusalém Oriental é palestina, apenas uma pequena minoria escolheram se tornar cidadãos israelenses.>
Locais considerados sagrados por diferentes religiões em Jerusalém estão no centro do conflito palestino-israelense. >
O local mais sagrado - conhecido pelos muçulmanos como complexo da Mesquita de Al Aqsa, ou Haram al-Sharif (Santuário Nobre), e pelos judeus como Monte do Templo - fica em Jerusalém Oriental.>
A ONU e a maioria dos países consideram Jerusalém Oriental como território palestino ocupada por Israel.>
A Faixa de Gaza é um território palestino cercado por Israel, pelo Egito e pelo Mar Mediterrâneo. Tem 41 km de comprimento e 10 km de largura.>
Com cerca de 2,3 milhões de pessoas, é um dos lugares mais densamente povoados da Terra.>
Mesmo antes da guerra atual entre Israel e Hamas, Gaza tinha uma das maiores taxas de desemprego do mundo. Muitas pessoas viviam abaixo da linha da pobreza e dependiam de ajuda alimentar para sobreviver.>
Os limites de Gaza foram traçados como resultado da guerra do Oriente Médio de 1948, quando a faixa foi ocupada pelo Egito.>
O Egito foi expulso de Gaza na guerra de 1967 e a faixa foi ocupada por Israel, que construiu assentamentos e colocou a população palestina de Gaza sob o domínio de um regime militar.>
Em 2005, Israel retirou unilateralmente suas tropas e colonos de Gaza, embora tenha mantido o controle de sua fronteira compartilhada, espaço aéreo e litoral, dando-lhe controle, na prática, do movimento de pessoas e bens.>
A ONU ainda considera Gaza como território ocupado por Israel devido ao nível de controle que Israel tem.>
O Hamas venceu as eleições palestinas em 2006 e expulsou seus rivais do território após intensos combates no ano seguinte.>
Israel e Egito impuseram um bloqueio em resposta, com Israel controlando a maior parte da entrada de pessoas e bens no território.>
Nos anos que se seguiram, o Hamas e Israel lutaram em vários conflitos importantes - incluindo em 2008, 2012 e 2014. >
O último grande conflito entre os dois lados foi em maio de 2021, que terminou em um cessar-fogo após 11 dias.>
Cada rodada de combates viu pessoas mortas em ambos os lados, com a grande maioria delas sendo palestinos em Gaza.>
Em 7 de outubro de 2023, os combatentes do Hamas lançaram um ataque de Gaza, matando cerca de 1.200 pessoas em Israel e fazendo mais de 250 reféns.>
Isso desencadeou uma ofensiva militar israelense massiva em Gaza. >
Mais de 46 mil pessoas foram mortas, a maioria delas mulheres e crianças, de acordo com o ministério da saúde administrado pelo Hamas.>
Pouco antes do conflito completar um ano, agências humanitárias da ONU assinaram uma declaração exigindo o fim do "terrível sofrimento humano e catástrofe humanitária em Gaza".>
Em maio de 2024, 143 dos 193 membros da Assembleia Geral das Nações Unidas votaram a favor de uma candidatura palestina para a filiação plena à ONU, algo que está aberto apenas a Estados. >
Conhecido como Estado da Palestina na ONU, o país tem um status oficial de "Estado Observador Permanente", o que lhe dá um assento, mas não um voto.>
Alguns países europeus, juntamente com os EUA, não reconhecem um estado palestino e dizem que só o farão como parte de uma solução política de longo prazo para o conflito no Oriente Médio.>
No Reino Unido, os parlamentares votaram a favor do reconhecimento em 2014, mas o governo se recusou a reconhecer o país.>
"O Reino Unido reconhecerá um estado palestino no momento de nossa escolha e quando melhor servir ao objetivo da paz", disse o governo em 2021, na época dominado pelo partido conservador. >
O atual governo de Israel alega que tem um "direito histórico" à Cisjordânia e se opõe a um estado palestino independente, dizendo que isso representaria uma "ameaça inaceitável".>
Embora não tenha uma embaixada oficial nos territórios palestinos, o Brasil reconhece o Estado Palestino desde 2010 com as fronteiras anteriores à guerra de 1967. O país tem um escritório de representação em Ramalá, na Cisjordânia. >
O Brasil patrocinou e votou a favor da moção para o reconhecimento do Estado Palestino na ONU em maio de 2024. >
Há cerca de 5,9 milhões de palestinos registrados pela ONU como refugiados.>
Há descendentes dos palestinos que fugiram ou foram forçados a deixar suas casas em terras que se tornaram Israel na guerra de 1948 e refugiados sobreviventes de guerras subsequentes.>
A maioria vive na Jordânia, na Faixa de Gaza, na Cisjordânia, na Síria e no Líbano.>
Os palestinos insistem no direito dos refugiados de retornar, mas Israel se recusa a permitir isso. O país critica a agência de refugiados palestinos da ONU, a Unrwa, por permitir que o status de refugiado seja herdado por gerações sucessivas.>
A "solução de dois estados" é um caminho apoiado internacionalmente como solução para a paz entre Israel e os palestinos.>
Ela propõe um Estado palestino independente na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, com Jerusalém Oriental como sua capital. Israel continuaria existindo e poderia manter sua capital em Jerusalém Ocidental.>
Israel rejeita uma solução de dois estados. O país diz que qualquer acordo final deve ser o resultado de negociações com os palestinos, e a criação de um Estado não deve ser uma pré-condição.>
A Autoridade Palestina apoia uma solução de dois estados, mas o Hamas não - o grupo se opõe à existência de Israel.>
O Hamas diz que poderia aceitar um estado palestino provisório com base nas fronteiras de 1967, sem reconhecer oficialmente Israel, se os refugiados tivessem o direito de retornar.>
Os esforços anteriores para resolver o conflito quase tiveram sucesso quando Israel e os líderes palestinos assinarem um acordo chamado Acordos de Paz de Oslo, em 1993, com intermediação dos EUA.>
A intenção de fornecer uma estrutura para negociações de paz. >
No entanto, as negociações acabaram fracassando e nunca mais voltaram ao mesmo patamar após o primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin ser assassinado por radicais de direita israelenses em 1995. >
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